A torcida organizada Mancha Verde se pronunciou sobre a emboscada sofrida por torcedores da Máfia Azul, do Cruzeiro, que resultou em um morto e em 17 feridos.
O que a Mancha disse
A Mancha negou qualquer participação. Em nota, a organizada disse que vem sendo "apontada injustamente" de envolvimento no caso, que classificou como "fatídico e lamentável".
A torcida organizada disse que não pode ser responsabilizada por "ações isoladas de 50 torcedores". A Mancha afirmou que conta com mais de 45 mil associados e repudiou o ocorrido, ressaltando que é contrária a atos de violência.
A Mancha também se colocou à disposição das autoridades. A organizada escreveu que pode colaborar nas investigações ajudando na identificação e punições dos responsáveis pelo ataque.
Queremos desde já deixar claro que a Mancha Alvi Verde não organizou, participou ou incentivou qualquer ação relacionada a esse incidente. Com mais de 45.000 associados, nossa torcida não pode ser responsabilizada por ações isoladas de cerca de 50 torcedores, que desrespeitam os princípios de respeito e paz que promovemos e defendemos.
Confira o comunicado da Mancha
A Mancha Alvi Verde vem sendo apontada injustamente, através de alguns meios de imprensa e redes sociais, de envolvimento em uma emboscada ocorrida na Rodovia Fernão Dias, próximo ao túnel de Mairiporã, na madrugada deste domingo (27). O incidente resultou tragicamente na morte de um torcedor do Cruzeiro e deixou outros feridos. Lamentamos profundamente mais esse triste acontecimento e manifestamos nossa solidariedade e demonstramos nosso consternamento aos familiares da vítima, repudiando com veemência tais atos de violência.
Queremos desde já deixar claro que a Mancha Alvi Verde não organizou, participou ou incentivou qualquer ação relacionada a esse incidente. Com mais de 45.000 associados, nossa torcida não pode ser responsabilizada por ações isoladas de cerca de 50 torcedores, que desrespeitam os princípios de respeito e paz que promovemos e defendemos.
A Mancha Alvi Verde repudia toda e qualquer forma de violência e reafirma seu comprometimento e compromisso com a segurança e a convivência pacífica entre torcedores. Estamos à disposição das autoridades para colaborar plenamente com as investigações, auxiliando na identificação e punição dos responsáveis por mais esse fatídico e lamentável episódio ocorrido na madrugada desse domingo.
Mancha Alvi Verde
Um morto e 17 feridos
A emboscada do último domingo (27) deixou um homem de 30 anos morto e 17 feridos. A ação reuniu cerca de 120 torcedores de Palmeiras e Cruzeiro em Mairiporã, no interior de São Paulo, segundo a Polícia Rodoviária Federal.
A confusão começou por volta de 5h20 no quilômetro 65 da Fernão Dias e teve um ônibus incendiado. Dois ônibus com torcedores de Palmeiras e Cruzeiro se encontraram, fecharam a rodovia e partiram para a confusão com pedaços de madeira e bombas caseiras. A Fernão Dias chegou a ficar interditada no sentido Belo Horizonte
Todas as vítimas são torcedores do Cruzeiro. De acordo com as autoridades, quinze vítimas foram levadas ao Pronto Socorro Anjo Gabriel, em Mairiporã, e três encaminhadas ao Hospital de Franco da Rocha. Sete pessoas sofreram traumatismo craniano e um homem teve uma lesão por arma de fogo no abdômen, mas não corre risco de morrer.
Os agressores fugiram antes da chegada da polícia. Entre os feridos, estava José Victor Miranda, de 30 anos, que foi levado ao hospital, mas acabou morrendo durante o atendimento. Ele deixa um filho de sete anos.
Rixa entre as organizadas
A rivalidade existe desde a década de 80 e ficou ainda mais acirrada em 2022. Naquele ano, o presidente da torcida alviverde, Jorge Luis, foi espancado por rivais em uma briga no interior de Minas Gerais.
Imagens do principal líder palmeirense ensanguentado e submetido pelos cruzeirenses viralizaram em grupos e redes das torcidas. Jorge Luis teve seus documentos tomados pela torcida rival, que celebrou o feito.
"Você vai voltar vivo porque nós temos ideologia", disse um membro da organizada do Cruzeiro, enquanto filmava Jorge com a cabeça ensanguentada.
A Máfia Azul seguia provocando o presidente da Mancha desde então. Integrantes da organizada do time mineiro levavam a carteirinha de associado de Jorge Luis para mostrá-la em todos os jogos do Cruzeiro em São Paulo.
Não havia conflito entre as organizadas antes do final da década de 1980, até que Cléo, um dos fundadores da Mancha, foi morto. Em 1988, Cleofas Sóstenes Dantas da Silva foi baleado com dois tiros ao lado do antigo Parque Antártica.
Na partida seguinte ao assassinato, contra o Cruzeiro, os integrantes da torcida alviverde organizaram homenagens, e a Máfia Azul debochou. O placar eletrônico mostrava a frase "Cléo e Palmeiras, unidos eternamente", mas a festa foi interrompida por cânticos da organizada mineira que insultavam Cléo. Os relatos de quem estava presente diz que os cruzeirenses cantaram "Cléo morreu, a Mancha se fu***". A provocação desencadeou uma briga no setor destinado à torcida visitante. Em seguida, palmeirenses que estavam em outras partes da arquibancada correram para ajudar.
Após o episódio, as torcidas passaram a rivalizar tanto dentro dos estádios como fora deles. Além disso, a situação também abriu portas para que a Mancha Alvi Verde se aliasse à Galoucura, principal torcida organizada do Atlético-MG, rival da Máfia Azul, que por sua vez é aliada da Independente, do São Paulo.
A história é contada em "Sobre meninos e porcos", a terceira temporada do podcast "UOL Esporte Histórias", que narra a fundação e os primeiros anos da Mancha Alvi Verde.
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