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'Se algo sair errado, vão nos pendurar no Obelisco'

20/10/2016 21h18

Rebaixado pela primeira e única vez em 2011, o River Plate contou com ajudas importantes nos bastidores para evitar a queda naquele ano. Em entrevista ao jornal "Clarín", dois personagens ligados aos confrontos da Promoción (repescagem) contaram que foram pressionados pelo governo da presidente Cristina Kirchner e pela AFA (Associação de Futebol Argentino).

O descenso se confirmaria com uma derrota do River Plate para o Belgrano por 2 a 0, em Córdoba, e um empate diante do Pirata Cordobês por 1 a 1, no Monumental de Núñez.

- Julio Grondona (então presidente da AFA e morto em 2014) e o governo federal me pressionaram para que o River não fosse rebaixado. No dia 23 de junho, assim que o River perdeu a primeira partida, Grondona me chamou de forma imediata e informou que, se o River caísse, haveria atos de violência em todo país. Ele, em contato diário com a presidente, classificava como "um escândalo" o possível rebaixamento do clube - revelou Guillermo Marconi, presidente do Sindicato de Árbitros.

A partir do encontro com Grondona, ficou decidido que Sergio Pezzotta seria o árbitro do jogo de volta da repescagem. Mais de três anos depois, o juiz dá a versão para aqueles dias tensos que mexeram com o futebol do país.

- Marconi me cumprimentou e disse: "Olha, Pezzotta. Se sair alguma coisa errada, vão nos pendurar no Obelisco". Falei que daria o meu melhor porque queria muito estar na Copa América (disputada em 2011, na Argentina) - reportou o árbitro daquele encontro no Monumental.

Segundo o jornal "Clarín", tenso e pressionado pelo governo Kirchner, Grondona ligou para Marconi no intervalo, questionando as decisões de Pezzotta. Além disso, 12 barra-bravas do River desceram para o vestiário da arbitragem para intimidar o árbitro.

- Foi duro, duríssimo. Não sabia o que fazer - resumiu Pezzotta.

Maior campeão argentino, o River Plate voltaria à Primeira Divisão um ano depois.