Bom sinal para o Brasil? Argentina superou crise política para ser campeã

A seleção argentina campeã do mundo pode servir de motivação para o Brasil a pouco mais de um ano da Copa.

O que aconteceu

Os títulos geralmente são conquistados pelos clubes ou seleções mais organizadas, mas esse não foi o caso da Argentina antes da conquista no Qatar. As notícias extracampo apontavam os "hermanos" em situação difícil.

Esse exemplo pode aumentar o otimismo no Brasil a um ano da Copa de 2026. A CBF apresenta resultados ruins em campo e problemas fora dele.

O presidente Ednaldo Rodrigues foi afastado do cargo, e Samir Xaud, líder da Federação Roraimense, deve se tornar o presidente sem concorrência. Ele tem apoio de federações e parte dos clubes, mas não tem o histórico de lidar com grandes objetivos e orçamentos.

Samir promete não mexer no futebol e dar autonomia para o técnico Carlo Ancelotti e os dirigentes Rodrigo Caetano e Juan. É uma forma de tentar diminuir o impacto político no futebol.

A Argentina, também em situação difícil, optou por esse caminho de entregar o time para seus Lioneis: Scaloni e Messi. E ambos resolveram.

A retomada argentina

Um dos grandes opositores do presidente da AFA (Associação Argentina de Futebol), Claudio "Chiqui" Tapia", virou aliado. Cesar Luis Menotti é o nome dele.

Tapia falava em "refundação" após a derrota nas oitavas de final da Copa do Mundo de 2018 para a França, culminando na saída de Jorge Sampaoli. O sentimento era de desesperança na população.

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O presidente da AFA teve uma ideia controversa: construir um centro de treinamento na Espanha. A intenção era facilitar a rotina para os jogadores convocados. Quase todos atuavam na Europa, mesmo cenário dos dias de hoje. O CT até existe, mas só é utilizado pela base.

Cesar Luis Menotti disparou em áudio vazado: "Isso é terrível. Me dá vergonha. Me dá vontade de ir morar no Uruguai. Isto não se pode aguentar. Então o técnico pode armar uma seleção europeia e os daqui se danem? Quais são os craques que a Argentina têm lá fora que não têm aqui? Não posso acreditar. Quando vi isso, comecei a me sentir mal. Senti vontade de pegar um revólver e matá-los".

Seis meses depois, Menotti aceitou o convite de Tapia para ser o diretor de seleções da AFA. Os problemas continuavam, mas o cenário político acalmava um pouco.

Menotti não teve decisões importantes, mas ajudou no que se tornou fundamental para a Argentina: o apoio a Lionel Scaloni e Lionel Messi. Messi, antes ressabiado, foi se tornando o líder esperado.

Scaloni ia ficando no comando por falta de opção e acabou efetivado mesmo com a eliminação para o Brasil na semifinal da Copa América de 2019. O contrato foi renovado até 2022, a contragosto de muitos.

Foi um acerto que o tenham deixado fixo, para que possa ter a tranquilidade necessária para trabalhar na seleção. Scaloni tem ideias claras, sabe enxergar o futebol e sobretudo sabe passar bem suas ideias. É fácil entendê-lo e lida muito bem com o grupo.
Messi

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O grande acerto de Tapia, mesmo com os problemas estruturais na confederação e no Campeonato Argentino, foi priorizar o futebol. Investimento em estrutura e carta branca para comissão técnica e liderança do elenco foram oferecidos.

A Argentina foi se encontrando: fez uma Eliminatória sem sustos e venceu a Copa América de 2021. O sentimento de pessimismo pós-Copa de 2018 virou esperança para a Copa do Qatar.

Scaloni foi ao Qatar sendo o primeiro técnico no comando da Argentina por quatro anos desde 2002. E já tinha o vínculo renovado até 2026. O interino virou o treinador apoiado por Messi e agora com apoio do povo.

Confiante, Lionel Scaloni fez as mudanças necessárias, como mexer no time durante a Copa após a derrota para a Arábia Saudita. O time se encontrou e acabou campeão do mundo diante da mesma França na decisão.

Esse papel de referência técnica pode ser exercido por Neymar, enquanto Ancelotti tem muito mais experiência que Scaloni. Resta saber se os problemas administrativos da CBF impactarão ou não dentro das quatro linhas.

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