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Supercopa do Brasil - 2022

Após guerra pela Supercopa, Fla e Galo não vão a jantar oferecido pela CBF

Atlético-MG e Flamengo disputam título em meio a relação deteriorada nos bastidores - Lucas Figueiredo/CBF
Atlético-MG e Flamengo disputam título em meio a relação deteriorada nos bastidores Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Léo Burlá

DO UOL, em Cuiabá (MT)

20/02/2022 10h59

Após uma intensa guerra de bastidores, Flamengo e Atlético-MG seguem sem sentar na mesma mesa. Neste sábado (19), a CBF promoveu um jantar para tentar apaziguar os ânimos e levantar uma bandeira branca antes da Supercopa, mas os clubes não enviaram representantes. A bola rola às 16 horas (de Brasília) de hoje (20), na Arena Pantanal. Em contato com a reportagem, a entidade disse que o evento era do Governo do Mato Grosso.

Estiveram presentes ao encontro dirigentes da CBF, cartolas dos clubes locais, e Emanuel Pinheiro, o prefeito da cidade. Esse tipo de encontro é comum antes de grandes partidas, mas essa reunião era vista também como um ato simbólico de trégua.

Inicialmente, o protocolo estabelecia que os dois times deveriam chegar em Cuiabá na última quinta-feira (17), mas o Atlético alegou falta de estrutura para treinar e se hospedar na capital do Mato Grosso. Diante do impasse, a CBF autorizou que os dois clubes chegassem apenas na véspera.

Diante do cenário de discórdia, todo o roteiro do jogo teve de ser transformado. Não houve coletiva pré-jogo com atletas e capitães de Fla e Atlético, e a coletiva após o jogo, que também seria presencial, ficou a cargo dos clubes. A boa notícia fica por conta da adesão das torcidas, que esgotaram rapidamente os pouco mais de 31 mil ingressos disponíveis.

Sede

Desde que o confronto ficou definido, um desconforto tomou conta especialmente do Galo. Campeões do Brasileiro e da Copa do Brasil, os mineiros não viram com bons olhos o duelo com o Rubro-negro, atual bicampeão do troféu e que entrou na edição deste ano credenciado pelo vice-campeonato do Brasileirão.

Com a partida confirmada pela CBF, o local passou a ser um ponto de atrito. Brasília, que foi inicialmente apontada como favorita, foi vista com desconfiança pelos atleticanos, que não se opuseram, mas que viram a escolha como muito favorável ao Fla. São Paulo era o local preferido do Galo, que também sugeriu o Mineirão, a única possibilidade abertamente descartada pelo Flamengo.

A entidade ventilou a hipótese de uma partida nos Estados Unidos, mas o plano não agradou. Ante a indefinição, sedes no Nordeste, hipóteses rechaçadas pelo Galo, foram sugeridas. De portas abertas, a capital de Mato Grosso se credenciou para receber o embate, que viveu uma espécie de "resta um" até que o martelo fosse batido. Em tom provocativo, os dirigentes cariocas argumentaram que a maioria seria rubro-negra em qualquer estádio do país.

Logística vira problema

A escolha de Cuiabá não agradou em nada aos diretores atleticanos. Quando a Arena Pantanal surgiu como uma das possíveis cartadas da CBF, a logística do Atlético foi tentar reservar hotel e descobriu que o Flamengo já havia feito reservas no local. A irritação entre os alvinegros ficou ainda maior, pois o entendimento foi de que o clube carioca recebeu informação antecipada.

O incômodo rival foi alvo de desdém no Ninho do Urubu, já que os dirigentes alegam que o setor de logística do clube bloqueou hoteis e campos de treinamento em diversas cidades. Quando saiu a decisão, o Rubro-Negro já tinha montado todo o seu esquema e assim seria caso uma das outras alternativas ventiladas tivesse vencido a parada.

Sem poder ficar no melhor hotel —o do Fla— e também sem boa estrutura para treinar, já que o CT do Cuiabá também estava reservado —pelo Fla—, o Atlético decidiu não seguir o regulamento da competição.

Galo quer mudanças

O Atlético tornou público um ofício enviado ao presidente interino da CBF, Ednaldo Rodrigues, questionando a escolha. Por deter os dois principais títulos do país, a diretoria alvinegra entendia que merecia um tratamento melhor por parte da entidade. Mas o incômodo não era somente com a CBF, mas principalmente com a postura do Flamengo.

A irritação do Galo não é nova e começou em outubro do ano passado. No duelo válido pelo segundo turno do Brasileirão, quando os dois times brigavam pelo título, a direção do Flamengo não liberou a entrada dos atleticanos no Maracanã. O Atlético teve de acionar o STJD, mas pouco adiantou.

Como não há mais nada o que fazer para 2022, o Atlético já sugeriu que a CBF ajuste o regulamento da Supercopa para as próximas edições. A sugestão é de que se o clube vencer o Brasileirão e a Copa do Brasil na mesma temporada, como foi o caso do Galo, ele tenha o direito de jogar dentro de casa, já que não existe nenhum outro tipo de vantagem.