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OPINIÃO

Colunistas: críticas a Paulo Sousa após 5 meses de trabalho são justas?

Colaboração para o UOL, em Santos (SP)

12/05/2022 11h00

Apesar da vitória por 2 a 0 e da classificação para as oitavas de final da Copa do Brasil, a torcida do Flamengo não perdoou o técnico Paulo Sousa, que foi criticado por conta do mau desempenho do time —que teve trabalho para bater o Altos-PI e avançar no torneio de mata-mata.

Não é a primeira vez, aliás, que o treinador português é alvo de reclamações por parte dos aficionados. Convocamos, então, os colunistas do UOL Esporte para responderem à seguinte questão: as críticas a Paulo Sousa após cinco meses de trabalho são justas? Veja as respostas:

Infelizmente, cinco meses no futebol brasileiro é uma eternidade. Quem não prova seu valor, não ganha um título, dificilmente sobrevive. Paulo Sousa perdeu essa oportunidade no Campeonato Carioca e na Supercopa. Como o time ainda não engrenou e suas opções táticas não se consolidam, a pressão só aumenta. Só consigo vê-lo conquistando apoio se o Flamengo passar a vencer de maneira muito convincente e recorrente. Parece difícil com a atual fragilidade do seu sistema defensivo.
ALICIA KLEIN

Sim, porque o trabalho tem mais problemas que méritos e agora sinaliza uma perda de identidade que joga o treinador em uma vala comum no futebol brasileiro: abre mão da maior parte de suas convicções em nome da manutenção do emprego.
ANDRÉ ROCHA

Cinco meses no futebol brasileiro para mostrar trabalho é quase um privilégio. Em função disso, se espera que o time mostre mais do que vem mostrando. Flamengo é ainda irregular e sem encanto, com grupo que pode mostrar mais. Isso não significa que o trabalho deve acabar. Ele deve ser cobrado e tem capacidade para apresentar uma equipe melhor logo ali. Agora, que a paciência com ele tem sido maior do que foi com Domenèc e Renato, tem.
ANDREI KAMPFF

Toda e qualquer crítica é válida, especialmente quando há estrutura, dinheiro e bom elenco por trás. O Flamengo poderia, sim, estar hoje num patamar acima, mas longe de ser o fim do mundo, ainda mais com apenas cinco meses de trabalho. O grande problema em cima das análises (?) em cima do regular Paulo Sousa é a paixão clubística e o olhar constante para Jorge Jesus. Por parte da torcida? Natural. Por alguma fatia da imprensa? Exagero e muitas vezes falta de respeito com alguns termos usados.
BRUNO ANDRADE

No começo sempre pedi calma para ele mostrar o trabalho. Considero que as evoluções até aqui foram pequenas. Mas a questão é que desde Jorge Jesus o time nunca rendeu igual e já está provado que os atletas têm culpa nisso, além da diretoria.
DANILO LAVIERI

São inevitáveis porque JJ deu resultado muito antes. E JJ é o paradigma. Cinco meses é pouco tempo para se avaliar o trabalho de quaisquer treinadores.
JUCA KFOURI

Paulo Sousa foi chamado para uma missão que inclui mudança de modelo de jogo, estabelecimento de disputa por posições em elenco repleto de atletas acomodados por serem intocáveis até então, algo complexo e que demanda tempo. Começou a treinar o grupo há cerca de quatro meses, o time joga sob seu comando há pouco de três (estreou em 2 de fevereiro, 3 a 0 no Boavista), enfrentou resistência interna de jogadores que torceram os narizes ante as mudanças e agora convive com a postura doentia de parte da torcida e da mídia que acredita em Jorge Jesus mesmo quando ele "vira" Rui Vitória (que constrangedor).Pessoas que ignoram o fato de o histórico e competente treinador ter deixado o Flamengo por opção (direito dele) e jamais ter se interessado na volta (especialmente quando teve a chance, antes do Natal passado) ao clube. Agora, desempregado como em 2019, veio ao Rio de Janeiro com seu lança-chamas, incendiou tudo e foi embora para desembarcar em Lisboa dizendo que não trabalhará no Brasil, na Turquia, talvez. Não sei se JJ seria um sucesso numa eventual volta, como não sei se Paulo Sousa será capaz de fazer o que se propõe. Mas nota-se que é muito mais preparado do que a maioria dos técnicos brasileiros, especialmente na comparação com seu antecessor, um treinador superado, dos anos 1990, que era pedido pelos mesmos que hoje são implacáveis com o português. Fritaram Rogério Ceni, campeão quatro vezes no Flamengo, da taça mais importante à menos relevante, e repetem o processo agora numa sanha incontrolável dos que se limitam a pedir troca de treinadores. Não aprenderam nada com os pontos desperdiçados no Brasileirão (um em dois jogos contra o rebaixado Grêmio, derrota de 4 a 0 em casa para o Inter, empate com Chapecoense lanterna tendo um homem a mais, empate com América Mineiro sofrido no último lance, 0 a 0 com o Cuiabá no Rio...), na eliminação vergonhosa da Copa do Brasil em pleno Maracanã (Athletico 3 x 0 com Alberto Valentim de técnico), tampouco na derrota da final na Libertadores, quando vimos o time bagunçado mais caro da história do clube. É a Flamimimi, aquela que boicota o Flamengo.
MAURO CEZAR

Cinco meses de trabalho é muito tempo. Muito. Dava para o Flamengo estar jogando muito bem. A comparação com Jesus atrapalha? Sim, em time grande é assim mesmo. Mas Paulo Sousa está pior que Domenec, Rogério Ceni e Renato Gaúcho.
MENON

Acho que críticas que têm por base o trabalho dele diante das circunstâncias como elas se apresentam agora são justas. Críticas que têm como base o fantasma de Jesus não me parecem justas. O Flamengo está como está, com todas as intempéries espirituais que caíram sobre a Gávea, porque Jesus não quis ficar. Seria importante tentar olhar o trabalho de Sousa sem cair na tentação de compará-lo ao que fez JJ, de bom e de ruim. Me parece que não haverá esse tempo e que Sousa sairá sem que consigamos saber do que ele era feito de verdade.
MILLY LACOMBE

Sim, são justas. Seu trabalho é fraco, pior até do que o do Domènec Torrent. O Flamengo está adiando algo óbvio, sua saída. Só não fez agora para não "passar recibo" para o lotérico e arrogante Jorge Jesus. E o nome que poderia tentar salvar a temporada do Rubro-Negro é Cuca.
MILTON NEVES

Paulo Sousa merece ser criticado porque já deu tempo para o Flamengo mostrar um futebol melhor. Mas vale lembrar que criticar não significa pedir a demissão do treinador. O português pode fazer o time evoluir muito ainda.
PERRONE

Sim, já são 25 jogos e o time ainda não apresentou evolução ou padrão aceitável de jogo. Sob o seu comando, o Fla perdeu a final do Carioca, da Supercopa do Brasil, começou patinando no Brasileirão e passou pelo fraco Altos-PI na Copa do Brasil com um futebol muito pobre.
RODOLFO RODRIGUES

Sim. O time tem padrões, mas não consegue evoluir na execução deles. Isso, em parte, se dá por algumas escolhas dele.
RODRIGO COUTINHO

Há críticas justas e outras estapafúrdias ao trabalho de Paulo Sousa. Foi contratado para reformar e remodelar o Flamengo e houve uma mudança grande de sistema. Isso exige adaptações e o próprio técnico tem sido maleável e ajustado o esquema - passou a atacar com 4-3-3 recentemente. É justo criticá-lo por algumas escolhas - a manutenção de Hugo no gol por exemplo ou a insistência om Diego - e alguns problemas na recomposição defensiva. Mas há méritos em bons jogos como São Paulo, Palmeiras e Botafogo em que o time evoluiu na marcação pressão, nas triangulações. E são alucinadas as críticas que tentam botar só na sua conta vários problemas do futebol rubro-negro até anteriores. Já houve outros treinadores queimados no Flamengo por uma falta de conexão com a realidade de torcedores e parte da mídia em relação ao que o time.
RODRIGO MATTOS

Sim, com parcimônia. Em cinco messes, Paulo Sousa perdeu o Carioca pra o Fluminense com um time infinitamente superior, perdeu a Supercopa do Brasil lavando as mãos na hora de escolher os batedores de pênaltis e o time tem aproveitamento de rebaixado após cinco rodadas de Brasileiro. Rodizio de goleiros e demora para entender que Everton Ribeiro não é lateral esquerdo são erros absurdos que vão 100% para a comandanda do técnico. No entanto, é vítima também de um departamento médico incompetente, bancado por uma diretoria que adora aparecer na boa, mas que foge da responsabilidade e dos microfones quando o bicho está pegando.
VITOR GUEDES

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL