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Sonho da casa própria: 7 vezes que o Flamengo se frustrou com novo estádio

Maquete do novo Estádio da Gávea, que nunca foi para frente - Divulgação
Maquete do novo Estádio da Gávea, que nunca foi para frente Imagem: Divulgação

Rafael Souza

Colaboração para o UOL

03/07/2022 04h00

Ter um estádio próprio é um sonho antigo do Clube de Regatas do Flamengo e, vez ou outra, a ideia de realizar esse objetivo volta à tona. Agora, a causa é o conflito com o Vasco da Gama acerca do uso do Maracanã, que o Flamengo tem concessão.

O cruzmaltino deseja jogar contra o Sport neste domingo no Maracanã, sob a justificativa de que o estádio não é do Flamengo, mas um bem público. No dia 27 de junho, a Justiça deu razão ao Vasco, que já vendeu mais de 60 mil ingressos para a partida.

Com o revés judicial, o Flamengo agora entende que o Maracanã está sujeito a interferências políticas e há um clima de insegurança para manter a concessão por mais tempo.

Na história, diversos projetos de 'casa própria' do Flamengo ficaram marcados por apresentarem um plano ambicioso que terminou apenas no papel. Os motivos foram vários: financeiros, políticos e até divergências internas. Confira abaixo:

Arena da Gávea

Na Gávea, onde o Flamengo tem sede, há um pequeno estádio que já foi usado para jogos oficiais no passado. Em 1997, o então presidente do clube, Luiz Augusto Veloso, fez uma parceria com uma empresa privada e implementou a construção de arquibancadas tubulares no estádio, ampliando a capacidade para 25 mil torcedores.

Na época, os jogos grandes eram realizados no Maracanã, enquanto os menores iam para a Gávea. Porém, as arquibancadas eram temporárias e o projeto de longo prazo para o 'Estádio da Gávea' não foi para frente.

Maquete do novo Estádio da Gávea - Divulgação - Divulgação
Maquete do novo Estádio da Gávea
Imagem: Divulgação

Dez anos depois, o presidente Márcio Braga novamente tocou no assunto, conseguiu as autorizações necessárias, e apresentou um projeto ambicioso que incluía a construção de um estádio novo para 30 mil lugares, além da ampliação das instalações para outros esportes e implantação de área de lazer, com lojas, cinemas e restaurantes.

O projeto parecia bom e uma imagem de uma maquete do novo estádio animou os torcedores, porém, tudo mudou quando o Governo do Rio de Janeiro decidiu privatizar o Maracanã.

Na época, pareceu interessante a possibilidade de o Flamengo ser 'dono' do Maracanã, por meio da privatização. Além disso, o governador Sérgio Cabral voltou atrás na autorização que o Flamengo tinha para a construção do 'Estádio da Gávea' com a alegação de que isso traria um grande impacto no trânsito da região.

Estádio na Avenida Brasil

Na administração de Eduardo Bandeira de Mello, em 2017, o Flamengo assinou um termo de opção de compra de um terreno de 160 mil metros quadrados na Avenida Brasil. Havia a intenção, portanto, de construir um estádio no local com capacidade para até 50 mil torcedores.

A ideia foi debatida entre os dirigentes do clube e poderia custar até R$ 420 milhões, mas um ponto pesou para a desistência no projeto: a segurança, já que a região é considerada violenta no Rio de Janeiro.

Estádio no Parque Olímpico

Por conta do conflito com o Vasco acerca do uso do Maracanã, o Flamengo passou a considerar uma nova área para a construção de seu próprio estádio: a região do Parque Olímpico, na Barra da Tijuca, que já possui uma estrutura modernizada e logística implementada devido aos Jogos Olímpicos de 2016.

A obra seria feita com a participação de investidores. A ideia era usar as arenas para esportes olímpicos de que o Flamengo participa, como o basquete.

Nesta semana, deve acontecer uma reunião entre os dirigentes do clube e o prefeito do Rio, Eduardo Paes. No entanto, pelas redes sociais, Paes já adiantou que a área do Parque Olímpico é privada, o que poderia ser mais uma pedra no caminho nos sonhos do rubro-negro.

Outros projetos

  • Arena Petrobrás

Fora dos projetos para ter o estádio para chamar de 'seu', o Flamengo também fez diversas parcerias para utilizar como mandante os estádios de outros proprietários. Foi o caso da 'Arena Petrobrás', em 2005, quando o Flamengo se uniu com o Botafogo e reformaram o Estádio Luso-Brasileiro, que tinha capacidade para 5 mil pessoas.

O motivo foi o fechamento do Maracanã, por causa das obras para o Pan-Americano de 2007. Na época, a Petrobras colocou arquibancadas tubulares e ampliou a capacidade do estádio para 30 mil lugares. Mas, com a volta do Maracanã, a 'Arena Petrobrás' não foi mais usada.

  • Engenhão

Com o fim dos jogos Pan-Americanos, o Engenhão também esteve na mira do Flamengo. O presidente Márcio Braga chegou a visitar o estádio, que no final acabou caindo nas mãos do Botafogo, que detém o uso por 20 anos.

  • Estádio em Deodoro

Em 2016, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, afirmou que o Flamengo estaria interessado em construir um estádio em Deodoro, na Zona Oeste do Rio, onde atualmente funciona uma arena de rugby.

A área é localizada ao lado da Avenida Brasil e próxima a uma estação de trem. A ideia, no entanto, não foi para frente porque os dirigentes do rubro-negro também tinham um 'plano A', que era gerir o Maracanã.

  • Ilha do Urubu

Por fim, em 2017, o Flamengo usou o estádio Luso-Brasileiro, na Ilha do Governador, em um período em que o clube esteve diante de um imbróglio com a gestora do estádio Maracanã.

O uso fazia parte de um acordo de aluguel firmado com a Portuguesa-RJ, por três anos. Com custo de R$ 12 milhões em obras, a capacidade do estádio foi ampliada para 20 mil pessoas e rebatizada como 'Ilha do Urubu'.

Porém, a insatisfação por conta da capacidade máxima do estádio para a demanda de público e a queda de duas torres de iluminação fizeram o Flamengo retomar as negociações para usar o Maracanã e romper o contrato de aluguel com a Portuguesa-RJ, em 2018.