Escalada recente de violência transforma Fla x Palmeiras em jogo alto risco

Os conflitos entre torcidas de Flamengo e Palmeiras existem desde os anos 1980. No entanto, a última década foi de uma escalada alarmante para as autoridades.

Episódios violentos

Neste domingo, o Superclássico do Brasil, que será realizado no Maracanã, forçou as autoridades cariocas a montarem um aparato de segurança maior do que no ano anterior. A preocupação com o policiamento tem relação com eventos recentes.

O momento mais crítico dessa escalada aconteceu em julho de 2023, com a morte da torcedora palmeirense Gabriela Anelli. A fatalidade aconteceu no entorno do Allianz Parque, durante confusão entre torcidas. A jovem de 23 anos foi atingida por uma garrafa de vidro.

Amigos de familiares da jovem Gabriela Anelli em fórum da Barra Funda
Amigos de familiares da jovem Gabriela Anelli em fórum da Barra Funda Imagem: Flávio/Latif/UOL

Jonathan Messias Santos da Silva, torcedor do Flamengo, foi condenado a 14 anos de prisão em regime fechado pela morte da torcedora. Ele está preso na Penitenciária de Balbinos I, no estado paulista, mas apelou por transferência de pena para o Rio de Janeiro.

A violência naquele dia não se restringiu à tragédia, mas também contemplou a ação policial para conter o tumulto. O uso de gás de pimenta e bombas de efeito moral teve consequências diretas no campo, obrigando a interrupção da partida por duas vezes.

Em outro episódio, em junho de 2016, o clássico realizado no Mané Garrincha, em Brasília, já havia sido palco de uma briga entre uniformizadas. O conflito resultou em dezenas de torcedores detidos e feridos. Ambas as equipes foram punidas com um jogo de portões fechados. Além disso, tanto Fla quanto a Federação de Futebol do Distrito Federal foram condenados a pagar multa de R$ 282 mil por falta de segurança.

Torcedores de Flamengo e Palmeiras acompanham jogo no Mané Garrincha antes de briga generalizada, em 2016
Torcedores de Flamengo e Palmeiras acompanham jogo no Mané Garrincha antes de briga generalizada, em 2016 Imagem: Adalberto Marques/AGIF

Diante desse histórico, o planejamento de segurança para o duelo do fim de semana refletiu o nível de apreensão. A partida terá um aumento de 60% do efetivo policial na comparação com o último embate entre Palmeiras e Flamengo no Maracanã, em agosto de 2024.

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A diferença do nível de risco é porque não haverá o fechamento completo do perímetro. Mas o trabalho das forças de segurança será com o nível mais alto.
Marcelo Vianna, vice-presidente de competições da Ferj, ao UOL

Arredores dos estádios

A preocupação de Marcelo Viana tem fundamento, segundo dados do Observatório Social do Futebol. Os números indicam que a maior parte das ocorrências de violência acontece fora dos estádios (70%), especialmente nos arredores (37%) e longe deles (33%).

Além disso, 20% dos casos de violência ocorrem durante o trânsito das torcidas, geralmente antes (39%) ou depois (41%) dos jogos.

Entre os exemplos recentes, torcedores do Flamengo sofreram duas emboscadas de membros de organizada do Palmeiras em curto período, no ano passado. Em agosto, após jogo pela Copa do Brasil, uma "blitz" logo na saída do setor visitante do Allianz Parque culminou em muitos rubro-negros agredidos. Em abril, houve relatos de uma tentativa de emboscada na chegada dos flamenguistas para o jogo do Brasileirão. A Polícia Militar precisou intervir para controlar o confronto.

Nesse contexto, a busca por vingança dos torcedores pode motivar contra-ataques. Essa é outra preocupação que entra no radar, principalmente na escolta reforçada de caravanas SP-RJ. Cerca de 2 mil palmeirenses são esperados no Maracanã.

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