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Por que Gustavo Gómez é ídolo no Palmeiras e capitão rejeitado no Paraguai

 Gustavo Gomez jogador do Palmeiras durante partida contra o São Paulo - Marcello Zambrana/AGIF
Gustavo Gomez jogador do Palmeiras durante partida contra o São Paulo Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

Diego Iwata Lima e Beatriz Sardinha

Do UOL, em São Paulo

06/07/2022 04h00

Em todos os jogos do Palmeiras no Allianz Parque, dois nomes sempre são os mais ovacionados: o do técnico Abel Ferreira e o do zagueiro e capitão Gustavo Gómez. Não será diferente na noite de hoje (6), a partir das 19h15 (de Brasília), quando o clube recebe o Cerro Porteño-PAR pela volta das oitavas de final da Libertadores. O Alviverde se classifica às quartas mesmo perdendo por dois gols de diferença.

Quem esteve no estádio Nueva Olla, na semana passada, em Assunção (PAR), ou mesmo quem assistiu à vitória verde sobre o Cerro por 3 a 0 pela TV, percebeu uma situação bem diferente. Gustavo Gómez, paraguaio, era vaiado por seus compatriotas a cada toque na bola.

"Ninguém é profeta em sua própria terra", disse o zagueiro, quando indagado acerca do tema na entrevista coletiva, após a partida em Assunção.

De antemão, a explicação mais plausível, e que até deve ter feito parte da vaia, era o fato de ele ter sido revelado pelo Libertad, clube que vencera o Cerro no domingo anterior e se sagrado campeão paraguaio. Mas a verdade é que a explicação vai muito além disso.

"A torcida entende que Gustavo tem posturas diferentes quando joga pelo Palmeiras e pela seleção", comenta ao UOL Esporte o jornalista Enrique Lugo, da Radio 1000 de Assunção. "Houve também alguns gols pelo lado dele da defesa. Além de três expulsões que deixaram todos descontentes", acrescenta.

"Hoje, apesar de ser capitão da equipe, ele não consegue ser o líder que é no Palmeiras", acrescenta Lugo. "Se você conversar com torcedores, alguns vão dizer que ele está entre os piores zagueiros da seleção hoje".

"O problema também está na seleção"

Victor Sostoa, da Radio 1020 AM, concorda que as atuações de Gómez pela seleção não são do mesmo nível das que ele tem no Palmeiras. Mas não atribui a responsabilidade toda ao jogador.

"A verdade é que a seleção do Paraguai está muito mal", diz. "E Gómez não tem no Paraguai os mesmos companheiros que tem no Palmeiras. Tampouco o time joga do mesmo modo", acrescenta Sostoa.

"Gómez é jogador da seleção do Paraguai há muito tempo, jogava já no sub-20. Tem toda condição para ser o líder que o time precisa, mas com essa questão do resto do elenco, ainda não conseguiu ser o mesmo jogador do Palmeiras", analisa.

Comparações com Gamarra são inevitáveis

ga - Divulgação - Divulgação
Gamarra (Corinthians)
Imagem: Divulgação

Zagueiro paraguaio, capitão da seleção, ídolo em um grande clube paulista, adorado pela torcida.

Com descrições tão parecidas, era muito difícil que Gómez escapasse de ser comparado a Carlos Gamarra, que até jogou no Palmeiras, mas fez história mesmo pelo Corinthians, em 1998 e 99.

A sombra do 'Colorado Gamarra', como ele é chamado em sua terra por conta do cabelo ruivo, de certo modo, reflete em Gómez. Hoje comentarista, Gamarra, embora seja o espelho de Gómez, conforme declarado por ele, não se furtou de criticar o jogador.

"Parece que a camisa pesa para ele", disse Gamarra à Rádio Versus de Assunção. "Queremos aqui o jogador do Palmeiras. Queremos que venha tranquilo, que não venha gritar", completou ele.

As declarações foram dadas em novembro do ano passado, quando o Paraguai chegou a cinco jogos sem fazer gol nas Eliminatórias Sul-Americanas, e já era mais do que claro que a seleção ficaria fora de mais uma Copa do Mundo.

O Paraguai só ficou à frente de Venezuela e Bolívia nas Eliminatórias para a Copa deste ano, no Qatar. Com 16, terminou na antepenúltima colocação, com 29 pontos atrás do líder Brasil, que ainda tem um jogo por fazer.

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