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A parte médica da discussão sobre gramado sintético deve ter em breve um panorama mais preciso, de acordo com a expectativa da CBF. E o motivo é o resultado de um levantamento feito ao longo do Brasileirão 2024, que deve sair em breve.
A entidade recolheu dados junto aos clubes sobre a incidência de lesões ao longo do campeonato: onde ocorreram, em qual campo, em qual parte do corpo, se teve trauma ou foi muscular.
O levantamento é inédito no Brasil e quer compilar os dados na tentativa de gerar um raio x sobre o que acontece na elite do país a respeito do gramado sintético.
A CBF quer uma amostragem que gere algo de pelo menos mil horas de jogo no terreno sintético para tentar obter alguma amostra que entenda ser estatisticamente relevante.
Classificação e jogos
Na visão da comissão médica, a ideia de fazer essa pesquisa se dá por não enxergar em trabalhos científicos feitos no exterior algo conclusivo e confiável.
"Os trabalhos mostram vantagens e desvantagens. Não tem algo peremptório. O que se tem é muito baseado em futebol americano, coisas desse tipo. Vamos ter uma amostragem agora, porque estamos trabalhando com mais campos (três). Está sendo feito um trabalho estatístico para ver se há uma prevalência de lesões apontadas. É uma discussão em aberto", disse Jorge Pagura, presidente da comissão médica da CBF, ao UOL.
A tentativa é que esse levantamento seja concluído nas próximas semanas, mas dificilmente ficará pronto antes do conselho técnico da Série A. A CBF ainda não confirmou a data, mas tem a expectativa de realizá-lo semana que vem.
A CBF não vai se meter diretamente na política ou nos votos dos clubes sobre o assunto. Mas quer oferecer elementos técnicos para o debate sobre o gramado sintético. Ainda que não seja já para o Brasileirão 2025.
A ideia da CBF é debater os resultados do levantamento junto aos médicos de clubes da Série A.
A manifestação dos jogadores na terça-feira apimentou o assunto. Há clubes se movimentando para articular a proibição gradual do sintético na Série A, quando ocorrer o conselho técnico.
Mas, pelo menos em relação à campanha dos jogadores, o principal ponto diz respeito mais à qualidade e efeito no jogo do que no aspecto de saúde. Embora uma questão possa ser consequência da outra.
A visão dos clubes
Nos bastidores, a postagem dos jogadores foi tratada pelos defensores da grama sintética como superficial.
O Botafogo soltou uma nota oficial. Um trecho dela diz:
"Embora respeite a opinião dos atletas que se manifestaram e reconheça a importância do debate, o Botafogo sugere a todas as partes (imprensa, jogadores, torcedores de todos os clubes) que se aprofundem sobre o tema e reafirma a sua posição de defesa do gramado sintético".
Já o Palmeiras pontuou que "respeita a opinião dos atletas que manifestaram preferência por campos de grama natural e considera urgente o debate sobre a qualidade dos gramados do futebol brasileiro; este problema, contudo, não será solucionado com críticas rasas e sem base científica".
O terceiro clube da elite com gramado sintético é o Atlético-MG. "O clube respeita a opinião desses atletas, porém ressalta que não há estudos científicos que comprovem aumento do risco de lesões em gramados artificiais", disse o Galo.
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