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Raros na seleção, batedores de falta brasileiros dominam top 10 histórico

Zico, Ceni, Ronaldinho Gaúcho e Juninho Pernambucano  - Fotos: Vidal Cavalcante/Folhapress, VIPCOMM, Alexandre Vidal/Fla Imagem, Flickr/Vasco
Zico, Ceni, Ronaldinho Gaúcho e Juninho Pernambucano Imagem: Fotos: Vidal Cavalcante/Folhapress, VIPCOMM, Alexandre Vidal/Fla Imagem, Flickr/Vasco

Do UOL, em São Paulo

17/06/2022 04h00

Não é novidade que os gols de falta na seleção brasileira estão cada vez mais escassos. Se antes tínhamos nomes como Zico, Ronaldinho Gaúcho e Pelé que assumiam a responsabilidade para balançar as redes com a bola parada, atualmente, os gols de falta da seleção comandada por Tite são artigos de luxo.

A última vez que um jogador marcou em tiro livre para a seleção brasileira foi em 11 de novembro 2019, em um amistoso contra a Coreia do Sul, com Philippe Coutinho. De lá para cá, passaram dois anos e meio, período em que o Brasil entrou em campo 25 vezes (em jogos oficiais e amistosos) e marcou 75 gols —nenhum deles de falta.

O gol de Coutinho acabou com um jejum que durava muito mais tempo. Até então, Neymar havia sido o último a balançar as redes em cobrança de falta, em amistoso contra a Colômbia, em 2014.

Mas o fundamento que está escasso na seleção atualmente, já foi em um passado, não muito distante, um diferencial do Brasil. Uma lista com os 10 maiores batedores de falta da história produzida recentemente pelo jornal espanhol Mundo Deportivo tem seis brasileiros no total, sendo que quatro deles ocupam as cinco primeiras posições. Vale ressaltar que os números foram apurados pela publicação e podem variar quando comparados a outros levantamentos.

Zico

"É falta na entrada da área/ Adivinha quem vai bater? É o camisa 10 da Gávea/É o camisa 10 da Gávea".

A homenagem de Jorge Ben Jor a Zico, ídolo do Flamengo, é mais do que justa, afinal 101 dos 811 gols marcados pelo Galinho de Quintino na carreira saíram de tiro livre.

O Mundo Deportivo ressalta que embora algumas listas afirmem que ele marcou 62 gols de falta, o próprio Zico diz ter marcado mais de cem. "Teremos que confiar na sua palavra", escreveu a publicação.

Uma das cobranças mais icônicas de Zico aconteceu contra o Santa Cruz, na última fase de classificação do módulo verde da Copa União (Campeonato Brasileiro) de 1987. O Flamengo, que precisava da vitória para chegar à fase seguinte, ganhou por 3 a 1, com três gols do camisa 10 —um deles uma verdadeira pintura em cobrança de falta nos minutos finais. O próprio Zico elegeu o gol como o mais bonito de falta que fez em toda a sua carreira.

Juninho Pernambucano

Em segundo lugar na lista aparece Juninho Pernambucano, que marcou 76 gols em tiro livre. Do total, 44 foram a serviço do Lyon, da França, onde ele balançou as redes 100 vezes. O ex-vascaíno ficou no clube entre 2002 e 2008 e conquistou sete títulos. Já no Vasco, o ex-meia guardou 22 bolas em cobranças de falta.

Um dos mais importantes foi contra o River, no Monumental de Nuñez, pela semifinal da Libertadores de 1998. Juninho saiu do banco para marcar em uma cobrança de falta o gol que empatou o jogo e levou a equipe vascaína à final, contra o Barcelona de Guayaquil, e à primeira conquista do título continental. O icônico gol virou até hino da torcida.

"Vou torcer para o Vasco ser campeão / São Januário, meu caldeirão / Vasco a sua história é a sua glória / É relembrar, o Expresso da Vitória / Contra o River Plate, sensacional / Gol do Juninho, monumental".

Um dos [gols] mais importantes [da carreira], sem dúvida. Aquele jogo contra River nos aumentou a força para buscar o título. Não concordo que aquele tenha sido o gol do título, como muitos falam, porque não considero aquele jogo a final antecipada. O Barcelona [adversário na final] era um rival muito complicado. Mas aquele jogo na Argentina é inesquecível."

Juninho Pernambucano, ao jornal Extra

Pelé

O Rei do Futebol fecha o pódio de maiores batedores de falta da história do futebol mundial. Dos mais de mil gols de Pelé, 70 saíram de cobrança de falta.

Na Copa do Mundo de 1970, por exemplo, Pelé abriu o marcador diante da Romênia, aos 19 minutos do primeiro tempo, com um chutaço de falta na entrada da área que furou a barreira adversária. A seleção ganhou por 3 a 2 e assegurou a classificação para o mata-mata abrindo o caminho para o tricampeonato.

Víctor Legrotaglie

De acordo com a publicação, o argentino Víctor Legrotaglie marcou 66 gols de falta na carreira. Contemporâneo de Pelé, Legrotaglie se aposentou em 1976 e defendeu clubes locais como Chacarita Juniors, Atlético Argentino e Gimnasia y Esgrima, cujo estádio leva seu nome. Além de grande cobrador de faltas, o argentino anotou 12 gols olímpicos na carreira.

Ronaldinho Gaúcho

Ronaldinho Gaúcho também foi um exímio cobrador de falta. Ao todo foram 66 desta forma. Além de abusar da criatividade em dribles desconcertantes e gols icônicos, o Bruxo também inovou no jeito de bater falta.

Em 2006, o Barcelona enfrentou o Wreder Bremen, da Alemanha, pela última rodada da fase de grupos da Champions League. O Barcelona precisava da vitória para evitar a eliminação precoce. Aos 18 minutos do primeiro tempo, quando a equipe espanhola já vencia por 1 a 0, Ronaldinho foi derrubado na entrada da área. Ele mesmo foi para a bola, esperou a barreira saltar e tocou por baixo, inovando na batida e surpreendendo o goleiro.

Ele ainda repetiu a cobrança cinco anos depois jogando pelo Flamengo, ajudando a popularizar a cobrança por baixo e a tática da defesa de colocar um homem deitado atrás da barreira para evitar pegar o goleiro desprevenido.

Pela seleção, Ronaldinho Gaúcho marcou um golaço de falta, que encobriu o goleiro David Seaman e deu a vitória e a consequente classificação brasileira às semifinais na Copa de 2002. A equipe comandada por Felipão bateu a Inglaterra por 2 a 1.

David Beckham

Outro nome do futebol mundial que fez história com suas cobranças de falta foi David Beckham. Faltou apenas um gol para que o inglês igualasse Ronaldinho neste quesito.

Principal nome da Inglaterra da sua geração, Beckham viveu um dos momentos mais icônicos de sua carreira, justamente com a camisa da seleção. Na Eliminatórias da Copa de 2002, precisava apenas de um empate contra a Grécia para assegurar a vaga.

Mas, jogando no Old Trafford, os visitantes não aliviaram para os donos da casa e saíram na frente. A Inglaterra chegou a empatar, mas deixou novamente a adversária balançar as redes. Ao longo da partida, a seleção inglesa teve dificuldade para furar a defesa grega, e o que seria uma classificação fácil tornou-se dramática, até os 47 minutos do segundo tempo, quando o arbitro assinalou falta sobre o atacante Sheringham.

Beckham, que já havia tentado cinco cobranças na partida, chamou para si a responsabilidade de capitão e não decepcionou, marcando o gol que classificou a Inglaterra. Na Copa, a equipe caiu nas quartas-de-final, diante do Brasil, que foi campeão.

Maradona

Ícone do futebol argentino e mundial, Diego Maradona entra para a lista de maiores batedores de falta da história com 62 gols de falta —dos 345 oficiais que marcou em sua carreira.

Um dos gols mais icônicos, chamado até de "impossível", marcado por Maradona saiu de uma cobrança de falta. Embora, tenha sido uma cobrança indireta, a curva que o argentino colocou na bola é algo que ainda chama atenção. Era novembro de 1985, e a Juventus estava invicta até a nona rodada do Campeonato Italiano. O Napoli, time de Maradona, não vencia a Velha Senhora havia 15 partidas, sendo que no Calcio o jejum ainda era maior: desde 1973 ou 24 jogos.

Em um tiro livre indireto dentro da área, (abrimos uma exceção para o craque) Maradona, depois de receber a bola rolada, chutou ao gol, criando uma parábola que surpreendeu a todos e entrou para a história como um dos gols mais surpreendentes do craque argentino.

Ronald Koeman

Atualmente na função de técnico, o holandês Ronald Koeman era um zagueiro que também dava trabalho para as defesas adversárias, principalmente quando o assunto era bola parada. Ao todo, teve 60 gols marcados de falta. Como jogador do Barcelona, Koeman anotou 26 gols desta forma.

Rogério Ceni

A torcida são-paulina se acostumou a gritar o nome de Rogério Ceni sempre que algum jogador era derrubado na entrada da área adversária. Também não é para menos. O hoje técnico tricolor é o goleiro que mais marcou gols na história do futebol mundial. Das 131 vezes em que ele balançou as redes, 59 foram em cobrança de faltas.

Uma delas vai ficar para sempre marcada na memória de qualquer são-paulino. Em 27 de março 2011, Rogério Ceni marcava o centésimo gol de sua carreira - que ganhou ainda mais relevância por causa do adversário: o Corinthians. Além disso, o São Paulo venceu por 2 a 1, encerrando um tabu de quatro anos sem vitórias contra o rival.

Marcelinho Carioca

Marcelinho Carioca defende o Corinthians em 1996 - Antonio Gaudério/Folhapress - Antonio Gaudério/Folhapress
Marcelinho Carioca defende o Corinthians em 1996
Imagem: Antonio Gaudério/Folhapress

Se a torcida são-paulina tinha em Rogério Ceni seu principal cobrador de faltas, a do Corinthians não ficava atrás. Quando o assunto era tiro livre, não havia dúvida, o nome gritado era o Marcelinho Carioca, que fecha a lista dos dez maiores cobradores de falta da história. Ele não ficou conhecido como "Pé-de-anjo" à toa, afinal dos seus mais de 206 gols no Corinthians, 59 gols saíram do pé destro com a chuteira 35,5 em cobranças tiros livres.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Ao contrário do que foi informado anteriormente, Marcelinho Carioca marcou 206 gols somente pelo Corinthians, não somando a carreira toda. O erro foi corrigido.
Ao contrário do informado anteriormente, Rogério Ceni anotou 131 gols em sua carreira, não 113. O erro foi corrigido.