Plano de Milei atinge bolso de brasileiros na final na Argentina: 'Puxado'

Atleticanos e botafoguenses têm sentido no bolso os dias em Buenos Aires (ARG) para a final da Libertadores. A política econômica do presidente Javier Milei tem refletido diretamente nos preços, fazendo com que a estratégia financeira da viagem dos torcedores passe por mudanças no orçamento.

O presidente implementou uma política austera de desregulamentação da economia, redução do tamanho do Estado e corte de gastos públicos. No entanto, as medidas afetaram o bolso da população, e a inflação ao consumidor acumulada no ano é de 107% (leia mais abaixo).

Jeitinho brasileiro

O aperto nas contas tem feito com que muitos estejam apelando para o "jeitinho brasileiro". Alguns, por exemplo, têm trocado o conforto do transporte por aplicativo pela caminhada.

Na alimentação, uma grande quantidade opta por lanches. Quem alugou apartamentos ou casas por "Airbnb" têm comprado comidas no mercado e feito suas refeições na residência para economizar.

Está puxado. Eu vim aqui há dez anos e agora está completamente diferente para o brasileiro. Quando eu vim, não gastei praticamente nada. Achamos até engraçado de tanto que era barato. Agora estamos preferindo ir a pé, às vezes, do que pegar carro de aplicativo porque o preço está desproporcional. É uma diversão que está saindo meio cara, mas se Deus quiser irá valer a pena (risos).
Atleticano que almoçava no mesmo restaurante da reportagem

Chope a R$ 34 nos pontos turísticos

Torcedores do Botafogo em Puerto Madero: copo de chope equivale a R$ 34 no local
Torcedores do Botafogo em Puerto Madero: copo de chope equivale a R$ 34 no local Imagem: Bruno Braz / UOL

Quem consome bebida alcoólica também tem sofrido bastante. Um copo de chope nos locais mais turísticos está custando, em média, 6 mil pesos, o que é equivalente a cerca de R$ 34. Por isso, muitos têm optado por comprar nos chamados "kioscos", que são pequenas mercearias que vendem a preços menores.

Continua após a publicidade

Outros têm sido mais ousados e levado bebidas compradas no mercado para as ruas, algo que não foi recomendado pelas autoridades locais por medidas de segurança. Geralmente, escondem em sacolas ou caixas.

"Mais de R$ 30 está pesado! Tentei desenrolar promoção e não tinha. Tentei desenrolar um 'chorinho' e não tinha. Está complicado!", disse um botafoguense que "invadiu" a live do UOL para fazer seu protesto etílico.

Camisa do Boca a R$ 700

O UOL esteve nas sedes de dois grandes clubes da Argentina nesta quinta-feira (29) e os preços das camisas oficiais de jogo têm assustado os brasileiros.

Na loja oficial do Boca Juniors, na Bombonera, por exemplo, a atual estava 120 mil pesos, o que equivale a cerca de R$ 711. Mesmo assim, existia uma fila longa de atleticanos e botafoguenses para acessar o local.

Na do Racing está um pouco mais barato, mas nem por isso deixa de estar salgado. A tradicional, listrada em azul e branco está 85 mil pesos (cerca de R$ 504).

Continua após a publicidade

Milei fala em 'política de austeridade'

Javier Milei, presidente da Argentina, cumprimenta presidente Lula em chegada à Cúpula do G20
Javier Milei, presidente da Argentina, cumprimenta presidente Lula em chegada à Cúpula do G20 Imagem: G20 Brasil/Reprodução de vídeo

Javier Milei assumiu a presidência na Argentina em 10 de dezembro de 2023. Economista da ultradireita e outsider político, ele derrotou nas urnas o candidato Sergio Massa, que era ministro da Economia e peronista do União pela Pátria.

O atual presidente se declara "anarcocapitalista", corrente ultraliberal que defende privatizações e ausência do Estado. Ele declarou que iria "reconstruir" a Argentina.

Desde então, tenta emplacar o que chama de "política de austeridade". Essas medidas visam reduzir o déficit fiscal, mas têm impacto significativo na população, especialmente nos mais vulneráveis.

Pesquisas apontam que a taxa de pobreza no país aumentou para mais de 50% da população nos primeiros seis meses do Governo Milei. A Argentina vem de três trimestres consecutivos de quedas no PIB e tem uma contração prevista de 3,5% para 2024.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.