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Santos mantém plano de contratar lateral-direito investigado pela Fifa

Byron Castillo, durante partida entre Equador e Argentina - Jose Jacome - Pool/Getty Images
Byron Castillo, durante partida entre Equador e Argentina Imagem: Jose Jacome - Pool/Getty Images

Lucas Musetti Perazolli

Colaboração para o UOL, em Santos (SP)

26/05/2022 04h00

O Santos mantém contato frequente com o Barcelona de Guayaquil e os representantes de Byron Castillo, mas adota cautela até a Fifa concluir a investigação sugerida pela Federação Chilena.

O lateral direito da seleção do Equador teria nascido em General Villamil, cidade litorânea próxima da capital Quito. Os chilenos, porém, denunciaram a possibilidade do atleta ser natural de Tumaco, na Colômbia, fronteira com Villamil. Caso as escalações irregulares sejam comprovadas, o Equador poderia não ir à Copa do Mundo do Qatar, o Peru teria vaga direta e o Chile iria para a repescagem.

A Fifa promete uma resposta em breve. A depender da análise do caso, Byron Castillo pode até ser suspenso ou banido. Dessa forma, o Santos apenas monitora a situação e pensa em formas de viabilizar a contratação na reabertura da janela internacional de transferências, em julho. Byron é o principal pedido de Fabián Bustos. O técnico entende que ele seria o melhor lateral direito no Brasil e acredita na inocência do atleta.

O advogado da Federação Chilena no processo de Byron Castillo é brasileiro. Eduardo Carlezzo crê que o lateral direito do Barcelona de Guayaquil será punido. Se não agora, em outras investigações futuras. A análise envolve adulteração de nacionalidade, mas também de idade e suposta falsificação de certidão de nascimento.

"É fato notório e de largo conhecimento no futebol equatoriano que o Byron não nasceu no país. Ele foi parte de um esquema, organizado por seu primeiro clube, Norte América, que registrou irregularmente vários jogadores em condições semelhantes. Este clube foi apontado pela federação equatoriana de futebol como o epicentro das falsificações de documentos no país e foi, inclusive, suspenso", disse Carlezzo.

No último domingo (22), Byron Castillo fez um pênalti na partida entre Barcelona de Guayaquil e Aucas, chorou e pediu para ser retirado de campo pelo técnico Jorge Célico. O Barcelona perdeu por 2 a 0.

"Quem não deve não teme. O cerco está se fechando sob o jogador e está chegando a hora em que ele terá que prestar esclarecimentos sob seu passado, o que incompreensivelmente omite até hoje. Por quê esse medo de falar sobre o passado, onde nasceu, família, irmãos, escola? Está na hora de falar a verdade, pois potencialmente está se arriscando a uma punição que pode até bani-lo do futebol", afirmou o advogado da Federação Chilena.

"Apenas por hipótese, vamos supor que, por qualquer motivo, a reclamação do Chile na Fifa não prospere. Isso não apaga o passado. A quantidade de evidências sobre a nacionalidade colombiana é muito grande e certamente será objeto de outras investigações, possivelmente até criminais no Equador. O clube que contratar o atleta não poderá alegar desconhecimento do fato, e se ele usa documentos falsificados, esse clube corre o risco de ter escalado um jogador em condição irregular e perder os pontos da partida. Vale a pena contratar um jogador com tamanho risco jurídico? Eu entendo que não", completou.

A Federação Equatoriana de Futebol (FEF), porém, vê "reclamação sem pé nem cabeça do Chile".

"A Federação Chilena não se assessorou com a nossa autoridade nacional, que é a competente para outorgar nacionalidade. Evidentemente o Byron Castillo é equatoriano. A reclamação não tem pé nem cabeça", disse o secretário Nicolás Solines, à La Red AM da Argentina.

"Temos a documentação que prova, por isso estamos tranquilos. Sabemos que a Fifa não vai intervir em temas soberanos como a nacionalidade de uma pessoa. Não estamos preocupados. Se questiona a nacionalidade, mas nosso registro civil tem a inscrição dele como equatoriano de nascimento. Seria melhor se a Federaçaõ Chilena procurasse a nós, mas temos que nos defender na Fifa e mostrar essa documentação", completou.

O Santos acredita que o imbróglio pode diminuir o preço para a compra dos direitos de Byron Castillo, principalmente se o Equador for desclassificado da Copa do Mundo. Um dos argumentos do Barcelona para recusar as propostas santistas foi a valorização do Mundial no Qatar. Em março, a pedida foi de cerca de R$ 15 milhões. O Peixe, porém, só fará uma oferta se estiver seguro juridicamente. E a prioridade é pelo empréstimo.

Atualmente, o Alvinegro praiano conta com dois laterais direitos: Madson e Auro. Ambos estão nos planos do treinador argentino, mas não são unanimidades. Bustos gostaria de ter na direita o mesmo poder ofensivo que tem Lucas Pires pela esquerda. Essa posição é prioridade da comissão técnica para o segundo semestre.

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