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Em 2022, durante a Copa Intercontinental, no Marrocos, o UOL sofreu xingamentos e foi alvejado por uma casca de banana quando tentava filmar os "Winners", os ultras do Wydad Casablanca (MAR), que naquele ano haviam sido eleitos "a melhor torcida do mundo" pelo site especializado "Ultras Worlds". Três temporadas depois, a regra segue valendo no Mundial de Clubes, nos EUA, e não ouse tentar quebrá-la.
Anonimato e ameaças
Os Winners são barulhentos, apoiam os 90 minutos e realizam mosaicos que são um verdadeiro espetáculo, principalmente no Marrocos, onde costumam fazer até três por jogo, alguns mudando de imagem instantaneamente. Porém, mesmo com toda a admiração que despertam nos fãs de futebol, eles preferem o anonimato e, se possível, utilizam-se até mesmo da agressividade para mantê-lo.
No jogo contra o Manchester City, ontem, no estádio Lincoln Financial Field, na Filadélfia, eles estavam por lá. Como esperado, os integrantes oficiais não quiserem gravar entrevistas em vídeo. Um, inclusive, xingou a reportagem quando foi abordado. Porém, os torcedores comuns do Wydad falaram abertamente sobre o assunto.
"Às vezes fazemos coisas contra as regras, então nós não permitimos que filmem o que estamos fazendo, mas pelo menos você pode gravar dentro do campo e pode ver a beleza dos nossos fãs", disse um torcedor.
Classificação e jogos
Islamismo influencia

Outro ponto que pesa nessa opção pelo anonimato é o islamismo, predominante no Marrocos em mais de 90% da população. E algumas coisas cantandas pelos Winners vão contra o que prega a religião. Ser filmado proferindo tais frases pode render consequências duras.
"Não podemos tirar fotos, não podemos compartilhar nossos rostos. Somente estamos celebrando e apoiando nosso time, mas não tiramos fotos para nos mostrarmos como somos nós mesmos", explicou um torcedor, que é simpatizante dos Winners e tinha um cachecol dos ultras.
Sinalizador no campo
Dentro do Lincoln Financial Fields os Winners corresponderam às expectativas tanto na questão do show à parte quanto na rebeldia. Eles levaram um bandeirão, diversos instrumentos e, mesmo em minoria, não pararam de cantar um minuto sequer, apesar de estarem perdendo para o City desde o primeiro minuto de jogo.
Faltando 15 minutos para o fim, eles soltaram fumaça vermelhas e sinalizadores, para desespero dos stewarts e seguranças do estádio. Um dos artefatos foi atirado para dentro do campo, na direção do goleiro brasileiro Ederson, do City, mas ele não foi alvejado. O jogo, porém, foi interrompido.
"Nós viemos de Marrocos em mais de três mil pessoas. Eu vim da França, tem gente de todo o mundo. E, vocês sabem, os Winners são os melhores do mundo. Se tiverem em dúvida, busquem no Google. Nós somos número 1 na África e no mundo", disse o marroquino Hassan Youssef.
Num dos momentos mais chamativos, eles sentaram nos assentos do estádio e foram colocando as mãos nos ombros da pessoa da frente, como se estivessem remando em plena casa dos Eagles, tima da NFL. Em seguida, explodiram em saltos e cânticos, deixando os ingleses presentes perplexos.
"Nós somos os melhores fãs do mundo porque somos mais do que uma família. Nós amamos muito nosso clube. Não somos nós que dizemos que somos a melhor torcida do mundo. Outros times, outros fãs da cidade veem isso no estádio. Nós temos os melhores ultras do mundo. É por isso que nós somos o número 1", festejou o orgulhoso Youssef.
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