Topo

exclusivo

'A reunião de convocação é uma reunião quebra-pau', diz Tite sobre seleção

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

16/08/2022 04h00

Classificação e Jogos

A menos de 100 dias para a Copa do Mundo, Tite fez uma revelação sobre como as listas de convocados são definidas pela comissão técnica da seleção brasileira: reunião quebra-pau, nas palavras do próprio.

Nós temos uma reunião de convocação. A gente faz uma roda e digo que é uma reunião quebra-pau, para quem quer essa linguagem. Ou de liderança reversa, para quem quer outra linguagem. Mas cada um argumenta e traz a sua verdade. Todos nós temos capacidade de externar nossas ideias. Democraticamente, deixo todo mundo colocar [as ideias]".

Para a Copa do Qatar cada seleção poderá levar 26 jogadores, três a mais em relação ao último mundial. "Destes três de acréscimo, dois vão ser do processo criativo ofensivo. Então, dois serão do meio para frente", diz Tite.

Essa explicação foi dada pelo técnico em entrevista exclusiva ao UOL Esporte ontem, em Porto Alegre. Ao ouvir isso, seu auxiliar, Cléber Xavier, que também participou da conversa, logo respondeu rindo: "E o terceiro ele decide".

Ainda sobre essas vagas a mais, Cleber Xavier explica que a comissão técnica descarta qualquer tipo de teste ou oportunidade para algum craque promissor ganhar experiência e cita um exemplo. "Se o Rodrygo (atacante do Real Madrid) for na lista dos 26, ele não vai para ser preparado. Ele vai para jogar essa. A preparação não é para o futuro, mas para o presente."

Tite durante entrevista ao UOL Esporte - Mônica Cruz - Mônica Cruz
Tite durante entrevista ao UOL Esporte
Imagem: Mônica Cruz

Perguntado se a seleção depende de Neymar para conquistar a Copa, Tite primeiro despistou: "É Neymar dependência? É. Todo grande time depende dos seus grandes craques. É Neymar dependência, Thiago dependência, Dani dependência, Coutinho dependência, Casemiro dependência. Todo time depende da grande performance de seus grandes atletas."

Depois, deixou claro que o time será montado para que Neymar seja o jogador decisivo da seleção: "É assim, sim. O trabalho de compactação sem bola permite liberdade criativa ao grande jogador. O Neymar é o grande jogador e a engrenagem permite espaço maior."

Tite pediu, então, para Cleber Xavier contar o que aconteceu depois da derrota para a Argentina na final da Copa América, aqui no Brasil, no ano passado: "Na hora de pedir a palavra, Neymar foi um dos que falaram e disse ter sentido mais a dor da derrota. Ali, começou a Copa, digamos", contou Cleber.

Tite foi além. Voltou para a partida das quartas de final em que a Bélgica tirou o Brasil, na Copa da Rússia, em 2018: "Aquele jogo nos fere muito, (queria) no mínimo a prorrogação pela grandeza daquele jogo. Mas a gente conversou, o Neymar olhou a mim e comentou: 'professor, se eu estivesse bem a gente teria empatado aquele jogo'", lembrou sobre a conversa com o jogador que sofria com uma lesão no pé.

Ele vinha em processo de recuperação e tinha total consciência da importância dele. Dele individualmente e para a seleção brasileira, para nós todos. Mostra a consciência de como ele sabe a importância de chegar preparado".

Tite, comemorando o fato do jogador ter se apresentado uma semana antes do esperado no PSG já de olho na Copa deste ano.

Por fim o treinador definiu o perfil dos atletas que podem ser escolhidos como capitão da equipe. O treinador sempre gostou de ter mais de uma opção, promovendo até um rodízio de capitães nos clubes que dirigiu e na seleção também.

"Por uma questão de tempo, de experiencias, de títulos, de maturidade, de ser exemplar nos comportamentos e capacidade de se expressar. São diversas características, também a liderança técnica e tudo que representam nos clubes. Temos uma série de atletas que representam bem: Dani Alves, Thiago e Casemiro estão dentro deste perfil. Assim como Alisson, Marquinhos, que tem essa possibilidade."

O citado Daniel Alves será visto de perto. O jogador está no futebol mexicano desde que saiu do Barcelona na janela de meio de ano: "Desejei luz no caminho, pois a gente ia estar acompanhando. A gente ia acompanhar para ele estar na melhor condição física, porque tecnicamente é impressionante. E o nível de liderança, de capacidade de força mental, é extremamente alto. O César (Sampaio) está indo para ver jogos no México junto com nosso fisiologista. É acompanhar para ter informações verdadeiras, e não ficar em cima do 'o cara comentou', 'eu vi os melhores momentos'. Vamos ver, olhar que tipo de treinamento ele tem no clube, como ele está, como o clube joga. Não ficar só nos melhores momentos, resumindo", finalizou Tite.

Veja esse tema e notícias do futebol no UOL News Esporte: