Apresentado como técnico do São Paulo, Crespo diz: 'Não há fórmula mágica'
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O técnico Hernán Crespo foi apresentado nesta terça-feira no Morumbis como novo técnico do São Paulo.
Penso que sou melhor treinador, mas todos são melhores do que no passado. Melhor porque passou tempo, sigo sendo um treinador jovem e a pessoa não muda. Sigo sendo a mesma pessoa de antes, mas tenho mais ferramentas para poder oferecer a um grupo de trabalho. O que é importante é que nenhum treinador tem a fórmula mágica, não existe o manual do treinador vencedor. Não esperem uma fórmula mágica, tenho que trabalhar e esperem a equipe competitiva. Ganhar é outra coisa. Mas tem que fazer competir. E dar a minha identidade. Tenho respeito pelo trabalho de Zubeldía. Quero aproveitar o trabalho dele e dar uma identidade minha, meu prazer será que o torcedor se identifique com a equipe. Isso precisa de tempo. Vamos ter um período de adaptação. Vamos ter um mês e meio duríssimo, mas depois vai chegar setembro. É diferente da história do passado. Sou a mesma pessoa, mas como treinador sou melhor que antes.
Problemas do São Paulo. "Se tudo estivesse bem, me chamariam? Quando vem um treinador é para solucionar problemas. Se não há problemas, o treinador segue. Sei que existem, vamos identificar e selecionar. Entendemos que há dificuldades em certos tipos de maneira de jogar, em casa ou fora. Agora, não ter problemas? Tem que perguntar ao Guardiola, ao Luis Enrique talvez. Eu estou aqui para solucionar problemas."
Última passagem na covid-19. "O passado foi atípico, com a covid-19. Tivemos oito meses e nunca tivemos tempo para trabalhar de forma séria. Eram muitos jogos, 48 horas de intervalo. A final do Paulistão foi em um domingo e terça-feira jogamos com o Sport para passar. Isso é difícil. Presidente teve covid, eu também. É muito complicado. Sempre entendo que precisa de tempo, paciência e obviamente com dinheiro o tempo é mais curto. Não mudei de ideia. Entendo que meu passado aqui me trouxe hoje aqui, tenho muito amor por esse passado. Mas hoje é o presente, São Paulo segue sendo grande e pra mim é um orgulho estar aqui por isso. O que vai acontecer? Paciência."
Utilizar Cotia. "Pra mim, o futebol não tem documento. Se tiver 38 ou 18, é a mesma coisa. Quem merece jogar, vai jogar. Quem demonstra que pode jogar, não há problema. Se me pergunta quantos anos tinham Nestor, Luan, Sara, Liziero... Não sei. Jogavam porque tinha que jogar. Eram melhores no momento. Durante os treinamentos, se os jovens de Cotia merecerem jogar, vão jogar. Não faço diferenças entre nacionalidade, idade, importa quem joga bem e merece jogar."
Confira outras respostas de Hernán Crespo em sua apresentação.
Prioridade no começo
"Viver o dia a dia, jogo a jogo. A urgência é o Brasileirão. É competir e ganhar pontos para ficar tranquilo. Depois, as Copas são mata-mata e tudo pode acontecer. É algo que existe e vemos realidade. Agora, sonho? Vim aqui ganhar. Quero ganhar. Se vamos poder? Vamos ver. Começamos por competir bem, ganhar jogos e construir uma oportunidade para poder ganhar. Mas hoje a realidade é ir jogo a jogo, com calma, estar preparado para a oportunidade de ganhar (títulos)."
Títulos depois do São Paulo
"As coisas saíram bem, funcionaram. É difícil explicar, tenho vergonha, mas os títulos chegaram, importantes, como o triplete. A primeira vez do time na Champions Asiática e foi incrível, realmente. Esse caminho também me trouxe ao São Paulo e estou contente por isso."
Como vai jogar?
"Estamos falando de dois mundos paralelos. Há que ser pragmático e não jogar bonito? Não sei. Jogar pragmática garante pontos e jogar bonito não? Não estou de acordo. Queremos jogar bem e isso significa que os jogadores entendam a necessidade do jogo. O que temos que fazer para ser melhor que o adversário. E entender que às vezes o adversário vai ser melhor que nós e temos que aceitar. O São Paulo precisa pensar em atacar, entendendo as características dos jogadores. Não posso ser apenas uma maneira ou outra. Eu sou isso. Falando como ex-jogador, joguei com Shevchenko, Drogba, Vieri, e todos tinham características diferentes e eu jogava diferente, mas nunca mudou minha fome de fazer gols. E conseguia. Isso é o que pretendo fazer no São Paulo. Seja qual for a formação, temos que gerar situações de gol."
Chegar pronto?
"É São Paulo. Tem que estar pronto sempre. Não há o que pensar, tem que trabalhar, nada mais. Quem estiver pronto, vai jogar. Quem não estiver, vai esperar. Não há tempo. São Paulo é grande. Quem está pronto, joga. Todos temos que demonstrar estar a altura do São Paulo, eu também. E São Paulo é exigente. É um momento difícil, mas é sempre estando em um clube grande. Precisamos de equilíbrio emocional. A cada três ou quatro dias acontecem coisas, boas ou ruins. Temos que entender que podemos errar. E quando acertemos, não vamos mudar nossa atitude."
Dificuldade do Brasileirão
"Pra mim, se o Brasileiro não for o mais difícil do mundo está perto disso. Não há jogos fáceis. Não há momento de pensar que esse jogo vai ser mais fácil. Precisamos encontrar nossa identidade, porque vão haver momento difíceis, mas se nos apoiarmos na nossa identidade, fica mais fácil resolver. Vamos ter coisas difíceis, mas você está no São Paulo. Se o problema é enfrentar o Flamengo, o Corinthians, estou aqui por isso."
Sentimento falou mais alto
"O primeiro que posso dizer é que o sentimento falou alto. Quando me chamaram, pensei: é o São Paulo. Depois vemos os problemas e vamos enfrentá-los. Preciso ver a dinâmica de trabalho, o grupo de jogadores. Tenho agora essa mini pré-temporada para avaliar e ver o que está melhor. Me parece que sim. Não podemos esquecer que o futebol é dinâmico e sempre há espaço para melhorar."
Pretende usar Luan?
"Conheço Arboleda, Luan, Luciano... Seguramente vão me ajudar a conhecer todos os demais. Sei que os três podem me dar em sua melhor versão e como pessoa. Estamos falando de atletas aqui, mas ao final do dia somos todas pessoas e pra mim isso é importante. A partir daí, avaliaremos. O importante é ser igual ou melhor do que há quatro anos. Eles me conhecem, sabe meu nível de exigência em cada treinamento e jogo. Isso deixa eles com vantagem em respeito aos demais. Fica para a inteligência de cada um saber usar isso."
Expectativa por Morumbis cheio
"Prazer pertencem a um lugar mágico e com muita história. O primeiro jogo vai ser contra o Corinthians e o único que posso fazer é, uma parte de mim desfrutar do espetáculo, e outra parte de mim focar em resolver a partida. Mas sinto muito orgulho de pertencer, estar aqui e saber que isso vai acontecer: o Morumbis lotado, vou poder viver isso."
Mágica do São Paulo
"É um lugar mágico. Não há explicações. Não sei o que tem. Há algo no ambiente que te atravessa. Te faz querer ficar aqui. Se me permite sonhar? Gostaria de ficar ao lado de Telê, de Muricy na história. É difícil, mas vamos tentar."
Reforços?
"Ver o que acontece nessa mini pré-temporada, ver o que podemos fazer o que não podemos. Futebol é muito dinâmico, sempre há necessidades. Às vezes temos que conviver com essa dificuldade e às vezes podemos resolver."
Frases que ficaram marcadas
"Não falo as coisas de propósito, falo o que sinto. Não é demagogia. Às vezes querem frases de efeito, mas acho que pessoas estão cansadas de ouvir coisas que não são verdade. Eu tento falar a verdade, seguir minha linha e tratar com respeito. Eu sou isso. Não sei me comportar de outra maneira. Se produzem efeito positivo, é espetacular. Gosto de trabalhar em um ambiente sereno, de tranquilidade de alegria."
Ensinamentos de Ancelotti
"Não vou falar do aspecto técnico. Porque aspecto técnico cada um tem suas formas. Mas, sim, da maneira que sempre gostei de me relacionar com os jogadores. que afinal somos pessoas. Pode jogar com 4, 3, dois pontas. Ancelotti me ensinou que ao final somos pessoas, como todos. e que todos têm coisas boas e ruins. E importante é relacionar, esse é o caminho. E depois vê o que acontece no final. Entendendo a personalidade de cada um. Não vou ser Carlo, Bielsa... Tratarei de fazer o melhor possível, mas seguramente sem imitar ninguém. Porque a imitação tem vida curta. Cada um é como é e como crê que pode ser. Com erros e virtudes, porque do outro lado também tem erros e virtudes. E Carlo é exemplar. Dificilmente encontram jogadores que falem mal de Carlo. E alguns ficam chateados com ele, mas o respeito como pessoa nunca se perdeu, porque está acima de título, jogador, direção... Há pessoas. E isso me ajudou a entender que pode ser amigo e ter muito boa relação sem perder quem lidera e quem não, quem toma decisão ou não. Aqui me chamaram para tomar decisão. Se o elenco não entender que uns jogam e outros não, faz parte."
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