Dívida do Corinthians sobe R$ 257 milhões e já ultrapassa R$ 2,5 bilhões

O Corinthians finalizou as demonstrações financeiras referentes a 2024, primeiro ano da gestão Augusto Melo, e o clube alcançou R$ 2,5 bilhões em dívida bruta.

Dívida do Timão aumentou em 2024

O aumento da dívida no último ano foi de aproximadamente R$ 257 milhões, de acordo com os documentos apresentados pelo departamento financeiro do Timão, aos quais o UOL teve acesso.

No contexto, cerca de R$ 107 milhões foram em investimentos no futebol e outros R$ 192 milhões de contas a pagar (agentes, bancos, fornecedores).

O clube também considera o abatimento de R$ 150 milhões no total da dívida, captados com a LFU — do acordo por direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro.

Sem esse valor, o número atualizado de débitos alcança R$ 2,5 bilhões.

Em contrapartida à dívida, o Corinthians bateu um recorde de receita, ultrapassando R$ 1,1 bilhão. Alguns fatores colaboraram para isso, inclusive aumento de 13% nas receitas recorrentes e aumento de 35% na venda de atletas.

O departamento financeiro também informou que o financiamento da Neo Química Arena diminuiu: R$ 668 milhões. Em 2024, R$ 42 milhões foram pagos pelo clube à Caixa.

Corinthians - evolução da dívida bruta
Corinthians - evolução da dívida bruta Imagem: Reprodução

Clube reconhece dívidas passadas

A atual gestão também reconheceu R$ 191,2 milhões em dívidas e contingências que têm origem em 2023 ou antes. No documento, o financeiro explica que o resultado de 2024 e o passivo de dezembro de 2023 serão ajustados em análises futuras.

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Os valores foram detalhados da seguinte forma:

  • Apropriação de juros PROFUT: R$ 30,2 milhões.
  • Contingências prováveis de 2023: R$ 56,2 milhões.
  • Parcelamentos de ISS - Prefeitura: R$ 76,0 milhões.
  • Contingências de dívidas passadas: R$ 28,8 milhões

Em nota, Wesley Melo, ex-diretor financeiro do Corinthians, rebateu os valores apresentados e afirmou que não irá tolerar manobras que "tentem mascarar o evidente estouro de orçamento".

Manifestamos ainda nossa plena confiança nos processos auditados e aprovados dos balanços anteriores em todos os órgãos competentes. Não vamos tolerar manobras que tentem mascarar o evidente estouro de orçamento, visível a olho nu, ao qual nem o Cori, com maioria de membros eleitos pela atual gestão, tem sucesso em analisar dentro dos prazos.
Wesley Melo, ex-diretor financeiro do Corinthians, em nota
Corinthians - nota sobre ajustes gerenciais
Corinthians - nota sobre ajustes gerenciais Imagem: Reprodução

Corinthians não apresentou balanço consolidado

O relatório da GF Brasil Auditoria & Consultoria menciona especificamente a "ausência da divulgação das demonstrações financeiras consolidadas". A auditoria independente expressou uma "opinião com ressalva" em sua análise do balanço do Corinthians.

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De acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil, o clube deveria divulgar o balanço consolidado. Isso porque, com esses números, o relatório da auditoria poderia ter sido afetado de forma relevante.

O relatório também chamou a atenção para uma "incerteza relevante relacionada com a continuidade operacional" devido ao déficit de R$ 181.766 mil no exercício de 2024, ao passivo circulante excedendo o ativo circulante em R$ 516.504 mil e ao patrimônio líquido negativo em R$ 425.212 mil.

O que diz a gestão Duílio

As demonstrações apresentadas pela gestão atual e suas supostas conclusões exigem uma análise técnica, à luz da legislação contábil, o que demanda tempo e, principalmente, relatórios e documentos a que precisamos ter acesso - o que já foi requerido.

Manifestamos ainda nossa plena confiança nos processos auditados e aprovados dos balanços anteriores em todos os órgãos competentes. Não vamos tolerar manobras que tentem mascarar o evidente estouro de orçamento, visível a olho nu, ao qual nem o Cori, com maioria de membros eleitos pela atual gestão, tem sucesso em analisar dentro dos prazos.

A entrevista do Diretor Financeiro publicada no "ge" falando dos números, antes mesmo de os órgãos competentes do clube terem acesso aos dados, também demonstra que a gestão continua disposta a ignorar procedimentos a fim de sustentar narrativas unilaterais e, como vimos no passado, incorretas.

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