Restabelecido, Sacoman reencontra Timão e revela mágoa com Ponte
Diego Sacoman esteve perto de pendurar as chuteiras em 2014. Diagnosticado com um problema no coração, o zagueiro chegou a acreditar que teria que abandonar o futebol. Após alguns meses de repouso, contudo, ele se recuperou, contrariou as previsões e voltou a atuar em alto nível. Hoje é titular absoluto no Red Bull e terá chance de fazer história na Arena.
- Passou pela minha cabeça, sim, ter que parar de jogar. Mas quando eu fiz os exames e apareceram resultados positivos, deixei isso e lado e foquei na esperança de poder voltar. Aconteceu tudo o que eu esperava - contou o defensor em entrevista ao LANCE!.
Sacoman descobriu o problema de saúde quando fez exames para se transferir ao Atlético-PR. Reprovado, ele retornou à Macaca e ficou quatro meses em repouso absoluto. No entanto, o jogador ficou chateado com o modo como algumas pessoas do clube lideram com sua situação.
- Ainda tinha contrato com a Ponte quando retornei. O clube não me deu o auxílio necessário nesse tempo que eu tinha que ficar afastado. Não guardo mágoa da instituição, mas das pessoas conduziram meu caso. Acho que eu merecia um pouco mais de respeito por tudo que passei lá dentro - disse.
O zagueiro garante que são águas passadas. O foco hoje está no jogo contra o Corinthians, seu velho conhecido. Prata da casa do TImão, o jogador passou quase duas décadas vestindo alvinegro. Jogou no time principal entre 2007 e 2012, período em que disputou 40 jogos os títulos da Série B do Brasileiro (2008), Paulista e Copa do Brasil (2009). O atleta se lembra com carinho do título estadual, no qual teve chance de ser titular na final contra o Santos.
- Ser campeão pelo Corinthians, foi muito bom, ainda porque foi invicto e eu era novo. Passei 18 anos da minha lá dentro. Jogar um jogo decisivo contra eles em Itaquera, onde eu ia treinar no antigo CT e hoje é o estádio, é muito especial para mim - afirmou.
Apesar das memórias, Sacoman confia que o Red Bull será capaz de superar seu antigo clube e avançar, de maneira inédita, à semifinal do Paulista.
- A gente sabe que será difícil, mas nosso time está preparado, também fizemos uma boa campanha e o grupo é bom. Quem sabe a gente não pode surpreender o Corinthians na Arena e sair com a classificação? - sonhou.
Confira o bate-bola com Diego Sacoman:
'Temos um time que bate de frente com os grandes'
Você teve que superar um problema no coração para voltar a jogar e agora está aqui, nas quartas de final do Paulista. Você chegou a pensar que teria que parar de vez?
Passou pela minha cabeça, sim, ter que parar de jogar. Mas aí quando eu fiz os exames e apareceram resultados positivos, deixei isso e lado e foquei na esperança de voltar a jogar. Aconteceu tudo o que eu esperava: pude voltar, fazer o que eu gosto, depois de quatro meses parado, de repouso total. Voltei no ano passado, no Santa Cruz, e logo conquistei o título pernambucano e depois o acesso para a Série A, onde o clube não chegava há dez anos. Meu retorno foi muito bom. Hoje disputo um dos regionais mais difíceis, minha equipe se classificou com duas rodadas de antecedência e vamos enfrentar um clube que tem uma das maiores torcidas. Vai ser bem legal esse jogo.
Você saiu da Ponte logo após receber alta. Eles não deram detalhes sobre a questão clínica e usaram os reforços recém-chegados para justificar a saída. Foi isso que te falaram?
Na Ponte, me falaram que não iam renovar porque já tinham contratados outros zagueiros, justamente por não saberem sobre como ia ficar minha situação. Eu entendi e achei justo, porque realmente estava indefinido, mas o que me eu falo é que, durante os três meses que eu ainda tinha contrato, não me ajudaram. Eu não guardo mágoa da Ponte, mas de outras pessoas que trabalharam lá e conduziram meu caso. Poderiam ter tido um pouco mais de respeito comigo. Mas é vida que segue, continuo jogando bem. O único time de Campinas que passou para as quartas de final é o Red Bull e posso dizer que faço parte disso.
Te dá mais motivação enfrentar seu antigo clube?
Motivação já tem de sobra pelo fato de ser as quartas de final do Paulistão, por ser contra o melhor time do campeonato. Para mim é especial porque passei 18 anos da minha lá dentro. Poder disputar um jogo decisivo contra eles em Itaquera, onde eu ia treinar e hoje é o estádio, é muito especial para mim. É um dos melhores times, a campanha prova isso, avançou como líder. Será difícil, eles têm jogadores de qualidade e não podemos descuidar. Mas nosso time está preparado, também fizemos uma boa campanha e temos um bom grupo. Quem sabe a gente não pode surpreender o Corinthians na Arena e sair com a classificação?
Você foi campeão paulista em 2009. É mais saboroso ter chance de ser campeão em um time como o Red Bull do que o Corinthians, que coleciona dezenas de títulos?
Cada um tem seu momento, em cada time ser campeão é sempre bom. Ser campeão pelo Corinthians, onde tem maior torcida, é muito bom, ainda mais para mim que era novo, estava subindo. Foi meu primeiro título de expressão. A gente foi campeão invicto e eu pude jogar muitas partidas, inclusive a segunda final, porque o Chicão estava suspenso. Ser campeão é muito bom, e com o Red Bull também vai ser porque é um clube novo, que está surgindo agora. Dá uma valorização legal. O time bate de frente com os grandes, provamos isso nos jogos contra Palmeiras, Santos e São Paulo. Então ser campeão pelo RB será muito gratificante, mas temos que manter os pés no chão. Para isso acontecer ainda tem muita coisa pela frente. Primeiro é pensar no jogo dificílimo nas quartas.
Por que você acha que não se firmou no Corinthians?
Não me firmei porque o Corinthians sempre foi bem servido de zagueiros e eu optei por tentar seguir minha vida fora porque sabia que ia ser difícil. Disputei posição com Chicão e William quando eles estavam em excelente momento, e depois, quando eu retornei de empréstimo, em 2011, tinha a dupla Chicão e Cassán, que foram campeões da Libertadores.
Tem vontade de defender um clube grande novamente?
Quem não tem? Qualquer jogador tem vontade de voltar a defender uma grande equipe. Mas hoje eu estou numa grande equipe. O Red Bull ainda tem muito a crescer e vai dar muito o que falar.
Já recebeu alguma proposta para o restante da temporada?
A gente tem algumas conversas, mas nada definido. Primeiro a gente pensa em focar no Red Bull e cumprir os objetivos do clube, que é se classificar e conquistar uma vaga na Série D. Ainda tem temo para pensar nisso.
A Fiel tem um peso muito grande neste tipo de jogo?
Claro, sempre tem. A torcida do Corinthians sempre empurra e ajuda, principalmente nos momentos difíceis. O Red Bull montou um time muito bom, experiente e maduro, e acho que a gente vai conseguir tirar de letra essa força do Corinthians que vem de fora.
Qual o ponto forte do Red Bull?
A gente já provou de como a gente marca em alta intensidade, o nível de concentração é muito grande nos jogos, a gente se doa e consegue bater de frente com qualquer equipe. A gente tem que entrar com esse espírito. O Corinthians é um bom time, mas também temos um grande time, temos o artilheiro do campeonato e um dos destaques, que é o Galhardo.
Como está o clima nos vestiários?
Rola aquela ansiedade, querendo que o jogo chegue rápido. A gente até brincou que foi bom que mudou para sábado, porque tem menos tempo para ficar ansioso. É gostoso sentir esse frio na barriga, todo mundo tá a fim, esperando que chegue logo para a gente conseguir sair vitorioso.
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