Corinthians negocia com Adidas e está disposto a comprar 'briga' com a Nike

A relação entre Corinthians e Nike está estremecida desde o ano passado, mas ganhou um novo capítulo de tensão em 2025. Isso porque o clube negocia contrato com a Adidas, uma das principais concorrentes no mercado.

O que aconteceu

O UOL apurou que o Timão está em tratativas com a Adidas. A ideia da atual gestão é fechar um negócio com a empresa de material esportivo a partir de 2026.

Porém, uma cláusula no contrato entre Corinthians e Nike impede que o clube negocie com uma terceira. "Se o clube receber uma oferta genuína de um terceiro, deverá notificar a Nike por escrito", diz trecho do documento, ao qual a reportagem teve acesso.

Até 90 dias antes do fim do Prazo do contrato (incluindo os Anos Opcionais, se exercidos), o CLUBE concorda em não permitir que seus agentes, advogados ou representantes negociem com terceiros sobre o fornecimento de Produtos ao CLUBE, ou patrocínio do CLUBE (ou arranjo similar de fornecimento ou promoção) relacionado a qualquer Produto. A NIKE terá o direito exclusivo de primeira negociação durante este período.
Trecho da cláusula 14, item A, do contrato com a Nike

"Deixar de notificar a Nike sobre uma oferta será considerado uma violação material do contrato", aponta a cláusula.

Inclusive, há sanções ao Corinthians previstas no acordo: rescisão de contrato com possibilidade de ação judicial; redução de 50% dos royalties e de receitas garantidas.

Fontes afirmam que não houve aviso à Nike, mas que o Alvinegro paulista estaria disposto a comprar uma "briga judicial" com a fornecedora, principalmente se a negociação com a Adidas avançar.

Na visão da atual gestão, o contrato com a atual parceira é defasado e pouco benéfico ao Corinthians. Os valores não são reajustados desde 2018, quando o acordo passou a valer — e não houve consenso entre as partes para atualização das cifras.

Atualmente, a Nike paga R$ 30 milhões por ano, valor considerado abaixo do mercado, especialmente quando comparado ao contrato do Flamengo com a Adidas, que é de R$ 69 milhões anuais. A proposta ao Alvinegro se aproxima deste montante e teria validade por dez anos.

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A diretoria também está insatisfeita com a qualidade do serviço prestado pela representante da Nike no Brasil, a Fisia — do grupo SBF — que assumiu o controle da distribuição desde de 2020. Quando o contrato foi inicialmente assinado, a Nike Inc. ainda mantinha atividades em solo brasileiro.

Por outro lado, há insegurança por parte Adidas nas negociações com o Timão, diante dos problemas administrativos. Na última terça-feira, o quarto pedido de impeachment contra o presidente Augusto Melo foi enviado ao Conselho Deliberativo. Caso uma negociação seja fechada sob a gestão de Melo, e ele seja destituído, o acordo pode ser anulado.

Procurado, o Timão disse que não se manifesta sobre acordo com patrocinadores e parceiros. Nike e Adidas também não responderam aos questionamentos do UOL.

Renovação automática é vista como 'abusiva'

Em dezembro, a Nike acionou a renovação automática, após encontrar dificuldade na comunicação com o Corinthians. Assim, o vínculo foi estendido até 2029 nos termos originais — outro ponto que incomoda a diretoria alvinegra.

Hoje, a cláusula de renovação automática é vista como "abusiva" pelo Timão e contrária "à lógica de mercado", segundo fontes.

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Para tentar uma renegociação, os departamentos jurídico e de marketing buscaram diálogo no início de 2025, mas com a renovação já tendo sido acionada, não houve avanço.

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