Fla x Palmeiras: Potências revolucionam mercado com estratégia de milhões

Flamengo e Palmeiras intensificaram a rivalidade no mercado da bola com estratégias opostas: o Rubro-Negro investe em reforços caros e consolidados da Europa, enquanto o Alviverde mudou o perfil de suas contratações para jovens com potencial de venda futura. As duas estratégias estarão em campo no Maracanã, no próximo domingo, às 16h, em confronto decisivo no Campeonato Brasileiro.

Estratégias de mercado

O Flamengo gastou cerca de R$ 278 milhões somente com quatro reforços para a temporada 2025, sendo que um deles foi o mais caro da história do clube: o atacante Samuel Lino, que custou R$ 142 milhões. Também chegaram o meia colombiano Carrascal (R$ 77,5 milhões) e o lateral-direito Emerson Royal (R$ 58, 5 milhões). O meia espanhol Saúl foi a quarta contratação, mas chegou sem custos, assim como Jorginho.

O perfil do Samuel Lino era aquele que nós buscávamos desde o início da temporada, mesmo sabendo da dificuldade que era contratar um jogador que ainda estava em alta na Europa, disputado por dois clubes campeões nacionais e que disputariam a Champions. Foi mais o convencimento do jogador de que seria uma boa decisão para sua carreira ele voltar ao Brasil e ao Flamengo.
José Boto, ao UOL

Samuel Lino, do Flamengo, se lamenta em jogo contra o Bahia pelo Brasileirão
Samuel Lino, do Flamengo, se lamenta em jogo contra o Bahia pelo Brasileirão Imagem: Jhony Pinho/AGIF

"O Saúl foi uma oportunidade. O mercado é sempre dinâmico, nós tínhamos um plano de contratações, depois houve algumas saídas inesperadas. E o Saúl estava livre no mercado, mas já estava de pé no avião para ir à Turquia. A negociação realmente deu-se numa noite. Nós jogamos contra o São Paulo. E nessa noite fui dormir 6h da manhã, mas já com o jogador fechado e pronto para vir para o Brasil", acrescentou o presidente rubro-negro.

O Flamengo tem se notabilizado por repatriar jogadores com histórico de peso na Europa. Somente nos últimos dois anos o clube trouxe o zagueiro Danilo, o lateral-esquerdo Alex Sandro, o lateral-direito Emerson Royal, o volante ítalo-brasileiro Jorginho e o atacante Samuel Lino. Todos com passagens relevantes no Velho Continente. Anteriormente já haviam sido contratados o goleiro Diego Alves, o zagueiro David Luiz e o meia Diego Ribas, entre outros.

Por outro lado, o Palmeiras da Era Abel sempre entendeu que era melhor contratar jogadores mais jovens, que tivessem não só mais vigor físico, mas também poder de revenda. O entendimento era que não se poderia concentrar muito dinheiro em um só jogador porque o clube tinha um limite financeiro a ser respeitado. Raros foram os jogadores que fugiram do perfil até esse ano, talvez sendo Felipe Anderson a maior referência disso, mas veio sem custos.

Já em 2025, depois de vender nomes como Estêvão, Endrick e Vitor Reis, o clube viu o potencial de compra aumentar. Ainda assim, investiu o maior valor de sua história em um atacante jovem, como Vitor Roque. Já Andreas Pereira e Lucas Evangelista foram contratações em um perfil de atletas mais prontos e que dificilmente dariam dinheiro de revenda. Ainda assim, ambos são avaliados com muita força física e atendendo ao principal desejo da comissão: multifunções.

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Polarização de transferências

O Palmeiras sempre teve um claro limite abaixo do Flamengo no mercado da bola e, pela primeira vez desde a polarização entre eles, gastou mais no mercado em uma temporada. Tudo porque vendeu três jovens por um montante surpreendente e pôde aumentar o seu investimento. Se não vender mais ninguém por um valor absurdo, é altamente provável que o Palmeiras não chegue nem perto dos R$ 700 milhões em mais nenhuma janela próxima.

No entanto, a disputa entre as equipes por jogadores é escancarada. Em 2022, sendo preterido por Gabigol, Pedro recebeu uma proposta do Palmeiras. O UOL apurou que o pai do atacante chegou a ir a São Paulo e se reuniu com dirigentes alviverdes, mas mesmo com o jogador demonstrando interesse na transferência, o Flamengo se negou a negociar pois entendia que poderia reforçar o rival.

Anos antes, em 2016, o Palmeiras tentou atravessar a negociação do Flamengo com Diego Ribas, que havia acabado de rescindir com o Fenerbahçe, da Turquia. O próprio ex-jogador confirmou a história.

Não chegou perto, mas eles [Palmeiras] queriam me contratar. Foi um pouco junto [com a proposta do Fla], talvez o Palmeiras um pouco antes, mas a gente não se aprofundou na negociação porque eu priorizei sempre o Flamengo. Então não avançou, mas sim, eles tiveram interesse.
Diego Ribas, ao UOL

Já na concorrência com outros grandes do Brasil, o Palmeiras não costuma entrar em "bolas divididas". Recentemente, o Verdão atravessou o São Paulo para contratar Caio Paulista, mas a negociação não teve um final feliz. Tirando isso, não protagonizou grandes novelas envolvendo brigas pelo mesmo jogador.

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O time, inclusive, já chegou a desistir de atletas porque estavam muito caros e foram colocados em leilão, nas palavras da própria diretoria alviverde, como caso de Allan, do Atlético-MG, que acabou no Flamengo, ou até nos casos de Caio Alexandre e Cauly, do Bahia.

'Chapéu' por Andreas Pereira

Andreas é o caso mais emblemático na briga de transferências entre as equipes, porque ficou marcado pela falha na final da Libertadores de 2021. O Palmeiras queria contar com o atleta ainda no começo do ano, quando chegou a fazer uma proposta que batia na casa dos 20 milhões de euros, mas não teve final feliz.

Sua passagem pelo Flamengo (2021 - 2022) terminou com o retorno para a Europa, após o clube não sacramentar sua compra definitiva, mesmo tendo chegado a um acordo com o Manchester United por cerca de 10,5 milhões de euros. Andreas foi então negociado com o Fulham, onde permaneceu até 2025.

O Palmeiras, aproveitando a aproximação do fim do contrato do meia na Inglaterra e a inércia do Rubro-Negro em buscar sua repatriação, retomou as tratativas com valores mais baixos.

A reviravolta no mercado se concretizou em agosto, quando o Palmeiras fechou a contratação em definitivo por cerca de 10 milhões de euros, metade do valor ofertado inicialmente. O movimento foi classificado como um "chapéu" no rival e um aumento na polarização de mercado.

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Andreas Pereira, que involuntariamente ajudou o Palmeiras a vencer uma Libertadores, agora tem brilhado no clube alviverde, tornando-se o principal personagem no confronto contra o Flamengo.

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