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Ben Harburg, sócio-fundador da Novo Capital e conhecido no mercado financeiro por investimentos em gigantes da tecnologia como Uber e Airbnb, surpreendeu ao comprar 100% do Al-Kholood, time promovido à elite da Liga Saudita em 2024.
Em entrevista ao UOL, o financista de Wall Street revelou os motivos que o levaram a mergulhar no futebol árabe e não poupou elogios ao torneio que movimenta bilhões de dólares por ano.
A Saudi Pro League é a nova liga mais emocionante do planeta.
Ben Harburg
As razões para o investimento, no entanto, são mais profundas do que apenas o entusiasmo do empresário norte-americano. A mistura de oportunidade econômica, paixão geopolítica e a chance de promover mudanças sociais foi fundamental.
"Eu sou uma pessoa geopolítica de formação, então adoro que tudo está instituído no futebol. Geopolítica, religião, negócios e política. Ao ser proprietário de um clube em uma liga como essa, tenho um pouco de tudo isso", afirmou o empresário.
Investir na MLS? Nem pensar...
A operação que estabeleceu Ben Harburg como o primeiro proprietário estrangeiro na elite do futebol saudita foi concluída em julho deste ano e supervisionada pelo Ministério do Esporte da Arábia Saudita, em conjunto com o Centro Nacional Saudita de Privatização. Os valores da aquisição não foram revelados.
A escolha pelo país do Oriente Médio foi um movimento estratégico calculado, após analisar outros mercados globais. O empresário já possui 6,5% do Cádiz, da segunda divisão da Espanha, e pretende continuar investindo no Velho Continente.

Ainda estou interessado na Europa, então vou fazer mais aquisições lá, mas a Arábia foi uma oportunidade única para esse processo de privatização, para ter lugar em um clube na primeira divisão, em uma situação em que nós podemos criar muito valor, com infraestrutura nova, treinamento, tudo, e é isso que estamos fazendo nessa transação.
Ben Harburg
Já em relação ao cenário do próprio país, Harburg foi particularmente crítico por acreditar que os valores saíram do controle. Ele não cogita injetar dinheiro na MLS (liga de futebol dos EUA).
A América é supervalorizada e os preços estão loucos. Além disso, não acho que os EUA sejam um país do verdadeiro futebol. Na América, há muita competição para fãs de futebol. Você tem quatro grandes esportes, você tem tudo.
Ben Harburg
"Aqui [na Arábia Saudita], 75% das pessoas são fãs de futebol. Nem sempre elas aparecem no estádio, mas elas aparecem online. O engajamento online daqui é incrível. Então, nós sabemos que elas são fãs e sabem os detalhes de tudo que acontece", acrescentou.
Competição bilionária
Harburg está ciente do desafio do Al-Kholood contra os orçamentos locais vastamente superiores — de Al-Hilal, Al-Nassr, Al-Ittihad e Al-Ahli.
É uma liga diferente, uma liga de peso. Temos quatro grandes clubes, e um deles [Al-Nassr] pagou por um único jogador [Cristiano Ronaldo] um valor maior do que todo o meu investimento. Temos que encontrar um jeito de fazer muito com pouco.
No entanto, ele se sente confortável na posição de azarão, uma experiência que já vivenciou na Espanha. "Foi o que fizemos no Cádiz, onde estive por quatro temporadas na La Liga. Com um dos menores orçamentos, vencemos o Real Madrid e o Barcelona, com Messi em campo. Estou acostumado a ser o azarão, o time mais fraco na luta, mas o desafio aqui será constante, porque esses quatro grandes clubes se tornarão ainda maiores nos próximos anos", disse Ben.
De olho no mercado brasileiro
A visão de Harburg para o futuro da liga é ousada: ele espera que o campeonato seja "quase irreconhecível daqui a cinco anos" e "facilmente top 5 entre as ligas do mundo". Ele atribui essa transformação à melhora na infraestrutura e a uma maior eficiência gerada pela privatização dos clubes.

O empresário também projetou um nível técnico maior e, por isso, revelou um interesse especial no mercado do Brasil. Inclusive, na última janela de transferências, o Al-Kholood chegou a fazer propostas para jogadores do país sul-americano. O atacante Guga, de 19 anos, formado nas categorias de base do Grêmio, é o único brasileiro no elenco atual.
Nós tentamos contratar alguns jogadores brasileiros nesta última janela de transferências. Não tivemos sucesso, mas continuaremos tentando. Obviamente, o Brasil é um incrível celeiro de talentos, nem preciso dizer. Por isso, gostaríamos muito de ter mais jogadores brasileiros na equipe.
Ben Harburg





















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