Mundial é estrela que falta para Abel formar "quarta Academia", diz Ademir

Chegar ao patamar de ídolo não é para qualquer um. Ainda mais quando se trata de Ademir da Guia, titular do Palmeiras por mais de 16 anos na chamada Academia de Futebol. Em conversa com a reportagem do UOL Esporte durante evento da Betfair, o Divino analisou o atual elenco da agremiação alviverde e, com propriedade, disse que a geração pode ser comparada à dele, mas falta a esse time um Mundial de Clubes.

"Onde chega o Palmeiras do Abel? Depende das vitórias. O que está faltando pra gente? Voltar a disputar e vencer o Mundial, porque essa ficou devendo, né. A gente chegou muito perto e não conseguiu ser campeão mundial. Acho que é muito importante a gente voltar a disputar o Mundial", destacou o herói palmeirense.

Caso conquiste a atual Libertadores, o Palmeiras pode enfrentar o Real Madrid numa eventual decisão do Mundial.

Ademir da Guia atuou nas duas Academias do Palmeiras. A primeira nasceu nos anos 60, com nomes como Valdir de Morais e Djalma Santos, e a segunda é aquela que ficou conhecida como a mais ilustre escalação da história do clube: Leão, Eurico, Luís Pereira, Alfredo e Zeca; Dudu e Ademir da Guia; Edu, Leivinha, César e Nei.

Conseguir manter uma escalação de 11 jogadores intacta não é uma tarefa fácil e, segundo Ademir, esse foi um dos motivos para o sucesso do técnico Osvaldo Brandão. O comandante fixou a formação lendária e o time se tornou imbatível. Para o Divino, o Palmeiras de Abel não está longe de se tornar o que ele considera "quarta" Academia, que viria logo depois da "Era Parmalat", elenco que conquistou 10 títulos entre 92 e 2000.

"Eu joguei na primeira e na segunda Academias. Quando me falaram que esse time de Abel pode vir a ser a terceira, eu fiquei numa dúvida, porque a equipe que jogou o Rivaldo, o time da Parmalat, o time que fez 100 gols num campeonato (campeão paulista de 1996), acho que esse é a terceira Academia. O elenco atual pode ser, quem sabe, a quarta Academia. Eles já mostraram que têm futebol e estão ganhando. No futebol, não adianta você só jogar bem, precisa ganhar", analisou Ademir.

"O Abel conseguiu muitas vitórias. Se você joga bem, mas perde, aí já querem demitir o técnico e tudo mais. Por isso é importante, também, vencer. Hoje, a gente tem 10 jogadores no banco e pode fazer várias trocas. Com as substituições do Abel, a equipe continua jogando bem. Na minha época, o Brandão conseguiu manter 11 jogadores que ganhavam os jogos, não saíam, não machucavam, e isso fez com que ele ficasse quatro anos no Palmeiras. Se o Abel conseguir ficar nesse ritmo, ele permanece", concluiu.

Toda a Academia teve seu ídolo. Quem tem o potencial para ser o Ademir da Guia do Palmeiras de hoje? Sem pensar duas vezes, o Divino respondeu que seria o Dudu, mas com uma condição: o atual camisa 7 precisa passar os 902 jogos pelo Alviverde. Faltam 522.

"O Dudu é o jogador que tem potencial de se tornar o 'Ademir da Guia' dessa Academia. A torcida adora, gosta muito dele. É o Dudu mesmo. Agora tem uma coisa, eu joguei 902 jogos pelo Palmeiras. Se ele me passar, aí vai ser ele mesmo. Não tem jeito", disse Ademir.

"Ele está numa fase em que ele entendeu que se ir pela ponta, colocar a bola para dentro e bater com a perna esquerda, faz gols. E os gols são muito importantes para um jogador. Ele não está só fazendo gols, e está tocando a bola para os companheiros e eles marcam. Isso faz com que o jogador fique com uma versão eclética e se sinta titular. O Dudu costuma sair nos jogos e, no início, ele ficava meio emburrado, mas agora entendeu que ele sai porque é importante para o próximo jogo", finalizou.