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Como a repórter roqueira da TNT virou a voz do Real Madrid no Brasil

Tati Mantovani cobre o dia a dia do Real Madrid pela TNT desde 2016 - Acervo pessoal/Tati Mantovani
Tati Mantovani cobre o dia a dia do Real Madrid pela TNT desde 2016 Imagem: Acervo pessoal/Tati Mantovani

Marcello De Vico

Colaboração para o UOL, em Santos (SP)

09/08/2022 04h00

Se o Real Madrid vai jogar, a Tati Mantovani vai estar lá. Desde 2016, assim é a rotina da repórter gaúcha da TNT Sports que conseguiu transformar a sua paixão por futebol em profissão e hoje é responsável por acompanhar bem de perto o dia a dia do clube mais vencedor do planeta.

Pé quente, ela terá amanhã (10) a oportunidade de presenciar mais um título do esquadrão merengue — que inicia a temporada 2022/23 com a decisão da Supercopa da Europa contra o alemão Eintracht Frankfurt, no estádio Olímpico de Helsinque, na Finlândia. O jogo está marcado para as 16h (de Brasília) e terá transmissão do canal TNT e da plataforma de streaming HBO Max.

A busca por trabalhar com o que ama ficou em 'stand-by' por um tempo na vida de Tati. E amar demais o futebol era um dos motivos.

"Sempre fui fanática pelo meu time de coração e, por isso, quando decidi fazer jornalismo, falei: 'não vou trabalhar com esporte porque não vou conseguir separar minha paixão da minha profissão'. E eu errei bizarramente [risos]", brinca, em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.

Formada em Jornalismo pela PUC-RS, em 2005, a gaúcha de Carlos Barbosa — cidade mais conhecida por seu glorioso time de futsal, a cerca de 110 km de Porto Alegre — rodou por outras áreas antes de ser descoberta pelo Esporte Interativo (hoje TNT Sports), graças a um blog pessoal.

"No Brasil, eu nunca trabalhei com futebol diário. Toda minha formação profissional foi na Rádio Gaúcha de Porto Alegre, e sempre atuei com jornalismo geral, economia, política", conta a repórter de 40 anos.

"Quando cheguei aqui na Espanha para estudar, comecei a identificar que eu podia, de alguma forma, começar a me infiltrar no mundo do futebol, que era o que eu curtia. Só que eu estava numa outra área do jornalismo. Então, criei um blog e foi impressionante como isso começou a me abrir portas até o Esporte Interativo me encontrar", recorda.

Tati Mantovani, repórter da TNT, entrevista Karin Benzema, do Real Madrid - Acervo pessoal/Tati Mantovani - Acervo pessoal/Tati Mantovani
Tati Mantovani entrevista Karin Benzema
Imagem: Acervo pessoal/Tati Mantovani

E lembra sobre o fato de ela ser pé quente? Olha só alguns dos títulos que ela viu de perto desde que começou a acompanhar o dia a dia do Real Madrid pela TNT: quatro Champions League (2015-16, 2016-17, 2017-18, 2021-22), três Mundiais de Clubes da Fifa (2016, 2017 e 2018), duas Supercopas da Uefa (2016 e 2017) e três Campeonatos Espanhóis (2016-17, 2019-20 e 2021-22).

"Agora já são mais de seis anos na TNT e tendo a sorte de estar na hora certa e no lugar certo, porque caí no Esporte Interativo quando o Zidane recém tinha assumido o Real [em 2016] e estava começando o tri consecutivo da Champions. Dei muita sorte e sou eternamente grata à TNT por apostar em mim, porque eu nunca tinha trabalhado com TV na minha vida. Eles me deram uma câmera e disseram: 'vai, vai que você consegue'. Estou aqui até hoje", diz Tati, que ainda trabalha como comentarista na Rádio Marca, da Espanha.

Baterista e roqueira das antigas!

"Sou roqueira das antigas", brinca Tati ao ser questionada sobre a sua paixão por música. E basta dar uma fuçada na sua playlist do Spotify (Rock da Tati) para comprovar a sua frase. AC/DC, Rolling Stones, Queen, Led Zeppelin, Rush e Beatles estão entre os artistas ouvidos por ela.

"A galera mais nova, às vezes, não entende nem do que estou falando, mas tudo bem, está tudo certo, tem gosto para tudo e está tudo bem [risos]", diverte-se.

E, por que não, juntar as suas duas maiores paixões? Quem é fã do trio canadense Rush vai entender (e se divertir) com a comparação a seguir.

"O que é o Rush? É o Casemiro, Kroos e Modric. Três pessoas que juntas fazem algo maravilhoso na vida [risos]", brinca. "Eu gosto muito de conectar as coisas, e, inclusive, gosto de fazer essas conexões nas matérias", diz. "O Kroos é o baterista [Neil Peart], que dita o ritmo. O Casemiro é o baixista [Geddy Lee], que é o que marca a música e não a deixa sair do ritmo. E o Modric é a guitarra maravilhosa [de Alex Lifeson] dando todo o seu show", explica.

Para Tati, valorizar o que fez história, tanto na música como no futebol, é uma virtude das mais preciosas na vida.

"Sempre digo: valorizar o que já foi. Na música, por exemplo, o John Bonham, do Led Zeppelin, o cara do Rush [Neil Peart], esses caras são o Di Stéfano [ídolo do Real], eles não vão morrer nunca! É o Luis Aragonés [técnico espanhol], essa galera que mudou tudo e começou uma coisa nova. Eu gosto de conectar minhas paixões. Futebol e música para mim tem muitas conexões", acrescenta Tati, que é tão fã dos dois músicos citados que resolveu até se arriscar na bateria. Por que não, né?

O trabalho de correspondente é constante. O meu único momento de desconexão realmente é quando eu toco bateria, pra mim é um pouco de terapia. Eu aconselho todo mundo que quer tocar um instrumento e pensa que não vai conseguir... Estou tentando tocar faz quase dois anos e sou horrível, mas continuo tentando [risos]. É um desafio, mas uma hora vai.

E trabalhar e escrever sobre música, será que passa pela cabeça da Tati? "Eu já peguei uma profissão e transformei em trabalho. Vamos deixar a outra sendo só paixão [risos]", completa.

Eintracht terá 12º jogador

Estádio Olímpico de Helsinki, na Finlândia, palco da decisão da Supercopa da Europa - Tullio Puglia - UEFA/UEFA via Getty Images - Tullio Puglia - UEFA/UEFA via Getty Images
Estádio Olímpico de Helsinki, na Finlândia, palco da decisão da Supercopa da Europa
Imagem: Tullio Puglia - UEFA/UEFA via Getty Images

Dono de 14 títulos da Liga dos Campeões e atual campeão da competição de clubes mais importante do mundo, o Real Madrid, apesar de favorito, não deve ter vida fácil diante do time alemão, que foi campeão da Liga Europa na temporada passada de forma invicta.

"Ninguém ganha a Liga Europa invicto à toa. O Frankfurt não perdeu um jogo, é impressionante a campanha que fez. E é um time que, dentro de campo, tem características que fazem com que seu torcedor acredite muito que possa ganhar, pela forma de jogar, um time com muita velocidade, que joga no contragolpe, algo que o Real Madrid também tem... Mas acho que o grande diferencial é a torcida", pontua Tati.

"A gente vai ver praticamente 8 por 1 nessa decisão. Os torcedores alemães vão lotar Helsinki, e acho que é nesse 12º jogador que eles se apoiam frente ao melhor time do mundo hoje e que vai entrar na próxima Champions de novo como favorito. Acho que esse 12º jogador é o que o Eintracht vai tentar colocar em campo para tentar contrastar um pouco desse poderio que o Real Madrid tem desde que a bola nem rolou ainda", complementa.

Mais curiosidades da Tati:

A entrevista da vida

"A entrevista da minha vida, e não por mim, porque sou a parte mais insignificante de tudo aquilo, mas eu estava no meio... Foi depois que o Real Madrid ganhou o terceiro campeonato consecutivo [da Champions], que eu estava na área de entrevista do pós-jogo, esperando o Marcelo. Ele tinha falado comigo no campo e disse: 'vou falar contigo lá dentro'. Eu estava esperando o Marcelo e, nisso, o Casemiro tinha acabado de falar comigo e o Marcelo passa... E a gente faz a entrevista deles, o encontro deles com o Zico, que estava no estúdio. Esse é um momento que todo mundo sempre lembra, da entrevista, que os meninos me colocaram em cima do meu banquinho, que brincaram, que falaram com o Zico... É um momento que eu guardo com muito carinho, porque era um momento deles, que eles compartilham comigo por eu estar ali, e, que mostrou não só eles dentro de campo, mas a idolatria que eles têm por outros jogadores... Foi um momento muito bacana."

O maior frio na barriga

Tati Mantovani, repórter da TNT, entrevista Cristiano Ronaldo, então jogador do Real Madrid - Acervo pessoal/Tati Mantovani - Acervo pessoal/Tati Mantovani
Imagem: Acervo pessoal/Tati Mantovani

"[Entrevista com] Cristiano Ronaldo, sem dúvida. Conseguir falar com o Cristiano já é muito difícil, o mundo inteiro quer falar com ele. Conseguir aqueles minutos depois de ele ter ganhado o título da Champions... Foram X fatores que convergiram naquele minuto, a entrevista tinha que ser boa [risos]. Naquele momento eu lembro que falei com meu ex-chefe que estava no ponto, 'se eu ficar em branco, me ajuda' [risos]'. Mas foi, deu tudo certo, e o Cristiano foi super simpático, e também se agradece quando o convidado ajuda nesses momentos de tensão."