No início, pai de Neymar pôs família na mira de dívida | podcast Neymar #3

Neymar pai mostrou logo em um dos primeiros acordos que fechou para a carreira do filho que estava disposto a apostar muito alto para mudar a realidade da família com o talento do herdeiro.

No contrato mais arriscado que assinou, ainda antes da fama e da fortuna, ele colocou o futuro de todos à sua volta na mira de uma dívida de R$ 10 milhões, caso Neymar Jr. não vingasse no futebol.

Em 2009, ele fechou um acordo para receber da DIS, fundo de investimento em futebol ligado ao grupo Sonda, R$ 5 milhões em troca de 40% de uma venda futura da então promessa.

Se Neymar Jr. não desse certo no futebol, a aposta de alto risco viraria uma dívida com o dobro de valor.

Essa é uma das histórias contadas em "Sonhador", terceiro episódio de "Neymar", novo podcast original UOL Prime que investiga a trajetória de Neymar Jr. e de seu pai, Neymar da Silva Santos.

O podcast terá seis episódios, que serão publicados sempre às terças no canal de YouTube do UOL Prime e em todas as plataformas de podcasts (Spotify, Apple Podcasts e Deezer) e às quartas no YouTube de UOL Esporte.

O podcast revela como Neymar pai construiu um império bilionário em torno do talento e da imagem do filho, fazendo dele não apenas um jogador de renome mundial, mas uma mega celebridade.

Neymar fotografado em sua casa, em Santos, em 2009
Neymar fotografado em sua casa, em Santos, em 2009 Imagem: Caio Guatelli/Caio Guatelli/Folhapress

O preço do sucesso

A situação da família Neymar no começo de 2009 era bem diferente da atual.

O filho ainda não havia estreado no profissional e o pai, mesmo presente na carreira do "Juninho", ainda trabalhava na CET. Wagner Ribeiro era o empresário.

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Ribeiro e Neymar pai já tinham conseguido em 2006 o primeiro contrato significativo da carreira de Neymar Jr., quando levaram a então promessa para fazer testes no Real Madrid.

Na volta, a dupla fechou um acordo de imagem com o Santos.

Três anos depois, Ribeiro apresentou a Neymar pai o empresário Delcir Sonda, da DIS.

O fundo já tinha negócios com o Santos —um ano antes tinha investido R$ 3 milhões em vários nomes da base santista, incluindo Paulo Henrique Ganso, parceiro de Neymar Jr.

Em março, Neymar e DIS assinaram o acordo. Neymar pai recebeu R$ 5 milhões —uma entrada de R$ 500 mil, seguida de dez parcelas mensais de R$ 450 mil—, mas a parceria trazia vários riscos:

  • O jogador se comprometia a não sair do Santos de graça;
  • Se o jogador deixasse o clube sem autorização da DIS, ele e seu pai precisariam indenizar a empresa em R$ 10 milhões;
  • Caso Neymar Jr. cumprisse o contrato com o Santos até o fim, ele e seu pai teriam que devolver os R$ 5 milhões corrigidos à DIS;
  • Se a DIS não tivesse lucro na operação, uma cláusula destinava à empresa, como garantia, 10% dos futuros direitos de imagem e receitas publicitárias de Neymar.
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Em qualquer cenário no qual a carreira de Neymar Jr. não decolasse ou ele não fosse jogar fora do país, seu pai passaria a ser devedor de milhões de reais.

Mas nenhum problema, como lesão ou problema de adaptação, ocorreu. Neymar Jr. estreou no profissional no dia seguinte à assinatura do contrato, e explodiu.

O pai de Neymar, em múltiplos contatos com a reportagem entre 2016 e 2019, sempre enfatizou os riscos que correu no contrato de 2009 como parte da defesa da sua manobra na operação com o Barcelona.

Neymar pelo Barcelona contra o Ajax em 2013
Neymar pelo Barcelona contra o Ajax em 2013 Imagem: David Ramos/Getty Images

Linha direta com o Barça

Quando o atacante foi vendido, em 2013, o Santos fechou com o Barcelona por 17,1 milhões de euros —a DIS recebeu 40% disso, equivalente a 6,8 milhões de euros.

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Meses depois, veio à tona que Neymar pai havia recebido 40 milhões de euros pagos diretamente pelo Barcelona, à parte da negociação com o Santos.

A DIS, então, passou a pleitear na Justiça 40% desse valor.

Uma guerra judicial no Brasil e na Espanha envolvendo Santos, Barcelona, Neymar e DIS começou.

Para a DIS, ela dura até hoje: o jogador e seu pai foram inocentados na Justiça Espanhola em 2022, mas a empresa não desistiu e recorreu.

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