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OPINIÃO

Tabet se revoltou com editorial contra Muralha: 'perdi a coluna no Globo'

Do UOL, em São Paulo

29/01/2022 04h00

O Flamengo já estava no processo de restruturação em 2017, mas tinha um time que ainda não havia chegado ao patamar dos títulos que venceu a partir de 2019 e os jogadores, ainda sem o status dos que chegariam dois anos depois, eram muito criticados e em alguns momentos as críticas passavam do ponto, o que levou Antonio Tabet a perder uma coluna de jornal ao rebater.

Na segunda parte da entrevista de Mauro Cezar Pereira com Tabet, no programa Dividida, do Canal UOL, ator e humorista conta que em seu período de vice-presidente de comunicação do Flamengo via excessos nas críticas que eram feitas a alguns jogadores, como o goleiro Alex Muralha, cuja capa do jornal Extra publicou um editorial se recusando a chamá-lo pelo apelido devido às falhas cometidas.

"Havia em algumas pessoas um tom de crítica em cima de determinados jogadores que eventualmente esbarravam no racismo, eventualmente esbarravam em um tipo de crítica que eu acho completamente desproporcional. Nessa época, por exemplo, eu escrevia uma coluna para o jornal O Globo, eu era colunista do Globo e foi uma época em que o Muralha começou a falhar muito. Teve jornal do Rio de Janeiro que fez o editorial do jornal era para anunciar que não iria mais chamar o Muralha de Muralha porque ele estava frangando", lembra Tabet.

"Eu fiquei revoltado com aquilo, é expor o cara, qual é o objetivo? O torcedor lá que assina em nome do jornal, em nome da instituição para espezinhar, para fazer quase bullying, para pisar em cima de um cara que é profissional e está treinando, mesmo que eu, como torcedor, detestasse o Muralha, falasse assim "o cara está falhando para cacete, não pode agarrar no Flamengo nunca mais'. Tudo bem, vai no perfil, grita, xinga na arquibancada", completa.

Tabet conta que ficou revoltado e aproveitou o espaço que tinha em uma coluna no jornal para rebater a o editorial publicado contra o goleiro, mas no fim acabou perdendo o espaço na publicação.

"Fazer um editorial sobre isso é f*. Aí eu reclamei, falei disso na coluna do Globo e acabei eu perdendo a coluna no Globo porque fui falar mal do Extra, que era um jornal do mesmo grupo", diz o ex-vice de comunicação.

Apesar desta situação, ele acredita que com a forma como o então presidente Eduardo Bandeira de Mello se colocava em defesa de seus jogadores, em alguns momentos os técnicos poderiam ficar intimidados a escalarem atletas que não estavam em bom momento, comprometendo o desempenho do time.

"O Eduardo meio que se botava ali meio que defendendo esses caras nesses momentos. O problema é que não era só nesses momentos e aí você imagina o presidente do clube defende um jogador por conta de ataques covardes como esse, isso pode eventualmente espelhar na cabeça do treinador que fala 'não posso tirar o cara do time nessa hora ou eu tenho que continuar escalando ele' e aí quem se ferra? O clube, o torcedor, o resultado", diz Tabet.

"Muitas vezes, por conta dessa projeção de opinião e hierarquia, o presidente fala uma coisa, vê uma coisa, isso acaba se refletindo. Então eu não achava o ideal como torcedor e o tempo provou que eu estava certo de não achar. Eu lembro de jogo do Flamengo no Maracanã que estava lá na arquibancada louco, xingando o Márcio Araújo, xingando o Muralha e aí eventualmente o Marcio Araujo roubava uma bola na defesa, fazia uma jogada bonita, aí outro colega, vice-presidente olhava para mim 'fala do Marcio Araujo agora, fala dele!'. Aí eu, hoje, em 2021, encontro o cara e falo 'e o Marcio Araújo? Está onde? Está no City?'", conclui.

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