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Sócio-torcedor do São Paulo fica estagnado e é ponto chave na eleição

redacao@gazetaesportiva.com (Redação)

16/10/2020 07h30

Quando o assunto é sócio-torcedor no Brasil, o São Paulo é vanguardista. Afinal, o time do Morumbi foi o primeiro clube do país a abraçar o projeto de fidelização de sua torcida através de um programa que traga vantagens para aqueles que queiram pagar uma mensalidade. Não à toa, o Tricolor ainda é dono do domínio "sociotorcedor.com.br" na internet.

No entanto, se um dia o São Paulo foi pioneiro no setor, hoje vê o seu programa estagnar e ser ultrapassado por uma série de clubes cujas torcidas são consideravelmente menores. Não à toa, o sócio-torcedor deverá ser um fator fundamental na corrida eleitoral do Tricolor, que culminará na eleição presidencial em dezembro deste ano.

O último momento no qual o programa do São Paulo se destacou foi em 2016. Naquele ano, o time chegou à semifinal da Libertadores e, por conta da grande concorrência na busca por ingressos das partidas do torneio continental, o clube chegou à marca dos 100 mil sócios. No entanto, desde então, esse número despencou: antes da pandemia do coronavírus, o Tricolor contava com 30 mil sócios.

Os dados não são preocupantes apenas em relação ao número total de torcedores que aderem ao programa, como também são no âmbito financeiro. De acordo com uma pesquisa produzida pela Sports Value, o São Paulo sequer aparece entre as 12 maiores arrecadações com sócios em 2019 no Brasil. Com um valor de R$ 9,5 milhões no ano, o clube do Morumbi ficou atrás de times como o Athletico Paranaense, o Bahia, o Fortaleza e o Ceará.

O cenário da atual temporada também não é animador. Afinal, a previsão de receita do São Paulo para o primeiro semestre através do programa era de R$ 7,8 milhões, ao passo que apenas R$ 4,4 milhões entraram nos cofres do clube. O Tricolor se justifica apontando a pandemia como obstáculo para que a meta fosse atingida.

Com todos esses elementos, é inevitável que o sócio-torcedor seja pautado pelos dois candidatos que pleiteiam o cargo máximo do clube, ocupado no momento por Leco. Confira abaixo o que Julio Casares e Roberto Natel pensam sobre o programa.

Julio Casares

De acordo com o plano de gestão de Julio Casares, o sócio-torcedor do São Paulo será "totalmente redesenhado" caso ele seja eleito, baseado em programas europeus, como os do Barcelona e Juventus. O candidato também garante que essa reestruturação também acontecerá logo após o pleito, que ocorre em dezembro.

Em relação aos planos, Casares pretende elaborar novos pacotes, buscando atingir mercados segmentados. Dentre os exemplos citados, o candidato tem o objetivo de criar uma opção popular, além de uma alternativa familiar e outra para são-paulinos de outros Estados.

Em termos financeiros, a meta inicial de Casares será dobrar a receita com o sócio-torcedor de 2019 (R$ 9,5 milhões) em seu primeiro ano como presidente. Além disso, o candidato pretende posicionar o São Paulo na terceira posição do ranking de maiores programas do país, já que o clube tem a terceira maior torcida do Brasil. Dessa forma, a ideia é ter o sócio-torcedor como uma das maiores fontes de renda do Tricolor, podendo ser um do principais "patrocinadores" da instituição.

No que diz respeito à participação do sócio-torcedor no processo eleitoral do São Paulo, Casares está aberto a levar a discussão para o Conselho. No entanto, o candidato pondera que uma eventual mudança abrupta no estatuto poderia permitir que figuras populares e sem experiência de gestão obtivessem vantagens nas votações.

Roberto Natel

De acordo com o plano de gestão de Roberto Natel, o sócio-torcedor do São Paulo está em "estado de abandono". O candidato garante que, se eleito, irá "repaginar o programa". Em contato com a reportagem da Gazeta Esportiva, o postulante ao cargo máximo do clube garantiu que contratará profissionais especializados para a reestruturação dos planos, visando entender de maneira aprofundada os perfis dos torcedores.

Natel é categórico ao taxar o atual programa como ultrapassado e pretende impulsioná-lo em termos de adesões e receita. No entanto, o candidato evita projetar uma meta de arrecadação via sócio-torcedor caso seja eleito, visto que a pandemia do coronavírus tornou o mercado muito imprevisível.

Por fim, Natel deixou claro que tem como objetivo garantir que parte dos sócios-torcedores tenham o direito de escolher o presidente do Tricolor. De acordo com o candidato, a ideia é ter uma categoria dentre os planos que permita a participação do são-paulino na eleição. Ainda segundo Natel, será feito um estudo para definir o tempo mínimo de contribuição necessário para que o torcedor possa votar.