Se EUA entrarem em guerra com Irã, Copa pode vir ao Brasil? Não é bem assim
Eu sei que você tem saudade daquele "OEA" — a musiquinha que embalou a Copa 2014. Mas não se empolgue com a fake news que pipocou nas redes sociais de que a Copa 2026 pode parar no Brasil.
A tese falsa é mirabolante:
Um SUPOSTO item no regulamento da Fifa tiraria a Copa dos Estados Unidos após o conflito com o Irã. E aí, a entidade SUPOSTAMENTE buscaria a sede anterior para receber a Copa.
O Qatar? Muito perto do Irã. A Rússia? Já tá banida das competições por causa do conflito com a Ucrânia. Sobraria quem? O Brasil.
Viralizou porque muita gente gostaria que acontecesse. E não porque haja qualquer fundo de verdade. A internet tem dessas.
A real é que não existe uma linhazinha sequer no estatuto da Fifa dizendo que a Copa do Mundo tem que ir para sede anterior em caso de guerra.
Muito menos que o Qatar estaria vetado, caso esse devaneio fosse verdadeiro.
E tem outra: além dos EUA, a Copa de 2026 vai acontecer também no México e no Canadá.
Nas respostas à postagem original no X (ex-Twitter), até a inteligência artificial da plataforma, o Grok, reforçou que a hipótese de uma Copa de volta ao Brasil em 2026 é falsa.
Dá para imaginar que o robô nem precisou trabalhar muito.
Mas se estourar uma guerra em solo americano? A Fifa resolveria o que fazer, mas sem ter como regra retroceder à sede anterior.
Vale lembrar que a escolha da sede da Copa do Mundo é feita em votação no Congresso da Fifa, reunião da qual participam todas as federações filiadas.
O que é verdade em relação ao estatuto da Fifa?
A entidade diz que "permanece neutra em assuntos de política e religião". Mas "exceções podem acontecer em relação a assuntos afetados pelos objetivos estatutários da Fifa".
Isso abre brecha para algumas coisa. Como a punição à seleção russa, tirada a perder de vista das competições de seleção e clubes.
Mas por que a Fifa se meteu nisso e não tem sinal de mobilização em relação aos EUA?
Internamente, fica fácil perceber a boa relação entre a Fifa atual e o presidente dos EUA. Além disso, quando a Fifa canetou a Rússia, o argumento foi de que:
Houve uma situação de "força maior" com a invasão militar dos russos à Ucrânia.
Houve reação da comunidade internacional, com sanções financeiras e comerciais aplicadas à Rússia.
Associações da Fifa se recusaram a jogar contra a Rússia, como Polônia, Suécia e Tchéquia.
Aí, a Fifa formalizou a suspensão aos russos — que não conseguiram reverter a medida nem com um recurso à Corte Arbitral do Esporte (CAS).
Nenhum desses elementos, na perspectiva da Fifa, aconteceu com os Estados Unidos. Oficialmente, a entidade não comenta o assunto.
Então, o planejamento para a Copa 2026 segue o mesmo. "Nananana" tá tocando todo dia no Mundial de Clubes e a ideia é que outra música chiclete também se repita em solo norte-americano ano que vem.
Copa do Mundo no Brasil? É a feminina, em 2027. E, quem sabe, a versão de clubes, em 2029, já que a CBF se candidatou.