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Mulher que acusa atacante do Boca de estupro mostra provas contra jogador

Sebastián Villa, atacante colombiano do Boca Juniors - Manuel Cortina/Getty
Sebastián Villa, atacante colombiano do Boca Juniors Imagem: Manuel Cortina/Getty

Do UOL, em São Paulo

19/05/2022 14h54

Rocío Doldán, que acusa o atacante colombiano Sebástian Villa, do Boca Júnior, de violência de gênero, estupro e tentativa de homicídio apresentou nesta quinta-feira provas, como fotos e conversas pelo celular, que podem complicar a situação do jogador. O caso aconteceu em 26 de junho, mas só foi denunciado na semana passada. Nas mensagens trocadas entre os dois, o atleta parece não se lembrar do caso e se desculpa após receber uma foto da nádega da mulher machucada.

Segundo o diário argentino Olé, o episódio ocorreu na casa do atacante, na cidade de Canning, província de Buenos Aires, depois que eles participaram de um churrasco em outra propriedade, acompanhados de outros jogadores do Boca, do segurança de Villa, identificado como Vikingo, e de Félix Benitez, braço direito do atleta. Depois do fim da festa, o casal e outras oito pessoas seguiram para a casa do atacante, onde prolongaram a reunião.

Em seu depoimento, a vítima disse que os dois seguiram sozinhos para o quarto. "Ele havia bebido mais de uma garrafa de whisky. Ele estava me dando tapinhas no rosto, quando de repente ficou violento, apertou minha mandíbula e minha nuca, meu deu um tapa e disse: 'Você gostou dos meus colegas'".

"Ele começou a abusar de mim, batendo-me algumas vezes e cobrindo minha boca com a mão, momento que fiz alguns arranhões nele por querer sair daquela situação", continuou Doldán, que classificou a situação como "pior momento da minha vida".

Ela disse também que não denunciou a situação antes porque estava "bloqueada e com muito medo".

Provas

Hematoma que Rocío Doldán diz ter sido causado por Sebastián Villa e a conversa entre os dois - Reprodução/Infobae - Reprodução/Infobae
Hematoma que Rocío Doldán diz ter sido causado por Sebastián Villa e a conversa entre os dois
Imagem: Reprodução/Infobae

Nesta quinta-feira, o jornal argentino Infobae publicou fotos do corpo dela machucado e reproduções de conversas que os dois tiveram no dia seguinte ao episódio. As provas foram apresentadas à promotora Vanessa González, que investiga o caso.

De acordo com a conversa, a jovem se queixa das dores em seu corpo e envia ao colombiano uma foto de hematomas na bunda dela, mas o jogador parece não se lembrar do que havia acontecido. "Com o quê?! Na nádega?". Depois, ele se desculpa e diz que bebeu muito na noite anterior.

Ela também contou à promotora que o médico que a atendeu depois do episódio disse que as lesões eram compatíveis com abuso sexual. Ele também já foi convocado como testemunha e deve prestar depoimento amanhã.

Além das conversas apresentadas, outras três pessoas prestaram depoimento, incluindo o irmão de Doldán, para quem ela teria confidenciado toda a situação no dia seguinte ao ocorrido. Além de uma amiga da vítima, que a teria procurado na casa do atacante.

Outra denúncia

Villa já é alvo de outro processo, movido pela ex-namorada Daniela Cortés também por violência de gênero, feita em abril de 2020. O caso ainda vai ser julgado.

Segundo o Infobae, a denúncia anterior não agrava a situação do jogador. Isso porque, enquanto não houver julgamento, vale a presunção de inocência. De acordo com uma decisão da Suprema Corte em 2007, há apenas dois motivos para alguém ir para a cadeia durante o andamento de uma ação: risco de fuga ou dificultar o processo.

Por causa dessa ação, Villa tem que pedir autorização toda vez que deixa o país, seja profissionalmente ou a viagens pessoais.

A expectativa é que Villa seja submetido a uma avaliação psicológica nesta sexta-feira.

Por enquanto, o Boca mantém o jogador integrado ao elenco. Nesta semana, o técnico Juan Román Riquelme elogiou o jogador em e entrevista coletiva e disse que "o que acontece fora de campo é outra questão".

"Só temos palavras de agradecimento porque já se passaram dois anos e meio e ele nunca se lesionou, nunca foi tratado, não reclamou de nada. Ele não parou de treinar um único dia. A verdade é que nós, como profissionais, temos que tirar o chapéu para aquele menino. Depois, o que acontece fora de campo é outra questão, mas é maravilhoso ter um jogador que por dois anos e meio não perdeu um único treino".