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Em amistosos, seleção tem disputa pelas últimas 5 vagas na lista para Copa

Zagueiro Ibañez corre com Neymar e Paquetá no treino da seleção  - Lucas Figueiredo/CBF
Zagueiro Ibañez corre com Neymar e Paquetá no treino da seleção Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Thiago Arantes

Do UOL, em Le Havre (FRA)

20/09/2022 04h00

A dois meses do início da Copa do Mundo, a seleção brasileira vive momentos de definição. Os amistosos contra Gana, sexta-feira, em Le Havre, e Tunísia, no dia 27, em Paris, serão os últimos antes da estreia no Mundial. Para o técnico Tite, a chance final de fazer testes e observar de perto candidatos às 26 vagas da convocação definitiva.

A base da seleção que vai ao Qatar está definida, mas, de forma mais explícita, há cinco vagas que ainda estão abertas a mudanças nesta reta final. A comissão técnica ainda tem dúvidas sobre um zagueiro, um lateral-direito, um lateral-esquerdo, um meia e pelo menos um atacante. Há, ainda, a possibilidade de variações nos "conjuntos" por posição: levar cinco zagueiros e três laterais, deslocando um dos centrais para jogar pelos lados.

No gol, os três nomes estão consolidados. Salvo alguma lesão, o Brasil chegará para a Copa com Alisson, Ederson e Weverton. Entre os zagueiros, também já estão definidos os nomes de Marquinhos, Thiago Silva e Éder Militão. A briga por uma quarta vaga tem os novatos Bremer, da Juventus, e Ibañez, da Roma. Gabriel Magalhães, do Arsenal, é outra opção que já foi testada, e Lucas Veríssimo, do Benfica, luta para voltar a jogar após uma grave lesão no joelho direito. Nino, do Fluminense, corre por fora, até por já ter entrado em pré-listas de convocações anteriores.

"Vim aqui para dar meu máximo, meu melhor, mostrar para o Tite que eu sou capaz e que eu posso sim ir para a Copa. Não depende somente do jogo, depende do dia a dia do treinamento nesse período", afirmou Bremer, durante entrevista coletiva após o primeiro treino pela seleção, em Le Havre.

Com três zagueiros consolidados e excesso de opções na posição, Tite convocou apenas um lateral-direito, Danilo, para os amistosos. Segundo o treinador, Ibañez e Éder Militão poderiam exercer a função caso fosse necessário. No raciocínio de Tite, não haveria uma grande diferença na função tática que Dani Alves entregaria, se fosse chamado, já que os laterais brasileiros são construtores de jogo por dentro e não têm DNA ofensivo pelas pontas. O zagueiro da Roma diz estar pronto para se adaptar a uma nova função:

Eu cheguei a fazer alguns jogos na Roma como lateral, tanto na esquerda quanto na direita. Só que é lógico que sou diferente do lateral ofensivo, eu jogo mais por trás. A única coisa que eu tenho que fazer é o que o treinador me disse, e se ele necessitar dessa parte eu acho que vou me sair bem ali, tranquilo",

A possibilidade de transformação de um zagueiro em lateral-direito ameaça a presença de Daniel Alves no Mundial. Aos 39 anos, o ex-jogador do Barcelona atualmente defende o Pumas, do México. Além da má fase da equipe, Alves tem jogado no meio-campo e recentemente foi criticado pela imprensa mexicana por seu desempenho. Há ainda o elemento físico — crucial para que Dani ficasse fora da lista atual. A única vaga certa, por enquanto, é a de Danilo. Emerson Royal, do Tottenham, chegou a ser observado, mas as atuações recentes pesaram contra.

Renan Lodi disputa vaga na lateral esquerda da seleção  - Lucas Figueiredo/CBF - Lucas Figueiredo/CBF
Renan Lodi disputa vaga na lateral esquerda da seleção
Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Pela esquerda, mais uma dúvida. Alex Sandro, da Juventus, é considerado nome certo, mas Tite ainda procura uma segunda opção. Alex Telles, recém-chegado ao Sevilla, foi convocado para os amistosos na França, mas ganhou a concorrência de Renan Lodi. Titular na Copa América do ano passado, Lodi voltou a ser chamado após a lesão muscular de Alex Sandro. Renan chegou a trocar de clube - deixou o Atlético de Madrid e foi para o Nottingham Forest — para ter mais tempo de jogo como titular, visando uma vaga no Qatar.

O cenário dos jogadores do Flamengo

No meio-campo, o quarteto de volantes da Premier League se consolidou, com Casemiro, Fred, Fabinho e Bruno Guimarães. Entres os meias, uma vaga é de Lucas Paquetá, que acaba de aterrissar no futebol inglês para defender o West Ham. Uma segunda vaga é disputada por Éverton Ribeiro, do Flamengo, que será visto de perto por Tite, e Philippe Coutinho, atualmente no Aston Villa. Coutinho foi aposta de Tite em momentos piores do que o atual, especialmente nas convocações de novembro e janeiro, quando o meia ainda estava no Barcelona e com poucos minutos em ação.

Pedro e Éverton Ribeiro se apresentaram à seleção na França - Lucas Figueiredo/CBF - Lucas Figueiredo/CBF
Pedro e Éverton Ribeiro se apresentaram à seleção na França
Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Nesse debate sobre Éverton e Coutinho, existe até a possibilidade de ambos irem ao Mundial, o que acirraria ainda mais a disputa por uma vaga no ataque. Atualmente, há sete vagas para o setor que parecem definidas: Neymar, Vinícius Júnior, Antony, Raphinha, Richarlison, Rodrygo e Gabriel Jesus devem estar no Qatar. Dentre todos eles, apenas Jesus não entrou na lista para os amistosos, mas o bom início no Arsenal e o histórico de convocações credenciam o centroavante.

A briga final seria por uma ou duas vagas — dependendo da escolha por levar dois o três meias —, entre Roberto Firmino, Matheus Cunha e Pedro, o segundo rubro-negro da convocação. Um elemento extra que pode surpreender na convocação final é Gabriel Martinelli, outro destaque do Arsenal líder da Premier League. Só que o time está cheio de opções para o lado do campo e isso pode dificultar.

Diante de tantas decisões a serem tomadas, Tite deve aproveitar cada treino e especialmente os amistosos para fazer testes a observações. Nesta terça-feira (20), a seleção treinará pela primeira vez com todos os 26 convocados no CT do Le Havre. Na segunda-feira, a primeira atividade contou com 23 jogadores, mas apenas 11 treinaram com bola. Os demais, incluindo Neymar e Vini Jr., apenas deram voltas em torno do gramado.