Jogo em Miami gera protesto inusitado do Barcelona e de times da La Liga

O jogo do Barcelona contra o Villarreal em Miami, em dezembro, está causando polêmica: jogadores do próprio Barça e de outros times da Espanha estão protestando contra a realização da partida. As manifestações estão acontecendo durante a 9ª rodada do Campeonato Espanhol.

O que aconteceu

Ontem (17), jogadores de Real Oviedo e Espanyol ignoraram o apito inicial e ficaram parados por 15 segundos. O jogo abriu a nona rodada do Campeonato Espanhol.

Hoje, no jogo entre Barcelona e Girona, a manifestação se repetiu, e os jogadores se mantiveram imóveis nos primeiros 15 segundos. Outros protestos são esperados nos jogos ao longo do fim de semana.

O movimento foi organizado pela Associação Espanhola de Jogadores de Futebol (AFE). De acordo com a AFE, que atua como sindicato dos jogadores espanhóis, a La Liga não consultou os atletas a respeito da realização de jogos fora da Espanha.

Em resposta ao que chamaram de "falta de transparência e diálogo de La Liga", o órgão comandou a manifestação com os capitães dos clubes. Boa parte das equipes aderiu à ideia.

A entidade chegou a recomendar que jogadores de Barcelona e Villarreal ficassem de fora do protesto, em função do envolvimento direto dos clubes na partida em questão. Apesar disso, o elenco do clube catalão optou por protestar em campo.

Entenda a polêmica

La Liga anunciou no começo deste mês que a partida entre Villarreal x Barcelona, pela 17ª rodada, será disputada dia 20 de dezembro, nos Estados Unidos.

A liga espanhola contou com o aval da Uefa para a marcação da partida no Hard Rock Stadium, em Miami. Apesar da liberação, o presidente Aleksander Ceferin se manifestou contrário à realização de jogos fora dos países onde os campeonatos são disputados.

Continua após a publicidade

Os jogos da liga devem ser disputados em casa; qualquer outra coisa privaria os torcedores leais e potencialmente introduziria elementos de distorção nas competições. Embora seja lamentável ter que deixar esses dois jogos acontecerem, esta decisão é excepcional e não deve ser vista como um precedente. Nosso compromisso é claro: proteger a integridade das ligas nacionais e garantir que o futebol permaneça ancorado em seu ambiente doméstico
Aleksander Ceferin, presidente da Uefa

O holandês De Jong, do Barcelona, também se manifestou contra a realização do jogo nos Estados Unidos.

Não gosto que a gente tenha que ir para lá e não concordo com isso. Não é justo para a competição. Não gosto e não acho que os jogadores tenham entendido bem. Para os clubes, trata-se de expandir sua marca globalmente, provavelmente é disso que se trata. Entendo a posição, mas não a aceitaria e não a compartilho. Sempre reclamamos do calendário de jogos e do excesso de viagens.
De Jong, meia do Barcelona

Confira o comunicado da AFE na íntegra:
A Associação Espanhola de Futebolistas (AFE), com o apoio dos capitães da Primeira Divisão Espanhola, anuncia que, durante todas as partidas correspondentes à nona rodada do Campeonato Espanhol da Liga Nacional da Primeira Divisão, no início de cada partida, os jogadores protestarão simbolicamente contra a falta de transparência, diálogo e coerência da LALIGA em relação à possibilidade de disputar uma partida da competição nos Estados Unidos.

O sindicato decidiu excluir da iniciativa os jogadores do FC Barcelona e do Villarreal CF, clubes que solicitam o projeto, apesar de compartilharem a posição subjacente e os pontos críticos. Isso evita que a ação de protesto seja interpretada como uma potencial medida contra qualquer clube.

Diante das persistentes recusas e propostas irrealistas da LALIGA, a Associação Espanhola de Jogadores de Futebol rejeita categoricamente um projeto que carece da aprovação dos principais atores do nosso esporte e exige que a associação patronal crie uma mesa de negociação onde todas as informações sejam compartilhadas e as características excepcionais do projeto sejam analisadas, as necessidades e preocupações dos jogadores de futebol sejam atendidas e a proteção de seus direitos trabalhistas e o cumprimento da regulamentação vigente sejam garantidos.

Continua após a publicidade

O que diz La Liga?
A entidade presidida por Javier Tebas alegou que tentou se reunir com os jogadores em três ocasiões diferentes, mas sem sucesso.

Tebas afirma estar disponível para falar sobre o caso e ressalta que La Liga transferiu mais de 100 milhões de euros na última década para a AFE.

Além das reuniões não realizadas, a entidade afirma que não tem autonomia para interromper a venda de ingressos, cuja responsabilidade seria do promotor.

Sobre a falta de transparência, La Liga afirma que apresentou o projeto de realizar uma partida nos Estados Unidos em 2018 e reforçou a ideia em 2020.

O projeto faz parte de um investimento para promover a marca do futebol espanhol no território americano. Tebas ressalta ainda que trata-se de uma única partida entre 380 realizadas durante o ano, sem consequências para lisura do campeonato.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.