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Tite explica Neymar de 'verdadeiro' 9 e não expõe papo interno com ele

Tite durante a entrevista coletiva de hoje (23) da seleção brasileira, na Granja Comary - Reprodução/CBF TV
Tite durante a entrevista coletiva de hoje (23) da seleção brasileira, na Granja Comary Imagem: Reprodução/CBF TV

Gabriel Carneiro e Igor Siqueira

Do UOL, em São Paulo e Teresópolis

23/03/2022 14h30

"Dois externos, liberdade dos jogadores centrais, tendo mais variações táticas que a equipe possa ter também".

Assim Tite resumiu o que quer do sistema ofensivo da seleção brasileira, em uma formação que tem Neymar no ataque, com Paquetá chegando de trás, de forma centralizada. Os homens das pontas são Vini Jr e, segundo o treino de ontem (22), Antony.

O jogo contra o Chile, amanhã (24), no Maracanã, será a oportunidade para ampliar o leque pensando em uma versatilidade maior do grupo na Copa do Mundo. Tite quer gerar oportunidade para um estilo mais criativo. Na coletiva de hoje (23), citou até o "ousadia e alegria" que virou lema de Neymar.

"Eu não gosto de usar falso 9, é verdadeiro (risos). É um atacante com liberdade criativa, que tem as características de ousadia. O Vini Malvadeza... São adjetivos que fomentam e incentivam a criatividade e o lance pessoal. Teve um jogo em que ele trabalhou assim e outros em que voltou para deixar outros jogadores à frente. Neymar tem uma estrutura há bastante tempo na seleção brasileira para que possa potencializar sua criatividade. O que procuramos é uma harmonia, um equilíbrio, para os homens da frente criativos e os homens de trás consistentes", explicou o treinador da seleção, lembrando que Paquetá também já fez funções mais adiantadas anteriormente.

Tite e Neymar se cumprimentam na Granja Comary, em Teresópolis - Lucas Figueiredo/CBF - Lucas Figueiredo/CBF
Tite e Neymar se cumprimentam na Granja Comary, em Teresópolis
Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Mas para além de variações táticas que afetam o papel de Neymar, há os aspectos anímico e comportamental envolvendo o principal craque do Brasil. O momento na França é tenso por causa da eliminação do PSG na Liga dos Campeões, diante do Real Madrid.

"Ah, vai jogar Real Madrid x PSG', como a gente vai fazer? São atletas da seleção dos dois lados. O que a gente diz é que eles joguem no melhor nível possível e o resultado aconteça. Nossa torcida é pelo desempenho de todos", pontuou o treinador.

De todo modo, em uma Copa do Mundo, a forma de gerir os jogadores não pode ficar arraigada ao resultado de campo dos respectivos clubes. Na Copa 2018, Tite já experimentou um turbilhão de críticas, fatos e manchetes envolvendo Neymar e seu comportamento. Como fazer agora, na sua segunda experiência à frente da seleção em um Mundial?

"Primeiro, eu aprendi ao longo do tempo e o start foi uma filha socióloga, que diz: igualdade não, equidade. O que um atleta precisa pode ser o que o outro não precisa, abordagens diferentes, correções diferentes, porque somos diferentes enquanto seres humanos. Temos uma preocupação geral", comentou Tite, sem querer expor o tom e como é a abordagem interna com Neymar:

"São coisas muito íntimas, de dentro de vestiário, no cunho particular. Eu vou ser direto contigo: se um técnico meu quando eu era atleta pegasse e externasse meus problemas de forma pública eu ia colocar para ele: por que não vem falar comigo antes e me expõe de forma pública? A gente é exposto pra caramba, nós somos cobrados pela nossa atividade".

É com essa munição teórica e prática que Tite vai enfrentar o Chile, no Maracanã, às 20h30 de amanhã.