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Time paralisa jogo do Carioca sub-15 após goleiro ser chamado de "macaco"

Luan, goleiro do sub-15 do Serra Macaense, foi alvo de ofensas racistas - Divulgação/Instagram
Luan, goleiro do sub-15 do Serra Macaense, foi alvo de ofensas racistas Imagem: Divulgação/Instagram

Do UOL, em São Paulo (SP)

10/08/2022 09h22

A partida entre Sampaio Corrêa e Serra Macaense, válida pelo Campeonato Carioca sub-15 no último sábado (6), foi paralisada por cerca de 13 minutos depois do goleiro Luan, da equipe de Macaé, ser chamado de 'macaco'. A pausa no jogo foi uma atitude do próprio jogador em conjunto com seus companheiros, que se retiraram de campo e só retornaram posteriormente.

O acontecido foi relatado na súmula da partida pelo árbitro José Henrique Vieira, ainda que, segundo o informado por ele, "nenhum membro da equipe de arbitragem escutou as supostas ofensas". De acordo com o exposto, o episódio teve início aos 27 minutos do primeiro tempo de jogo.

Depois de serem informados que, caso não voltassem, a partida seria dada como encerrada, jogadores e comissão técnica do Serra Macaense deixaram os vestiários e voltaram para o jogo. O relato de Luan também foi incluído na súmula.

"Quando voltavam para o campo, o goleiro de número 01 (um) Luan Gomes dos Santos falou para o quarto árbitro, sr. Jonas Francisco Santos, ter ouvido as seguintes palavras 'Vou te dar uma maçã. Uma maçã não. Vou te dar uma banana seu canela russa'", diz parte do relatado.

Segundo a Ferj (Federação de Futebol do Rio), o documento foi encaminhado para o órgão competente, que fará a apuração e aplicará possíveis sanções. Pouco depois do ocorrido, os dois clubes se manifestaram nas redes sociais. O Sampaio Corrêa apontou 'vitimização' por parte do jogador adversário e fez uma comparação com o caso do goleiro Rojas, do Chile, em uma partida contra o Brasil, quando o mesmo simulou ter sido atingido por um sinalizador.

"[...] Dirigentes do Serra Macaense teriam dito que parte da torcida do Sampaio Corrêa proferiu palavras de cunho racista contra seu goleiro do sub-15 que, não sabemos por qual razão, resolveu se vitimizar de fato tido como crime de racismo, que nunca não ocorreu [...] O Sampaio Corrêa vai esperar a publicação da súmula do jogo, para, junto com as demais provas de áudio e vídeos, tomar as atitudes jurídicas e legais necessárias, na competência comum e desportiva, para que a verdade prevaleça, como ocorreu em 1989 no Maracanã com o goleiro Rojas do Chile no jogo contra o Brasil pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 1990", disse parte da nota.

Pouco tempo depois, o Serra Macaense também se manifestou nas redes sociais e prestou apoio ao seu atleta, além de definir a comparação feita do caso com o acontecido com Rojas como 'esdrúxula'.

"A história se repete. E perguntamos: até quando? O Serra Macaense Futebol Clube repudia veementemente toda e qualquer forma de preconceito com outro cidadão, seja de cor, seja de opção sexual ou religião. Já não é de hoje que manifestamos apoio em diversas causas, mesmo assim, ninguém está livre de ser injuriado [...] Nós do SMFC salientamos total apoio ao Luan, pois conhecemos sua índole e sabemos da veracidade dos fatos presenciados por diversas pessoas presentes no estádio [...] Por fim, esdrúxula e absurda comparação em nota publicada pelo Sampaio Corrêa Futebol Clube. Não existe a mínima igualdade de um episódio falacioso ocorrido em 1989, com o deste sábado", escreveu o clube.

Nas redes sociais, Luan agradeceu o apoio e questionou a frequência de atitudes racistas.

"Até quando nós, da pele negra, vamos sofrer de racismo...? Obrigado a todos que me apoiaram nesse momento!", publicou.