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Jornalista ameaça influenciador do Fla na Arena: 'Arrebentar esse celular'

Guilherme Pinheiro, do canal Flazoeiro, é ameaçado por jornalista na Arena da Baixada - Reprodução YouTube
Guilherme Pinheiro, do canal Flazoeiro, é ameaçado por jornalista na Arena da Baixada Imagem: Reprodução YouTube

Alexandre Araújo

Do UOL, no Rio de Janeiro (RJ)

18/08/2022 11h24Atualizada em 18/08/2022 17h57

Guilherme Pinheiro, do canal "Flazoeiro", recebeu ameaças na tribuna de imprensa da Arena da Baixada após a classificação do time da Gávea à semifinal da Copa do Brasil, em vitória por 1 a 0 sobre o Athletico-PR. Durante a transmissão, Thiago Lucca, que nas redes sociais se identifica como "responsável pelo jornal Pilarzinho Notícias e repórter na Rádio Trio de Ferro", disse que quebraria o celular de Guilherme caso ele continuasse "com a palhaçada".

Pouco após a partida, Guilherme virou a câmera para o campo e iniciou comentários sobre a classificação do Rubro-Negro. Thiago invade a filmagem e diz que "essa casa tem dono".

"Calma, calma. Essa casa tem dono. Aqui quem manda é o Athletico", diz ele. O dono do Canal "Flazoeiro", então, pondera:

"Não tem ninguém desrespeitando o Athletico. Eu estou falando do Dorival". Enquanto isso, ouve-se uma voz de alguém fora do quadro da filmagem falando para Guilherme: "senta lá, senta lá".

"Flazoeiro" explica que não estava falando do Furacão e fez elogios à temporada da equipe de Felipão, antes de continuar o vídeo. Pouco depois, porém, Thiago aparece novamente e diz:

"Vou arrebentar esse celular se ficar fazendo essa palhaçada. Vai lá fora". O clima na tribuna esquenta, e pode-se ouvir novamente a frase "aqui quem manda é o Athletico". Enquanto isso, Guilherme argumenta que está trabalhando e reforça que estava "falando só do Flamengo" e não estava "desrespeitando o Athletico".

Em contato com o UOL Esporte, o dono do Canal "Flazoeiro", que tem 1,9 milhão de inscritos no YouTube, relatou que, após terminar o vídeo, buscou um contato com os jornalistas, mas sem sucesso.

"Nem antes e nem durante o jogo aconteceu nada. Estavam na posição ao meu lado. Aqui é mais apertado e eu não conseguiria fazer o pós-jogo virado para o campo, como sempre faço. Então, eu fui para um canto, ali era um canto final da tribuna, para fazer o vídeo. Eu sempre faço pós-jogo assim. Ele ficou me olhando e foi aquilo, falou que ia quebrar meu celular", contou.

"Quando acabei de fazer o vídeo, uns 15 minutos depois, imaginei que os caras pudessem ter esfriado a cabeça e fui tentar conversar, mas foi a mesma coisa. Vi que não ia adiantar e, então, desci [da tribuna] para fazer a coletiva e o trabalho que tem de ser feito. Eu sou um cara muito de boa. Acho que ali acabou sendo uma situação de jogo... O cara não pode fazer, mas estava de cabeça quente e tal. Eu nem cheguei a tocar no assunto nas minhas redes", completou.

Guilherme disse que, ainda na Arena da Baixada, foi procurado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que indicou ter visto o vídeo, e pela assessoria do Athletico, que solicitou o registro do episódio. Segundo o UOL Esporte apurou, a CBF analisa o caso.

O outro lado

Em um vídeo publicado no Instagram, Airton Cordeiro Filho, que se identifica como um dos donos da Rádio Trio de Ferro, fez um pronunciamento e disse que Guilherme teria colocado os equipamentos na bancada da rádio e feito "gesticulações à torcida do Athletico"

"Tivemos algumas cenas lamentáveis na Arena da Baixada, no setor de imprensa. Como proprietário da Rádio Trio de Ferro, quero deixar um recado. Ontem, Athletico x Flamengo, deu Flamengo. Nós estávamos em nossa bancada e veio um colega de imprensa do Rio de Janeiro, colocou o seu tripé em cima da bancada e começou a fazer gesticulações à torcida do Athletico, aos profissionais de imprensa. Estou tomando providências com a CBF, com a presidência da nossa Acep [Associação dos Cronistas Esportivos do Paraná], e fica a questão de punição ao profissional Thiago José Lucca, que foi o envolvido. Mas também fica que nos coloque no nosso lugar. Você está trabalhando em sua bancada e vem um profissional colega seu, coloca o equipamento, desmerecendo o time da casa... Seria certo? Quem sou eu para julgar, mas a questão de punição ou não fica a critério da CBF. Tem de ouvir os dois lados", disse, em trecho do vídeo que pode ser visto na íntegra abaixo.

O Flamengo emitiu uma nota oficial sobre os diversos casos que ocorreram, lamentando o "triste registro de violência e desrespeito contra torcedores flamenguistas e jornalistas que cobrem o clube". Sobre o episódio entre Guilherme e Thiago, o Rubro-Negro indicou que:

"Após o jogo, um jornalista foi intimidado e ameaçado por profissionais ou pessoas igualmente credenciadas pelo Athletico Paranaense, no momento em que fazia seu trabalho, sem ter tido nenhuma postura ofensiva que justificasse tal atitude", apontou em trecho do documento.

Veja nota do Flamengo na íntegra:

"O Clube de Regatas do Flamengo lamenta que, num momento onde se comemoram grandes jogos do futebol brasileiro e, especialmente, nossa classificação às semifinais da Copa do Brasil, tenhamos o triste registro de violência e desrespeito contra torcedores flamenguistas e jornalistas que cobrem o clube.

Infelizmente foi o que vimos em nosso jogo desta quarta-feira, na cidade de Curitiba, contra o Athletico Paranaense.

Já na entrada da Arena da Baixada, torcedores rubro-negros foram obrigados a tirar os sapatos para acessar o estádio, inclusive senhores de idade e mulheres, sem falar na apreensão de adereços que não apresentam nenhum risco e que sempre foram permitidos nos estádios, sem contrapartida de igual revista na torcida mandante.

No entorno da Arena da Baixada, flamenguistas foram recebidos com agressividade e objetos arremessados, ação que se repetiu contra os nossos atletas em campo no decorrer da partida.

Após o jogo, um jornalista foi intimidado e ameaçado por profissionais ou pessoas igualmente credenciadas pelo Athletico Paranaense, no momento em que fazia seu trabalho, sem ter tido nenhuma postura ofensiva que justificasse tal atitude.

No final da noite, em um restaurante em Curitiba, torcedores do Athletico Paranaense expulsaram do local uma família rubro-negra, com mulheres e crianças, com truculência e falas racistas.

É deplorável e inaceitável que ainda haja espaço para este tipo de conduta ultrapassada no futebol brasileiro.

O Flamengo solicitará que a CBF e as autoridades competentes tomem as providências cabíveis para punição dos envolvidos e para que esse tipo de atitude seja banida de vez do nosso futebol".