Único técnico negro da Copa, Kompany encanta Bayern por tática e simpatia

Vincent Kompany passou por processo rigoroso para se tornar o primeiro técnico negro da história do Bayern.

Tinha acabado de ser rebaixado pelo Burnley, da Inglaterra, candidatou-se ao cargo e foi aprovado. Surpreendente, porque sua carreira era curta. Passagem pelo Anderlecht, da Bélgica, sem títulos, campeão da Segunda Divisão pelo Burnley, rebaixado no ano seguinte: "O processo de seleção do Bayern foi rigoroso e procurava alguém com ousadia e liderança no vestiário, para acabar com conflitos", conta o ex-centroavante brasileiro Élber, campeão da Champions League pelo Bayern, em 2001.

O Bayern tinha um trauma com Thomas Tuchel. Apesar da conquista do título alemão de 2023, Tuchel rompeu a hierarquia do vestiário, foi acusado pela imprensa de um jogo baseado no individualismo. O Bayer procurava um jogo muito ousado e coletivo.

Do rebaixamento ao sucesso

Vincent Kompany é descendente de imigrantes da República Democrática do Congo. Fala francês, por ter nascido na Bélgica, holandês aprendido na escola, alemão desde que jogou pelo Hamburgo, entre 2006 e 2008. Aprendeu italiano e espanhol, o inglês também. Foi líder do vestiário do Manchester City, antes e depois de Guardiola no comando. Era o capitão do time vencedor do Campeonato Inglês sob o comando de Roberto Mancini. O City saiu da fila de 43 anos.

É o único treinador negro entre os 32 da Copa do Mundo de Clubes. O primeiro também na história do Bayern, que teve 33 comandantes desde o nascimento da Bundesliga, em 1963. Mas o que chama mais a atenção em seu trabalho é a agressividade tática e a simpatia. Diferentemente de Thomas Tuchel, seu antecessor, não coleciona desafetos no vestiário, nem nas entrevistas coletivas.

O ex-centroavante brasileiro Élber avaliza: "O Bayern tinha um trauma com o Tuchel e o Kompany é completamente diferente. Discreto e faz um jogo absolutamente ofensivo e coletivo. Você vê, pelas imagens de cima do campo, como há sempre opções de passe e uma equipe que se arrisca por deixar os zagueiros no um contra um, mas sem ser ameaçado.

Kompany comentou em sua conferência de imprensa, antes do jogo contra o Boca Juniors, essa capacidade tática: "Nós quebramos recorde de finalizações na Bundesliga. Nunca um time tinha finalizado tantas vezes", comemorou.

Os jogos do Bayern, nesta Copa do Mundo de Clubes, impressionam pelo Bayern deixar apenas um zagueiro na marcação do atacante adversário. E pelo posicionamento de Manuel Neuer. O goleiro joga sempre na intermediária, como um verdadeiro líbero. Inicia as jogadas com os pés e se posiciona como homem da cobertura. Às vezes não dá certo. O gol do Boca Juniors, marcado por Merentiel, aconteceu numa escapada em contra-ataque, justamente pela presença de Merentiel contra apenas um zagueiro, o alemão Jonathan Tah.

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O Bayern enfrenta o Benfica nesta terça-feira. Quase garantido como primeiro colocado de seu grupo, pode enfrentar o Palmeiras nas quartas de final. Ainda há chance matemática de ser o rival do Flamengo nas oitavas de final.

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