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Coutinho e Jesus ressurgem na seleção perto da Copa; quem pode se dar mal?

Philippe Coutinho comemora gol marcado pela seleção brasileira contra a Coreia do Sul: ele jogou só 17 minutos - Anthony Wallace/AFP
Philippe Coutinho comemora gol marcado pela seleção brasileira contra a Coreia do Sul: ele jogou só 17 minutos Imagem: Anthony Wallace/AFP

Gabriel Carneiro

Do UOL, em São Paulo

04/06/2022 04h00

Classificação e Jogos

Philippe Coutinho e Gabriel Jesus não são unanimidades na seleção brasileira em relação à preferência do torcedor e também já foram deixados de lado pelo técnico Tite em convocações recentes. Autores de gols na vitória por 5 a 1 sobre a Coreia do Sul, na última quinta-feira (2), os dois estão ressurgindo e fincando o pé com a Amarelinha, bem quando se aproxima a Copa do Mundo.

Por coincidência, os dois saíram do banco de reservas aos 32 minutos do segundo tempo. Substitutos de Neymar e Raphinha, eles tiveram 17 minutos em campo e fizeram um gol cada: o de Coutinho foi aproveitando uma bola rebatida pela defesa sul-coreana, com um chute consciente de pé direito, e o de Jesus, em uma jogada individual já nos acréscimos.

Os gols são pequenas partes de um processo de retomada que a dupla já veterana na eleção brasileira — 68 e 53 jogos, respectivamente — vive nos últimos meses.

Tite ficou um ano sem convocar Coutinho, entre novembro de 2020 e novembro de 2021. Além da grave lesão no joelho esquerdo, o meia não conseguiu reencontrar o bom futebol depois de recuperado. Ele ainda estava no Barcelona, praticamente sem espaço, quando voltou a ser chamado. Isso acarretou numa enxurrada de críticas ao técnico, que via na proximidade com Coutinho a chance de resgatar sua confiança e bancou a decisão.

A transferência para o Aston Villa ajudou nessa volta por cima, mas na própria seleção Coutinho já deu a resposta. Desde que ele voltou a ser convocado foram sete jogos e ele participou de cinco — três como titular e dois saindo do banco, num total de 213 minutos em campo. Marcou três gols neste período e voltou a ser uma peça importante, ainda que sem o protagonismo do ciclo para a Copa do Mundo da Rússia.

Gabriel Jesus - Chung Sung-Jun/Getty Images - Chung Sung-Jun/Getty Images
Gabriel Jesus desafia a marcação de Chul Hong durante Coreia do Sul x Brasil na última quinta
Imagem: Chung Sung-Jun/Getty Images

Se Coutinho saiu da preferência de Tite por quase um ano, Gabriel Jesus só ameaçou ficar fora do radar. Ele não foi convocado por opção técnica para as duas rodadas de março das Eliminatórias à Copa, quando Tite preferiu para a posição Antony, Gabriel Martinelli, Neymar, Raphinha (depois cortado), Richarlison, Rodrygo e Vinicius Júnior.

Na ocasião, Jesus vivia uma seca de gols e jogos como titular no Manchester City e tinha perdido espaço na seleção brasileira, pela qual não fazia um gol desde 2019.

Mas de lá para cá tudo mudou. De desprestigiado no clube e na seleção, o jogador viveu meses de euforia recentemente. Fez gol e deu assistência em jogos contra o Liverpool, marcou contra o Real Madrid, na ida das semifinais da Liga dos Campeões, e anotou quatro gols num único jogo diante do Watford, pelo Campeonato Inglês.

Parte dessa reta final goleadora no Manchester City foi vista presencialmente por auxiliares e analistas da comissão técnica de Tite. A conclusão do período de observações foi a volta de Gabriel Jesus para a lista de convocados nos amistosos de junho. Quadro que fica ainda mais claro com o gol marcado diante da Coreia do Sul e a possibilidade de mais minutos em campo no embate de segunda-feira (6), às 7h20 (de Brasília), contra o Japão.

Tite - Lucas Figueiredo/CBF - Lucas Figueiredo/CBF
Tite poderá convocar 26 jogadores para a Copa. Há chances de os três extras serem atacantes
Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Alguém saiu dos planos?

A volta de Philippe Coutinho para a seleção brasileira coincidiu com o fim das chances do meia Everton Ribeiro. O flamenguista foi convocado sete vezes no ciclo para a Copa do Mundo do Qatar, jogou 14 partidas, fez três gols e deu uma assistência. A última vez em que foi lembrado foi em janeiro, junto com Coutinho e o titular da posição, Lucas Paquetá. Depois disso já rolaram mais duas convocações, e Everton sumiu.

Outros meio-campistas ofensivos já lembrados por Tite anteriormente também não tiveram mais espaço, como Claudinho e Felipe Anderson. É uma posição que parece encaminhada para a Copa do Mundo.

Já no ataque as dúvidas se multiplicam. Gabriel Jesus está dentro agora, mas nesta convocação Antony não teve condições de jogo por causa de uma lesão. Roberto Firmino também não foi chamado, mas é um nome que não sairá do radar de Tite e da concorrência. Gabigol e Pedro, do Flamengo, em caso de evolução técnica ao longo dos próximos meses, também são jogadores bem avaliados pela comissão técnica.

Seleção - Lucas Figueiredo/CBF - Lucas Figueiredo/CBF
Jogo contra o Japão é na segunda-feira, às 7h20 (de Brasília), fora de casa
Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Estes quatro que estão fora momentaneamente, somados aos atuais oito convocados (além de Jesus, Gabriel Martinelli, Matheus Cunha, Neymar, Raphinha, Richarlison, Vini Jr e Rodrygo), representam a disputa pelas vagas do ataque na Copa do Mundo. Outros nomes, como Hulk, Arthur Cabral e Malcom, correm por fora. Tite já adiantou que terá oito ou nove vagas dentro das 26 possíveis para o Qatar, e a disputa está aberta.

A retomada de Jesus, que atua como ponta-direita ou centroavante, pode ameaçar as ascensões de jogadores como Gabriel Martinelli e Rodrygo, que ainda não conseguiram se firmar na mesma dimensão que Raphinha e Vini Jr, por exemplo. Como camisa 9, Matheus Cunha também sente a ameaça, enquanto disputa posição com Richarlison.

Depois de enfrentar o Japão, a seleção tem mais dois jogos previstos para setembro — um deles contra a Argentina. No mês seguinte, acontece a convocação final para a Copa do Mundo. É o objetivo final das jornadas de Philippe Coutinho e Gabriel Jesus.