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'Não faríamos nada diferente', diz COI sobre polêmica no Parque Olímpico

13/04/2016 19h01

O encerramento da visita da Comissão de Coordenação (Cocom) do Comitê Olímpico Internacional (COI) nesta quarta-feira no Rio de Janeiro, a última antes do início dos Jogos Olímpicos, foi em tom de despedida, e teve também momentos embaraçosos e delicados.

O grupo liderado pela marroquina Nawal El Moutawakel concluiu os três dias de reuniões com o Comitê Rio-2016 e as visitas às instalações dos Jogos Olímpicos Rio-2016 com uma entrevista coletiva à imprensa brasileira e internacional. E dois temas se sobressaíram nas perguntas dos repórteres: a crise política e econômica vivida pelo país, e a alteração no plano de construção do Parque Olímpico da Barra, promovido pela prefeitura do Rio e feito a pedido das empreiteiras que participaram da construção de parte do complexo, por meio de uma PPP (Parceria Público-Privada).

O COI e a cúpula do Comitê Rio-2016 exaltou os progressos feitos na organização do megaevento e os "projetos fantásticos" dos Jogos, como ressaltou Nawal. Mas os membros também tiveram de encarar questões nem tanto positivas, como a ameaça de impeachment à presidente Dilma Rousseff a pouco menos de quatro meses para a Olimpíada.

Sobre este tema, os entrevistados fizeram questão de reforçar que, até o momento, a organização dos Jogos Olímpicos não foi afetada por isso. Por outro lado, Nawal disse que o COI estará atento às movimentações neste fim de semana, em que o impeachment terá sua primeira votação, na Câmara dos Deputados.

- O COI é uma organização apolítica e apartidária. Estamos indo adiante com nosso trabalho. Apesar do ambiente político e econômico, isso não está criando impacto nos Jogos. Tudo está sendo entregue a tempo. Estamos avançando com a operação dos Jogos, e esperamos o resultado (da votação) de domingo da situação política - disse Nawal.

As autoridades também enfrentaram as questões sobre as mudanças no projeto do Parque Olímpico da Barra. Nesta quarta-feira, o site UOL publicou reportagem em que o plano de construção foi alterado pela prefeitura do Rio em 2012 para favorecer as empreiteiras Andrade Gutierrez, Odebrecht e Carvalho Hosken, que participaram da construção de parte do complexo por meio de uma PPP (Parceria Público-Privada). Nas investigações da operação Lava Jato, Paes seria um dos beneficiados por dinheiro da Odebrecht.

Tanto o COI quanto o Comitê Rio-2016 se eximiram de qualquer responsabilidade no caso, apesar do comitê internacional ter aprovado a solicitação.

- Pediram para que nós revisássemos isso na época, com um novo plano racional do ponto de vista de legado. Ouvimos na época que a mudança era necessária. Vemos que é racional a forma como as coisas foram construídas. A decisão foi primeiro no sentido do legado e no impacto da operação, e quando levamos isso em conta, o plano foi adaptado - falou Christophe Dubi, diretor executivo do COI.

Nawal El Moutawakel seguiu a mesma linha. 

- Não faríamos nada diferente. Conhecemos os nossos amigos da prefeitura e do Comitê Rio-2016. Sabemos que eles têm trabalhado com toda a transparência, alinhados com a Agenda 2020 - falou a presidente da Comissão de Coordenação, antes de passar a palavra a Nuzman.

- O Comitê Organizador usa recursos privados, é auditado interna e externamente. O comitê não faz obras, não tem construções - falou o presidente do Comitê Rio-2016.

Esta foi a décima e última visita da comissão. No entanto, o COI fará visitas regulares ao Rio de Janeiro até a Olimpíada.