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SPFC tenta evitar novo 'caso Marquinhos' e adota estratégia em renovações

Contrato de Marquinhos fez com que São Paulo corresse para não perdê-lo de graça - ADRIANA SPACA/ESTADÃO CONTEÚDO
Contrato de Marquinhos fez com que São Paulo corresse para não perdê-lo de graça Imagem: ADRIANA SPACA/ESTADÃO CONTEÚDO

Brunno Carvalho

Do UOL, em São Paulo

18/05/2022 04h00

O São Paulo tenta evitar que novos casos como o do atacante Marquinhos aconteçam. O jogador assinou contrato por cinco temporadas quando tinha 16 anos, mas a Fifa reconhece apenas três anos de vínculo. O imbróglio fez com que o time do Morumbi tivesse que correr para negociá-lo com o Arsenal, da Inglaterra, e impedir que ele saísse de graça no meio do ano.

A avaliação no departamento de futebol é de que não há um risco iminente de um novo problema como o de Marquinhos. Atualmente, apenas dois jogadores estão em situação parecida: os atacantes Cauê e Talles Wander, que disputaram a Copinha no início do ano e seguem atuando pela base são-paulina.

Os dois assinaram em 2019, ainda na gestão Leco, contratos até 2024. Eles tinham 16 anos na época. Pela regra da Fifa, a duração não vale para transferências internacionais. Nesse caso, são reconhecidos apenas três anos do vínculo. Cauê pode deixar o São Paulo sem custos para o exterior a partir de julho deste ano e Talles, em dezembro.

Mesmo com a proximidade do fim do contrato, o caso da dupla é visto como diferente do que aconteceu com Marquinhos. O atacante soma 42 jogos pelo time profissional e quatro gols feitos, o que aumentou a visibilidade e o interesse de times do exterior. No caso de Cauê e Talles, eles nem sequer foram relacionados para um jogo da equipe principal.

A renovação dos contratos deles é gerida pelo departamento de futebol de base do São Paulo. Fontes ouvidas pela reportagem consideram que os dois casos estão perto de serem adequados para as normas da Fifa. O São Paulo tem 100% dos direitos federativos da dupla.

São Paulo adota três etapas de renovação

O temor de perder jovens promessas de graça para o exterior fez com que o São Paulo adotasse uma estratégia para tentar diminuir os riscos. A ideia é uma análise ano a ano, conversando por uma nova renovação a cada mudança de status do jogador. O clube tem dividido os atletas oriundos da base em três etapas: o primeiro contrato profissional, um novo acordo quando promovido ao time principal e mais uma renovação futura conforme o atleta vá ganhando espaço.

As etapas são adotadas para permitir um aumento salarial dos jogadores e, consequentemente, uma multa maior em seus contratos. As negociações costumam resultar na prorrogação do acordo por mais um ano e na cessão de parte dos direitos federativos aos jogadores — a fatia varia conforme o status do atleta na base e em seu início no profissional.

Atualmente, o clube trabalha na renovação de quatro atletas recém-promovidos ao time principal: os zagueiros Luizão e Beraldo, o lateral Moreira e o atacante Caio Matheus. Todos eles estão indo da primeira para a segunda etapa da estratégia adotada pelo São Paulo.

Esses são os casos que exigem mais atenção do departamento de futebol. O mais preocupante é o de Luizão, que tem vínculo até janeiro de 2023, o que permitiria que ele assinasse um pré-contrato com qualquer outra equipe a partir de julho. As conversas com o estafe do zagueiro avançaram nos últimos dias, e o São Paulo considera a renovação bem encaminhada.

Os outros três casos seguem em negociação, mas envolvem jogadores com vínculos mais longos. Todos eles têm contratos com o São Paulo até o primeiro semestre de 2024.

Tanto clube quanto os estafes dos atletas dizem que as negociações ainda estão longe de uma definição, mas confiam em um desfecho positivo. O São Paulo detém 90% dos direitos federativos de Caio Matheus e Lucas Beraldo e 60% de João Moreira.

Desde o ano passado, o São Paulo trabalha na renovação do contrato de atletas que já se firmaram no time profissional. Foi o caso do zagueiro Diego Costa, do volante Luan e dos meias Rodrigo Nestor e Gabriel Sara, que prorrogaram seus vínculos e tiveram um aumento salarial.

O clube ainda trabalha com duas renovações futuras. O lateral Welington renovou no ano passado até 2024, mas seu novo status de titular faz com que o São Paulo converse para prolongar o vínculo do jogador e acertar uma remuneração condizente com o atual papel dele no elenco.

A outra envolve Igor Gomes. No profissional desde 2018, o jogador já tinha passado pela etapa pela qual Diego Costa, Luan, Nestor e Sara passaram e agora conversa para renovar o contrato e atingir uma nova faixa salarial, o que daria tranquilidade para o São Paulo no mercado da bola. As partes seguem negociando, mas ainda não chegaram a um acordo. Na janela de transferências passada, o clube recusou uma investida do Botafogo pelo jogador.

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