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Quando estava para estourar a idade das categorias de base, o atacante Léo Souza preferiu se arriscar na terceira divisão do Japão ao invés de tentar se provar em um time distante da elite brasileira. A decisão de sete anos atrás foi tomada, conforme contou ao UOL, após o Santos não ter cumprido a promessa feita para tirá-lo do Corinthians.
Atualmente em sua oitava temporada na Ásia, o brasileiro virou artilheiro em três países diferentes do continente e não se arrepende em nada da escolha que tomou.
Saiu do Corinthians por promessa quebrada do Santos
Léo Souza começou na base do Red Bull Brasil antes de se juntar ao Corinthians, em 2012. Natural de Sorocaba e amante do futsal, ele contou que migrou da quadra para o campo pela aspiração financeira e que deslanchou rapidamente, sempre atuando como camisa 9. Não demorou para ser comparado a craques como Neymar e Lionel Messi.

O atacante ficou quatro anos no clube do Parque São Jorge e despertou interesse do Santos após passagem por empréstimo ao Ituano. A então promessa fez sua estreia como profissional pelo time do interior, recebeu uma proposta do rival ao retornar para o Alvinegro Paulista e aceitou defender o time da Baixada Santista em 2016.
Segundo Léo, o Peixe prometeu promovê-lo ao elenco principal caso vingasse, mas a chance nunca veio mesmo com ele sendo o artilheiro do sub-20. O jovem passou a temporada inteira atuando na base, mas estouraria a idade da categoria no ano seguinte. Ele só treinou no profissional, mas foi informado pela diretoria de que não seria aproveitado porque clube estava com o setor cheio —Rodrigão havia sido contratado para ser o substituto direto do titular Ricardo Oliveira.

A minha saída do Corinthians foi muito pelo que o Santos me prometeu. Eu estava bem no [sub-20 do] Corinthians, com bons números. Fui emprestado para o Ituano, joguei profissionalmente em 2015 e, quando eu voltei, o Santos me fez o convite para que eu pudesse ir. Se eu me destacasse na base, eles me subiriam o profissional porque o Ricardo Oliveira era o titular absoluto e eles precisavam de um menino para que, com o tempo, pudesse ir entrando aos poucos e jogar.
Eu fui para o Santos por isso, porque eles me prometeram e eu cumpri com o que foi o combinado. Fiz ótimos números, fui artilheiro do Campeonato Paulista [sub-20], fui muito bem o ano inteiro e no final do ano eles tinham contratado o Rodrigão. Acabou ficando com três centroavantes lá [no profissional] e não tinha espaço para mim. [A promessa] ficou no esquecimento, acho que nem devem se lembrar. Querendo ou não, me abriu portas no Japão e hoje o nome que eu construí na Ásia foi graças a isso.
Léo Souza, ao UOL
Escolha pelo Japão
Dispensado pelo Santos, ele decidiu se aventurar na terceira divisão do Japão e crava: "Foi a melhor escolha". Prestes a completar 21 anos na época, o atacante recebeu a proposta após ser apresentado a um scout japonês que veio ao Brasil para buscar jovens talentos. Léo ponderou suas opções e explicou o raciocínio para aceitar a oferta e construir carreira no outro lado do globo.

Quando você pega [a proposta] e olha, pensa: 'Ah, mas é a terceira divisão do Japão'. Todo mundo meio que se assusta. Só que, na realidade, o que eu teria para o próximo ano também seria uma A2, uma A3 de um Campeonato Paulista. Eu não teria já um clube de Série A ou B para jogar. Eu teria que mostrar a minha qualidade para que daí conseguisse um time para disputar o Campeonato Brasileiro.
Então, vendo por esse lado, eu pensei: 'Pô, a chance de crescer lá vai ser maior do que aqui, porque aqui vai ter mais dificuldade e lá eu vou ter um ano para poder me adaptar e me destacar'. E isso foi muito bom para mim, eu não me arrependo, foi a melhor escolha que eu tive. Ir pro Japão foi muito bom para mim e para a minha família.
Sucesso na Ásia

Léo Souza se destacou de imediato no Japão e em dois anos subiu até a primeira divisão local. Ele chegou ao tradicional Urawa Reds após ter marcado 52 gols em 71 partidas nos dois clubes que defendeu anteriormente. Entrou para a história do futebol japonês ao ser o primeiro artilheiro duas vezes seguidas.
O brasileiro ingressou no futebol chinês em 2021 e na temporada seguinte foi artilheiro na Coreia do Sul, em sua breve passagem pelo país devido à pandemia de covid-19. Foi considerado o atacante mais perigoso do futebol coreano com 14 gols e seis assistências pelo Ulsan Hyundai.
O camisa 9 retornou à China e acumulou marcas: foi o principal goleador em 2023 e vice-artilheiro em 2024. Balançou as redes 55 vezes nessas duas temporadas combinadas.
Iniciando sua oitava temporada na Ásia, Léo foi contratado para ser o "substituto" de Oscar no Shanghai Port. Atual bicampeão, o time da capital chinesa quis repor a saída do histórico camisa 8 com outro brasileiro, que inclusive passou a atuar mais recuado pela primeira vez na carreira. Até o momento, são seis gols e duas assistências em 12 partidas disputadas pelo novo clube.

O sucesso no futebol asiático faz o brasileiro não cogitar um retorno ao Brasil, mas ele também não descarta a possibilidade. Léo tem contrato com o Shanghai Port por mais três anos e, após 2027, poderá se naturalizar chinês. O jogador de 27 anos recebeu sondagens de times brasileiros nas últimas temporadas, mas não se animou e se diz contente vivendo do outro lado do mundo com a esposa e os dois filhos.
Eu não gosto de dizer nunca, porque pode ser algo legal mais para o final da minha carreira. Não vou falar não, mas não é uma questão que brilhe os meus olhos. Não tenho essa motivação de querer jogar no futebol brasileiro, estou feliz aqui. Eu não sei se eu voltaria a jogar hoje no Brasil. Pode ser que sim, no futuro, mas não é uma coisa que eu tenho como objetivo agora.
Léo Souza, ao UOL
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