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Felipe Melo vai bem de volante e pode ser peça-chave com Abel no Palmeiras

redacao@gazetaesportiva.com (Redação)

31/10/2020 07h00

Pela primeira vez na temporada, Felipe Melo saiu da zaga e foi escalado como volante, na vitória do Palmeiras sobre o Red Bull Bragantino, na última quinta-feira, pelo jogo de ida das oitavas da Copa do Brasil.

O capitão palmeirense teve bom desempenho, com direito à bela assistência para o gol de Wesley, com qualidade para organizar a saída de bola, além de dar solidez defensiva. Agora, pode ser uma peça fundamental para Abel Ferreira, contratado como o novo técnico do clube. Seja como volante ou como zagueiro, Felipe Melo pode ter seu jogo potencializado pelo português.

Ainda em abril, em entrevista ao canal português Quarentena da Bola, no Youtube, Abel falou sobre o que deseja para a posição de primeiro volante (em Portugal, o jogador que atua nesta função é conhecido pelo número 6), e citou algumas características que casam com o estilo de jogo do camisa 30.

"Uma coisa é o que eu gosto e outra coisa é o que eu tenho. Se formos falar do seis, teve uma grande evolução para essa figura. O Pirlo começou a transformar o seis em quase em um playmaker. O 10 era o mágico e o seis é quem coloca o time para jogar. Lógico que nós treinadores queremos muito mais do que um seis equilibrador. Queremos mais do que um seis que rouba e entrega. Gostamos que o seis seja inteligente, capaz de buscar os espaços, seja esperar nas costas dos dois atacantes, ou sair da marcação individual. Acima de tudo o seis tem que ser um jogador inteligente, tem que ser o capitão da equipe, um treinador dentro de campo."

"É peça que liga todos os setores, porque tem essa importância nos dias de hoje. É assim que eu vejo um seis. Um jogador inteligente, que consegue jogar com e sem a bola, que coloca a equipe para jogar, que consegue temporizar. Falando do seis perfeito. Quando não temos esse seis perfeito, e para ser sincero, nas minhas equipes só no meu primeiro ano enquanto treinador no time de formação do Sporting jogava no 4-3-3 com um seis puro. Mas enquanto não o tenho, é necessário adaptar os jogadores que tens para essa função, que acaba sendo o equilibrador da equipe.", finalizou.

Sem o jogador ideal para a posição, Abel mostrou versatilidade para aplicar os seus conceitos com o que tinha em mãos. Tanto no Braga, onde fez o seu trabalho de maior sucesso, quanto no PAOK, seu último clube, aplicou um jogo de intensidade e verticalidade. Com a bola, fazia a saída de bola com uma primeira linha de três jogadores, composta normalmente pelos dois zagueiros e o lateral-direito. Na segunda linha, dois meio-campistas, e a linha final com muita amplitude e composta por cinco atletas.

Caso Felipe Melo mantenha-se como zagueiro, repetindo as atuações com Luxemburgo, será igualmente importante, sobretudo para acelerar o jogo nas inversões, a partir da qualidade de seus lançamentos. Como aconteceu no gol de Wesley, contra o Red Bull Bragantino, o Palmeiras pode explorar ainda mais as bolas longas de seu capitão.

A versatilidade de Felipe Melo também pode ajudar o técnico português a variar o sistema de acordo com adversários, atuando como zagueiro central caso Abel opte por escalar um esquema com três defensores. Assim, o treinador consegue manter a saída de bola qualificada e as bolas longas a partir do jogador, além de ter uma defesa mais sólida.

Por fim, o jogador também pode ser importante para além do campo, tanto para o lado ruim, como para o lado bom. Como apurou a reportagem da Gazeta Esportiva, um dos motivos do PAOK ver com bons olhos a saída de Abel Ferreira para o Palmeiras é a relação desgastada do treinador com parte do elenco. Para evitar o mesmo problema no time palmeirense, manter uma boa relação com Felipe Melo, capitão e um dos líderes do plantel, pode ser uma boa para o português.