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Palmeiras: Abel evita bate-boca e embate após polêmicas com treinadores

Diego Iwata Lima

DO UOL, em São Paulo

17/08/2022 04h00

Abel Ferreira não alimentou a polêmica em torno de seu nome iniciada na semana passada, após a vitória sobre o Atlético-MG, nos pênaltis, que classificou o Palmeiras às semifinais da Libertadores.

O português sabe que tem havido declarações de colegas brasileiros de profissão em tom irônico e passivo-agressivo em sua direção, mas tem evitado se aprofundar e preferido manter o silêncio, para não aumentar a questão nem dar publicidade ao tema.

A pessoas próximas, ele declarou que nunca teve problemas com nenhum colega de profissão. E que não será aqui, no Brasil, a primeira vez que isso vai acontecer.

Na avaliação desses mesmos interlocutores, Abel tem nada mais do que respondido com honestidade a perguntas sobre futebol, nada mais —algo que não é mesmo comum no trato entre os treinadores no Brasil.

Ontem (16), foi a vez de Jorginho, do Atlético-GO, fustigar Abel, ao comentar declaração dele sobre a organização tática do Atlético-MG de Cuca.

Vale lembrar que Jorginho já havia criticado Abel, por conta de seu comportamento com a arbitragem em Palmeiras 4 x 2 Atlético-GO, há dois meses.

Opinião sobre o Atlético-MG gerou resposta

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Cuca comanda o Atlético-MG contra o Palmeiras, pela Libertadores
Imagem: Fernando Moreno/AGIF

A polêmica atual começou quando Abel foi indagado sobre como conseguira bater o Galo, mesmo tendo Danilo expulso, aos 29 minutos do primeiro tempo, e Scarpa, aos 36 do segundo. Minutos antes, Cuca havia dito que a expulsão facilitara para o Palmeiras, que se fechara mais do que faria no 11 contra 11.

"O Cuca é um treinador experiente, com vários títulos no currículo. Quando ele assistir ao jogo, vai entender que tinha muitos jogadores por fora do nosso bloco, e você tem que colocar gente por dentro para atacar a nossa linha", disse ele.

"Ele tinha os pontas por fora, os dois laterais abertos, os zagueiros por trás, mas poucos jogadores por dentro do nosso bloco. Isso, para nós, foi mais fácil de controlar", completou.

No domingo, Cuca fez réplica a Abel, inclusive ironizando o lema do técnico, que virou título de seu livro.

"Quando está vencendo tudo que faz é perfeito, é maravilhoso. Se você sai no vestiário e escuta música na hora dos pênaltis e ganha vira moda. E se perdesse? Quando você cai seis vezes no mesmo canto e ganha, pô é legal. Você lembra o Muralha, que caiu no mesmo canto e perdeu [na decisão da Copa do Brasil pelo Flamengo em 2017]?", disse Cuca, aproveitando para alfinetar o goleiro Weverton e Abel, que não viu os pênaltis do jogo contra o Galo no campo do Allianz Parque.

"Quando você tem dois jogadores expulsos, não passa nada porque a cabeça é fria. Não foram cabeça fria, podiam ter quebrado um jogador nosso", completou o comandante do Galo, no seu Paraná natal, após vitória de seu time sobre o Coritiba, por 1 a 0.

Mano também ataca Abel

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Observado por Mano Menezes, Abel Ferreira gesticula durante Palmeiras x Inter, jogo do Campeonato Brasileiro
Imagem: Carla Carniel/Reuters

No último domingo (14), Mano Menezes já havia usado a ironia, após vitória do Internacional sobre o Fluminense, no Maracanã, por 3 a 0.

"Vocês ouviram uma aula aí na semana passada, que tem que botar gente dentro do bloco e não pode só jogar fora do bloco, então vamos trabalhar isso. É necessário. Isso causa estabilidade maior para uma equipe construir. E você tem que saber fazer isso sem dar contra-ataque, sem perder a bola. Tem que fazer melhor e precisa um pouco mais", disse Mano.

E ontem (16) foi a vez de Jorginho, do Atlético-GO, atacar Abel em entrevista à ESPN.

"A questão não é se alguém vem de fora ou não, é comportamento. Eu já tive um atrito com a comissão do Palmeiras, que eu acho muito desrespeitosa com o árbitro. Eu não sou nenhum santinho, não sou aquele cara que não reclama da arbitragem, mas há um limite. Você não pode xingar o cara de tudo quanto é nome, falar que ele está cego", iniciou Jorginho.

"Eu vi a entrevista do Cuca e vi a entrevista do Abel. Respeito muito o Abel, porque ele tem sido um cara vitorioso aqui (...). Só que ele não pode sugerir o que ele fez. P..., isso ele está querendo me sacanear. Eu falei dele, mas do comportamento. Fale do meu comportamento, brigue comigo. Agora, falar da minha equipe, do meu time, do que eu teria que fazer? É o que ele fez com o Cuca", afirmou o treinador do Atlético-GO.

"O Abel é muito bom treinador e ponto final (...) [Mas] Eu quero ver ele fazer o que está fazendo ao vir aqui no Atlético-GO. Vem aqui e vai ser campeão brasileiro", desafiou o ex-auxiliar da seleção brasileira, desmerecendo seu próprio clube.

Ceni e Valentim também já bateram de frente

c - Rodrigo Corsi/Agência Paulistão - Rodrigo Corsi/Agência Paulistão
Abel Ferreira e Rogério Ceni se encontram antes da final do Paulistão
Imagem: Rodrigo Corsi/Agência Paulistão

Alberto Valentim e Rogério Ceni também já trocaram farpas com o português.

"Vocês viram o que o Abel Ferreira fez? Não sei que tipo de comemoração é essa. Uma idiotice", disse Alberto Valentim sobre o português chutar uma garrafa para comemorar o gol de Danilo, o segundo na vitória por 2 a 0 que deu a Recopa ao Palmeiras, sobre o Athletico-PR de Valentim, em março.

"Segunda vez que tenho sorte contra ele, né? No Flamengo, fomos campeões da Recopa contra ele. E hoje de novo a sorte veio. Foi sorte também", disse Ceni, ironizando fala de Abel.

A declaração de Abel na ocasião foi:

"Quer vocês gostem ou não, na nossa vida precisamos de uma pontinha de sorte. Competência e sorte, como já tivemos em outros jogos. Não estou dizendo que o São Paulo só ganhou com sorte. Mas é preciso ter sorte. O São Paulo, desculpem, teve. Não é sorte, é a felicidade do jogo."

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