Com Maicon no gol, São Paulo vence altitude de La Paz e avança na Libertadores
O São Paulo terminou a partida com um jogador de linha no gol. O nome dele? Maicon. Mas pode chamar de Mito. Com o tão criticado Denis expulso no fim, o zagueiro foi para a meta e segurou duas bolas quando o Tricolor vivia um drama diante do The Strongest (BOL). A inusitada situação concedeu contornos épicos ao empate por 1 a 1, resultado que garantiu o Tricolor nas oitavas de final da Libertadores. Incrível.
Incrível porque o São Paulo conseguiu se recuperar de mais uma falha de Denis, no gol de Cristaldo, e todo o desgaste da altitude. E muito disso por causa de dois argentinos: Calleri, autor do gol heróico, e o técnico Edgardo Bauza, premiado com suas escolhas. Ironia: o próximo adversário é o argentino do Rosario Central, time de coração de Bauza. Drama: Calleri, parece ter recebido vermelho no fim por confusão com os bolivianos, corre risco de perder os dois confrontos.
Fora a epopéia, com briga entre os atletas, em termos de estratégia, não dá para reclamar da escolha do técnico Edgardo Bauza. É preciso destacar. Na terça-feira, o argentino treinou à exaustão uma linha de cinco à frente da defesa, com os mesmos que iniciaram o jogo. Testou, testou, testou. Observou. E gostou. Foi premiado. No primeiro tempo, o Tricolor cedeu apenas a chance do gol de Cristaldo, com falha de Denis. No segundo, apenas a chance que Alonso, incrivelmente, jogou nas mãos do goleiro.
A tática de Patón, que viveu por anos na altitude de Quito, onde foi campeão da América pela LDU (EQU), foi se confirmando com o cansaço dos atletas. Bruno saiu de campo em prantos. Sofrimento. Calleri não suportava mais correr. Venceu a escolha do técnico argentino.
A entrada de Ganso na parte mais importante do jogo, de controlar as ações, melhorou o Tricolor em partes. Havia sempre o perigo rondando a área de Denis e o Strongest não era ameaçado. Mas Calleri, com seu oitavo gol na Libertadores, 12 no ano, já tinha garantido a glória. Guerreiro.
Guerreiros. Essa é também a melhor definição para Hudson e Kelvin. O que correram o volante e o atacante em La Paz foi qualquer nota. Pareciam bolivianos. Merecem ser lembrados pelo esforço. Wesley, com inteligência, também. Ou melhor: no desumano processo de jogar na capital boliviana, todas foram guerreiros.
A classificação heroica recoloca o São Paulo na disputa pelo título da Libertadores e alivia a pressão após a eliminação para o Osasco Audax no Paulista. E dá moral a Patón: na maior adversidade do ano, o treinador chamou a responsabilidade tirando o melhor jogador do time e voltou premiado.
FICHA TÉCNICA
THE STRONGEST (BOL) 1 X 1 SÃO PAULO
Local: estádio Hernando Siles, em La Paz (BOL)
Data-Hora: 21/4/2016 - 21h45 (horário de Brasília)
Árbitro: Roberto Tobar (CHI)
Auxiliares: Francisco Mondría (CHI) e Raul Orellana (CHI)
Público-Renda: Não pulgados
Cartões amarelos: Pablo Escobar (STR), Denis, Bruno e Caramelo (SAO)
Cartões vermelhos: Denis e Calleri
Gols: Cristaldo 29' 1ºT (1-0); Calleri 43' 1ºT (1-1)
THE STRONGEST: Vaca; Diego Bejarano, Marteli, Luis Maldonado e Ernesto Cristaldo (Ramallo 9'2ºT); Chumacero (Carlos Neumann 21'2ºT), Veizaga, Castro e Diego Wayar; Pablo Escobar e Matías Alonso (Mariano Torres 26'2ºT). Técnico: Cesar Farias
SÃO PAULO: Denis; Bruno (Caramelo 19'2ºT), Maicon, Rodrigo Caio e Mena; Thiago Mendes, Hudson, Wesley, Kelvin e Michel Bastos (Ganso 21'2ºT); Calleri (Alan Kardec 30'2ºT). Técnico: Edgardo Bauza
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