O que só Dorival viu: Bidon vira versão brasileira de Garro no Corinthians

Breno Bidon surgiu na base e teve ascensão no profissional do Corinthians atuando como segundo volante, mas só Dorival Júnior viu na promessa uma outra capacidade: a de ser um camisa 10.

De volante a camisa 10

Breno Bidon chegou ao profissional do Corinthians em 2024. Ele foi integrado ao elenco depois de disputar a Copinha daquele ano atuando justamente como um segundo volante.

O atleta de 20 anos passou pelas mãos de Mano Menezes, António Oliveira e Ramón Díaz no primeiro ano de profissional. Com o primeiro, nem sequer jogou. Bidon teve momentos de destaque com os outros dois, dando dinamismo nas jogadas ainda como um segundo volante. A maior oscilação veio entre julho e agosto, já com o argentino no comando.

Bidon transitou entre várias funções no meio de campo durante o período. Ele atuou na ligação entre a defesa e o ataque, como um meia deslocado pelos lados e até mesmo como um primeiro volante em jogos onde o time precisava atacar. Raras foram as vezes em que foi um camisa 10 de fato.

A virada de chave veio a partir da chegada de Dorival Júnior. Bastaram poucos treinos para o treinador chegar à conclusão de que o camisa 27 tinha muito mais perfil de um meia-armador do que propriamente de um segundo volante que ajudaria no ataque e na defesa com a mesma intensidade.

O Bidon não é um volante, ele tem todas as características de um meia. Eu vejo o Bidon jogando mais solto. Dorival Júnior, após seu terceiro jogo no Corinthians

O novo "camisa 10" vive seu auge na função. Apesar dos resultados ruins do Corinthians nos últimos três jogos, Bidon foi destaque contra Sport, Flamengo e Internacional. Ele encontrou bons passes, criou jogadas de muito perigo e só não fez um gol contra os pernambucanos porque a trave impediu.

Ausência de Garro dá brecha

Bidon virou a "versão brasileira" de Rodrigo Garro. Em um ano marcado por lesões do argentino, o Corinthians passou a conviver com uma lacuna na função.

Continua após a publicidade

Igor Coronado era a opção mais utilizada, mas não deu muito certo no Corinthians. No meio do ano, rescindiu o contrato com o clube paulista e abriu ainda mais espaço para Breno Bidon virar o substituto imediato de Garro.

Bidon celebra gol em Grêmio x Corinthians, duelo do Brasileirão
Bidon celebra gol em Grêmio x Corinthians, duelo do Brasileirão Imagem: EDU ANDRADE/FATOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Sem um jogador mais experiente na função, Bidon foi a aposta de Dorival. Sem tanta imposição física e com poder de marcação menor para um volante, mas com criatividade e capacidade de encontrar espaços, o jogador de 20 anos apresenta semelhanças com Garro.

O Bidon tem uma característica semelhante, em alguns momentos, à função que o Garro executa. Cada um tem suas qualidades individuais, mas para mim é um jogador que tem muito mais o potencial de um meia do que propriamente de volante. Vejo como um jogador múltiplas funções em campo e que vem crescendo. Dorival Júnior, após Corinthians 1 x 2 Flamengo

As atuações convincentes de Bidon colocaram fim, pelo menos por enquanto, a improvisos. Houve momentos em que Memphis e Vitinho chegaram a atuar na criação de jogadas.

O que mudou?

Bidon, hoje, joga mais solto. O meia tem se conectado menos com a linha defensiva e muito mais com o ataque, seja com Memphis, Yuri Alberto, Gui Negão, Romero ou Talles Magno.

Continua após a publicidade

Sem precisar recompor na marcação como antes, o camisa 27 se dedica quase que integralmente ao ataque. Não são raras as ocasiões onde ele aparece pelos lados e até mesmo livre para finalizar as jogadas.

Breno Bidon, do Corinthians, durante partida contra o Racing-URU pela Copa Sul-Americana
Breno Bidon, do Corinthians, durante partida contra o Racing-URU pela Copa Sul-Americana Imagem: Rodrigo Coca/Agência Corinthians

Bidon sempre foi um bom segundo volante com pouco poder de marcação. Ele funciona como 10, meia de ligação, especialmente na ausência do Garro. Sem o Garro à disposição, a melhor opção e mais técnica do elenco é o Bidon. Não tem a mesma criatividade e experiência do Garro, mas tem muita capacidade de fazer o meio de campo pensar. PVC, colunista do UOL

A volta de Garro está prevista para a segunda quinzena de outubro. Mas diante da formação atual adotada por Dorival Júnior, Bidon não precisa necessariamente ir para o banco.

Mercado de olho

Breno Bidon é um nome observado pelos clubes europeus há algum tempo. O destaque no Sul-Americano sub-20 chamou a atenção e levou um clube inglês a oferecer R$ 15 milhões de euros (R$ 89,4 milhões na época) ao Corinthians, mas a oferta foi recusada.

Continua após a publicidade

O meia segue se valorizando no mercado ao passar da temporada. Diversos clubes europeus, entre eles Sporting, Benfica e Arsenal, fizeram sondagens.

Quem também monitora Bidon é o Zenit. O clube russo estuda a possibilidade de fazer uma oferta pelo meio-campista na próxima janela de transferências, segundo apurou o colunista César Luis Merlo, do UOL.

Bidon tem contrato com o Corinthians até o fim de 2029. A multa rescisória é de 100 milhões de euros (cerca de R$ 625 milhões) para clubes do exterior. O clube detém 90% dos direitos econômicos do jogador.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.