Atleticanos e botafoguenses têm sentido no bolso os dias em Buenos Aires (ARG) para a final da Libertadores. A política econômica do presidente Javier Milei tem refletido diretamente nos preços, fazendo com que a estratégia financeira da viagem dos torcedores passe por mudanças no orçamento.
O presidente implementou uma política austera de desregulamentação da economia, redução do tamanho do Estado e corte de gastos públicos. No entanto, as medidas afetaram o bolso da população, e a inflação ao consumidor acumulada no ano é de 107% (leia mais abaixo).
Jeitinho brasileiro
O aperto nas contas tem feito com que muitos estejam apelando para o "jeitinho brasileiro". Alguns, por exemplo, têm trocado o conforto do transporte por aplicativo pela caminhada.
Na alimentação, uma grande quantidade opta por lanches. Quem alugou apartamentos ou casas por "Airbnb" têm comprado comidas no mercado e feito suas refeições na residência para economizar.
Classificação e jogos
Está puxado. Eu vim aqui há dez anos e agora está completamente diferente para o brasileiro. Quando eu vim, não gastei praticamente nada. Achamos até engraçado de tanto que era barato. Agora estamos preferindo ir a pé, às vezes, do que pegar carro de aplicativo porque o preço está desproporcional. É uma diversão que está saindo meio cara, mas se Deus quiser irá valer a pena (risos).
Atleticano que almoçava no mesmo restaurante da reportagem
?Tá caro aí na Argentina??
? Pedro Certezas (@pedrocertezas) November 27, 2024
TOMA LOUCURA MONETÁRIA!!!!!!!! pic.twitter.com/Oasljir6db
Chope a R$ 34 nos pontos turísticos
Quem consome bebida alcoólica também tem sofrido bastante. Um copo de chope nos locais mais turísticos está custando, em média, 6 mil pesos, o que é equivalente a cerca de R$ 34. Por isso, muitos têm optado por comprar nos chamados "kioscos", que são pequenas mercearias que vendem a preços menores.
Outros têm sido mais ousados e levado bebidas compradas no mercado para as ruas, algo que não foi recomendado pelas autoridades locais por medidas de segurança. Geralmente, escondem em sacolas ou caixas.
"Mais de R$ 30 está pesado! Tentei desenrolar promoção e não tinha. Tentei desenrolar um 'chorinho' e não tinha. Está complicado!", disse um botafoguense que "invadiu" a live do UOL para fazer seu protesto etílico.
Camisa do Boca a R$ 700
O UOL esteve nas sedes de dois grandes clubes da Argentina nesta quinta-feira (29) e os preços das camisas oficiais de jogo têm assustado os brasileiros.
Na loja oficial do Boca Juniors, na Bombonera, por exemplo, a atual estava 120 mil pesos, o que equivale a cerca de R$ 711. Mesmo assim, existia uma fila longa de atleticanos e botafoguenses para acessar o local.
Na do Racing está um pouco mais barato, mas nem por isso deixa de estar salgado. A tradicional, listrada em azul e branco está 85 mil pesos (cerca de R$ 504).
Milei fala em 'política de austeridade'
Javier Milei assumiu a presidência na Argentina em 10 de dezembro de 2023. Economista da ultradireita e outsider político, ele derrotou nas urnas o candidato Sergio Massa, que era ministro da Economia e peronista do União pela Pátria.
O atual presidente se declara "anarcocapitalista", corrente ultraliberal que defende privatizações e ausência do Estado. Ele declarou que iria "reconstruir" a Argentina.
Desde então, tenta emplacar o que chama de "política de austeridade". Essas medidas visam reduzir o déficit fiscal, mas têm impacto significativo na população, especialmente nos mais vulneráveis.
Pesquisas apontam que a taxa de pobreza no país aumentou para mais de 50% da população nos primeiros seis meses do Governo Milei. A Argentina vem de três trimestres consecutivos de quedas no PIB e tem uma contração prevista de 3,5% para 2024.
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