O senador Carlos Portinho (PL-RJ) afirmou que houve omissão de imagem na partida Botafogo 3 x 4 Palmeiras, no Brasileirão de 2023, e que vai pedir abertura de investigação em seu relatório na CPI da Manipulação de Jogos e Apostas.
O que aconteceu
Portinho criticou a atuação do VAR por não ter mostrado ao árbitro um ângulo específico no lance da expulsão de Adryelson. A imagem em questão virou pauta após John Textor, dono da SAF do Botafogo, publicar na noite da última terça (5) um vídeo que exibe uma câmera, em outra posição, que não foi apresentada a Braulio da Silva Machado durante a revisão no monitor. O VAR era comandado por Rafael Traci.
O senador disse que a arbitragem de vídeo cometeu manipulação de imagem e que isso justifica abertura de investigação no Ministério Público. Ele recebeu coro de Eduardo Girão (NOVO-CE): "O que me preocupa é que essa imagem estava sempre lá. Isso que é escandaloso. E o torcedor não teve acesso a essas imagens durante a transmissão, só foi revelada depois. Acho que tem que investigar".
O árbitro de campo acertou de primeira, aí veio um bando de palpiteiro da cabine. Esses do VAR atrapalharam o de campo. Pior que atrapalhar, omitiram a imagem que era determinante para a decisão correta, que estava correta desde o início. Isso é manipulação de imagem. Carlos Portinho
Classificação e jogos
Isso, para mim, foi a coisa mais série e que justifica uma investigação ser aberta pelo MP. Estou deixando bem claro porque vou no relatório pedir. A imagem foi suprimida. O arbitro acertou de primeira, aí veio um bando de palpiteiro da cabine.
O presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, Wilson Luiz Seneme, disse que o VAR não tem obrigação de mostrar todas as câmeras. Ele citou o protocolo da Fifa e defendeu a capacitação dos árbitros antes de ser interrompido pelo senador.
Protocolarmente, pelos róis de função, um arbitro de vídeo não está obrigado a mostrar para o de campo todos os ângulos que estão na cabine nem todos os ângulos que ele visualizou, até porque... Wilson Seneme
Portinho pegou essa parte da declaração do chefe de arbitragem e problematizou: "Ele pode escolher o que ele manda? Isso é muito grave". O parlamentar eximiu o Palmeiras, mas ressaltou que tal conduta do VAR aumenta a necessidade de uma investigação da partida.
Ele pode escolher o que ele manda? Isso é muito grave, é a vontade discricionária da cabine do VAR. Já aconteceu, não vai voltar o campeonato, não estou dizendo que houve manipulação [de resultado], não entro em clubismo. Mas você dizer que a cabine do VAR não é obrigada a mandar todos os lances para elucidação do arbitro de campo é seríssimo. Torna ainda mais séria a necessidade de investigação dessa partida.
Não tem nada a ver com o Palmeiras. Se o árbitro do VAR escolher o que manda, é melhor a sugestão da Leila. É melhor um técnico de informática que fragmenta e manda pro de campo decidir. Isso induz, se aconteceu nessa partida, estou vendo que acontece em outras. Como ele vai saber que omitiram dele essa câmera? Portinho
Seneme respondeu que ele não tinha concluído seu raciocínio e opinou que a expulsão foi aplicada após o contato na bola. "O protocolo do VAR da Fifa estabelece que não tem obrigatoriedade de checar todas as câmeras. Senão, o jogo vai ficar interrompido por muito tempo. Não é assim que o VAR funciona", complementou.
Não terminei a minha fala em relação a isso. (...) Sobre a última imagem: A falta não se caracterizou no momento que termina a imagem ali. A falta se caracteriza na sequência que o jogador do Botafogo toca a bola. É a mesma câmera, mas é na sequência da jogada. Seneme
O que mais Seneme disse
Capacitação do VAR: "Todo processo de capacitação dos árbitros segue uma norma, dada pela Fifa. Nenhum VAR pode pilotar a cabine sem ter a sua certificação, dada pela Fifa de um longo período de trabalho se capacitando para estar ali dentro. Não é nenhum leigo que está ali dentro. Aqueles que estavam lá são extremamente preparados, com experiências internacionais.
Expulsão de Adryelson: "Na minha visão, com experiência e conhecimento como membro de comissão de arbitragem da Fifa e presidente da comissão de arbitragem da Conmebol por seis anos, tenho elementos na situação que caracterizam uma oportunidade de gol e uma falta marcada. É uma situação interpretativa e não factual, como diz o VAR, mas, sim, há elementos para isso".
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Quero receberQualidade e atuação de Braulio: "O arbitro, quando vai a zona de revisão, como foi o Braulio, um dos poucos árbitros do mundo que trabalhou como arbitro da Fifa no campo e na cabine VAR... Ele é o árbitro de campo mais preparado que há no quadro da CBF para analisar uma jogada na área de revisão. Quando ele vai lá, as imagens que o árbitro de vídeo proporciona a ele não são definitivas. O protocolo é muito claro nisso quando estabelece que, quando o árbitro está na zona de revisão, ele passa a ser o VAR. E aí a minha segurança de que o Braulio tem qualidade para isso. Eu escutei o Braulio pedindo outras câmeras. É uma decisão, na minha visão, não há nenhuma caracterização que não seja a regra do jogo sendo cumprida".
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