CBF anuncia Ancelotti e, depois, audiência-chave para Ednaldo é cancelada
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O anúncio de Carlo Ancelotti como novo técnico da seleção brasileira veio horas antes de um importante capítulo político envolvendo a CBF.
A discussão é sobre a assinatura do Coronel Nunes, um dos ex-dirigentes da entidade, em um acordo judicial que pacificou uma disputa anterior, sobre a validade da eleição do presidente Ednaldo Rodrigues em 2022.
Às 14h desta segunda, teria uma audiência na Justiça do Rio que envolve um elemento usado pela oposição para tumultuar e colocar em xeque a gestão de Ednaldo. O documento foi assinado em janeiro de 2025, mas surgiram dúvidas sobre a condição mental do Coronel.
Só que a família do Coronel informou que ele não está em condições de participar da audiência. Assim, o desembargador que é o relator do caso, Gabriel Zefiro, cancelou a oitiva, sem que pudesse, até o momento, tirar a dúvida direta com Nunes.
O processo deve se desenrolar, com mais petições das partes para questionar o acordo.
Por que o assunto chegou à Justiça
Quem vai tirar essa dúvida, por determinação do ministro Gilmar Mendes, do STF, é o Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ).
Além do Coronel Nunes, Castellar Neto, Fernando Sarney, Gustavo Feijó, Adriano Aro (presidente da Federação Mineira) e o próprio Ednaldo Rodrigues (em nome da CBF) assinaram.
O documento é importante porque as partes reconhecem a validade da eleição de 2022, no processo que gerou o afastamento de Ednaldo em dezembro de 2023. O acordo, então, traria uma suposta calmaria ao ambiente político da CBF. Só que isso não durou cinco meses.
Quais os elementos trazidos para gerar dúvida de que Nunes, um octogenário ex-presidente da CBF, foi mesmo um dos signatários? Para começar, o estado de saúde dele.
O Coronel passou por uma cirurgia séria durante tratamento de câncer no cérebro.
Em 19 de junho de 2023, Jorge Pagura, médico que fez o procedimento e cuida do Coronel, fez um relatório no qual reportou "déficit cognitivo" no dirigente. Pagura ainda trabalha na CBF, como presidente da comissão médica.
O laudo passou a circular porque foi inserido em um processo na Justiça do Pará, no qual Nunes tentava interromper descontos de pensão da aposentadoria que recebe.
O relatório foi o primeiro elemento trazido na discussão atual sobre a assinatura do Coronel.
Na petição de Fernando Sarney, um dos vices da CBF que pediu afastamento de Ednaldo da CBF, mais um documento da mesma época: uma procuração assinada pelo Coronel dando poderes a outra pessoa para gerir sua conta bancária.
A escrevente do cartório até foi ao encontro do Coronel porque ele estava "impossibilitado de comparecer" ao órgão. A procuração tem tanto a assinatura por extenso quanto a rubrica do Coronel.
E a perícia?
Depois disso, veio um elemento controverso. Um parecer técnico de uma perita contratada pelo vereador carioca Marcos Dias (Podemos).
A empresa é de Jacqueline Tirotti. A conclusão dela é "impossibilidade de vinculação do punho" ao Coronel Nunes.
A perita citou "divergências em relação aos padrões apresentados, conforme demonstrado no exame, bem como, ressaltando a fragilidade do documento questionado, em razão da ausência de grampeamento/fixação de folhas e ausência de rubricas".
A empresa que fez o laudo já teve trabalhos contestados, como no uso de um vídeo para acusar o padre Julio Lancelotti de pedofilia e na discussão se a apresentadora Ana Hickmann assinou documentos que geraram uma dívida na casa de R$ 1 milhão.
A CBF disse que o laudo "está sendo utilizado de forma midiática e precipitada, em verdadeira espetacularização que atende a interesses nada republicanos e aparentemente questionado por terceiros absolutamente estranhos ao processo".
Como Gilmar Mendes viu isso
A análise sobre o Coronel foi toda juntada aos autos no STF.
Ao negar o afastamento de Ednaldo Rodrigues, Gilmar determinou que o TJ-RJ analise a questão das assinaturas. Até porque o acordo foi feito na Justiça do Rio e só levado a Brasília para homologação.
"Os documentos juntados trazem notícias e graves suspeitas de vícios de consentimento capazes de macular o negócio jurídico entabulado", reconheceu Gilmar.
Nessa mobilização que extrapolou o futebol, a CBF diz que "todos os atos relacionados ao acordo mencionado foram conduzidos dentro da legalidade e com a participação de representantes devidamente legitimados".
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