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Santos vê clima péssimo, mas mantém Bustos e espera reação em novo clássico

Lucas Musetti Perazolli

Colaboração para o UOL, em Santos (SP)

23/06/2022 04h00

"Deus é tão bom que nos deu a oportunidade novamente contra o mesmo adversário", disse Edu Dracena, executivo de futebol do Santos, logo depois de cobrar duramente o elenco pela derrota de 4 a 0 para o Corinthians, ontem (22), na Neo Química Arena, pelo jogo de ida das oitavas de final da Copa do Brasil.

No papo com os repórteres, Dracena admitiu a frustração com o técnico Fabián Bustos e os jogadores pela goleada, mas tentou manter a serenidade e previu uma reação contra o mesmo Corinthians, sábado (25), outra vez em Itaquera, mas pela 14ª rodada do Brasileirão. O duelo de volta pela Copa do Brasil será em 13 de julho, na Vila Belmiro. Até o fim de semana, Bustos deve continuar no cargo.

Edu se segurou nos microfones, mas no vestiário foi firme. Ele recordou os tempos de jogador e afirmou que em hipótese alguma um time tão grande como o Santos pode ser dominado da forma que foi pelo Corinthians. Enquanto a bronca ocorria, Bustos colocava mais lenha na fogueira durante a entrevista coletiva.

O argentino costuma valorizar seus atletas, mas dessa vez foi bem diferente. Visivelmente abatido, ele mal conseguiu olhar para as câmeras, reconheceu a "vergonha" no clássico e apontou o dedo para o time, detonando a atuação da sua equipe.

Ao ser perguntado sobre não fazer mudanças no intervalo, quando o placar já mostrava 3 a 0, Bustos disparou: "Fora João Paulo e Marcos Leonardo, eu tinha que tirar todos. Não gosto de falar mal de jogador, mas todos deveriam sair".

Na sequência, o treinador voltou a alegar erros técnicos, e não táticos, pela derrota: "No primeiro gol houve falta no Léo Baptistão não marcada. O segundo gol tem um erro grosseiro de um jogador que não vou dizer. No terceiro deixamos cabecear. No quarto gol passam fácil... Tenho vergonha de estar aqui, foi uma vergonha o jogo. Horrível".

Fabián Bustos entende que o Santos não competiu. O técnico não comentou sobre o Corinthians de Vítor Pereira ser superior taticamente e focou a análise na postura anímica do time: "Temos que mudar a atitude e fazer o que fizemos contra Palmeiras, Inter, Atlético-MG... Essa é a nossa equipe. Não a equipe de hoje, que foi uma vergonha".

A cúpula do Peixe não entendeu algumas decisões de Bustos. O maior ponto de interrogação foi não ter feito substituições no intervalo para depois mexer aos 8 minutos do segundo tempo: "Ele não se ajuda", disse um membro do Comitê de Gestão do clube.

A diretoria está preocupada com o clima ruim no vestiário e na reação do elenco diante das fortes declarações de Bustos, mas entende que não é hora de mexer. O Santos deve esperar o novo clássico contra o Corinthians e, se uma nova atuação desastrosa ocorrer, a tendência é que o argentino não continue para a partida diante do Deportivo Táchira, na Venezuela, pela ida das oitavas de final da Sul-Americana, na próxima quarta-feira (29).

O presidente Andres Rueda é adepto da continuidade para os técnicos e não queria a saída de Fabio Carille, mas foi voto vencido no departamento de futebol e Comitê de Gestão. Atualmente, Bustos levanta dúvidas, mas o executivo Edu Dracena aposta em mais tempo e concorda com Rueda. A ver se o tempo irá além de sábado.

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