Topo

"Estou na seleção não é porque fico de gracinha", diz Richarlison

Richarlison, atacante da seleção, em coletiva na Granja Comary - Reprodução/CBF
Richarlison, atacante da seleção, em coletiva na Granja Comary Imagem: Reprodução/CBF

Gabriel Carneiro e Igor Siqueira

Do UOL, em São Paulo e Teresópolis

21/03/2022 13h58

Foi um Richarlison de poucas risadas ao longo da entrevista coletiva no primeiro dia da seleção brasileira na Granja Comary, em Teresópolis. É o início da preparação para os jogos contra Chile e Bolívia e o retorno do atacante do Everton à convocação de Tite desde a Copa América de 2021.

O atacante é popular nas redes sociais, faz sucesso com o torcedor por causa da irreverência da comemoração na qual imita um pombo e, no geral, esbanja descontração. Mas não atribuiu sua presença na seleção ao papel de alívio cômico da delegação.

"Estamos falando de seleção brasileira. Todo dia surge um atacante novo aí, na minha posição a disputa está bem grande. Mas eu estou na seleção não é porque fico de gracinha ou porque fico brincando com meus companheiros. É porque jogo meu futebol lá no Everton e quando venho aqui dou minha vida, faço meus gols, faço meu melhor. Por isso eu visto essa camisa com a maior alegria e faço meu melhor trabalho possível", disse o atacante.

O único sorriso mais frouxo de Richarlison na coletiva só saiu quando foi lembrado da frase dita ao presidente da Fifa, Gianni Infantino, ao receber a medalha de ouro em Tóquio: "Ano que vem é no Qatar, careca".

Richarlison ficou mais de seis meses longe da seleção porque, além de estar na seleção olímpica, se desgastar e ter a presença vetada pelo clube inglês em setembro, ele sofreu uma sequência de lesões — a mais grave no joelho —, o que retardou sua retomada à melhor forma física.

A expectativa para a volta estava grande. Ele até "reclamou" na entrevista do atraso de Tite na última convocação. O anúncio seria às 11h, mas foi às 11h30.

"Demorou 30 minutos, quase me matou lá", comentou Richarlison.

Richarlison, atacante da seleção brasileira, na chegada à Granja Comary - Lucas Figueiredo/CBF - Lucas Figueiredo/CBF
Richarlison, atacante da seleção brasileira, na chegada à Granja Comary
Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

O Pombo ficou incomodado por algumas análises que viu na imprensa sobre seu status na seleção. Sobretudo pela consolidação de nomes como Vini Jr, Antony e Raphinha, além da presença frequente de Matheus Cunha nas listas passadas.

"Eu fiquei com sentimento de tristeza, né? Querendo ou não fiquei de fora por causa de uma lesão que foi séria e muitos repórteres e comentaristas já me viam fora da Copa do Mundo. Eu estava com a cabeça tranquila, porque sei do meu talento, sei do meu potencial, e tenho histórico com a camisa da seleção. Devia ter um pouquinho de respeito, porque trabalhamos duro aqui, trabalhamos sério. Eu estava totalmente tranquilo porque vimos a evolução dos novos jogadores que chegaram e a concorrência cresceu bastante", acrescentou.

Desta vez, Richarlison é o único centroavante de ofício convocado para a seleção brasileira. Contra o Chile e Bolívia — ao menos entre os que estão chamados atualmente —, nada de Gabriel Jesus, Firmino, Pedro ou até mesmo o próprio Cunha, que se lesionou.

Richarlison, inclusive, vê que pode render na seleção até melhor do que no seu clube, o Everton. O time, inclusive, está brigando contra o rebaixamento — uma posição acima da zona da degola.

"É claro que o time não está numa boa fase, mas eu venho fazendo meu melhor, meus gols, minhas assistências. Por isso voltei para a seleção. Aqui me sinto bem, me sinto em casa, à vontade. Acho até que jogo melhor aqui do que no meu clube", completou.