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Ceni cobra mais reforços no São Paulo para 'brigar mais alto' na temporada

Brunno Carvalho

Do UOL, em São Paulo

26/01/2022 13h44

O São Paulo trouxe cinco reforços para a temporada depois de brigar contra o rebaixamento no Brasileiro no ano passado. Ainda assim, o técnico Rogério Ceni acredita que o elenco precisa de mais peças para conseguir brigar nas principais competições em 2022.

"Os nomes que chegaram são todos bons jogadores. Nikão, Alisson, Jandrei, Patrick e Rafinha, que foi o primeiro a chegar. Todos os jogadores experimentados, que demonstraram capacidade nos clubes onde jogaram. A gente se sente melhores e com mais opções do que do ano passado. Precisamos de reforços. Mas esses jogadores chegaram em condições de contratos terminados. O clube atravessa ainda uma crise financeira. Mas foram boas contratações. Mas para brigar mais alto, precisamos de mais. A diretoria está buscando reforços para termos mais peças durante o ano", afirmou o treinador, em entrevista coletiva virtual no CT da Barra Funda.

Um dos desejos de Rogério Ceni para o elenco era a contratação de um ponta de velocidade. O São Paulo tentou Douglas Costa e Soteldo, mas não chegou a um acordo com nenhum deles. A ideia do time do Morumbi era encontrar um parceiro que aceitasse pagar parte dos salários de um dos dois.

"Um jogador de velocidade pela esquerda, não conseguimos contratar. Tivemos o Douglas Costa, o Soteldo... eram negociações difíceis. E outras, o Luis Henrique, hoje com o Sampaoli, e o David (do Fortaleza). A gente tenta se adaptar. Vamos tentar encontrar um jogador que substitua esse que não pudemos trazer no momento para o São Paulo", disse Ceni, que afirmou que o jovem Caio "deve ficar" no profissional após se destacar na Copinha.

Sem a chegada de um ponta, Ceni admite que terá que montar uma equipe com um esquema tático diferente do previsto. Nos treinos de pré-temporada, o treinador revezou a equipe em um 4-2-4 e em um 4-3-3, com Alisson às vezes aberto pela esquerda e, em outras, centralizado pelo meio.

"Pretendo utilizar a linha de quatro mais do que três zagueiros. Talvez mude um pouco do 4-2-4, como jogávamos, e pretendo utilizar a forma física dos atletas para compensar contra times que têm mais opções, vamos tentar competir cada vez mais. Por isso jogadores como Alisson, Sara, Patrick, em forma, mas é outro time, numa outra formação. Principal mudança seja tendência maior em linha de quatro", prosseguiu.

O São Paulo estreia amanhã (27) no Paulistão, fora de casa, contra o Guarani. A tendência é que o time escalado seja: Volpi; Rafinha, Miranda, Léo, Reinaldo; Gabriel Neves, Gabriel Sara, Alisson; Nikão, Rigoni e Calleri.

Confira outras declarações de Rogério Ceni na entrevista coletiva:

Título paulista está no orçamento do São Paulo. Isso cria uma pressão extra?

Eu acho que o São Paulo, em qualquer campeonato, gostaria de ganhar as maiores competições do ano. Conforme o tempo vai passando, vamos tendo uma noção de onde podemos chegar.

Todo jogo é uma pressão, times grandes são assim. Nós não vamos desgastar o elenco como ano passado, tivemos férias. O que nos atrapalhou foram os 16 jogadores que contraíram Covid, além do Luciano, que voltou com lesão na panturrilha, e Luan que sente dores. Só oito atletas conseguiram trabalhar ininterruptamente nesses 15 dias. Vamos rodar, independentemente de resultado.

Você disse que a torcida deveria esperar anos difíceis para o São Paulo. Como controlar a expectativa da torcida?

São Paulo tentou fazer o melhor, montar o melhor elenco. No passar dos anos há chance de renovação, jogadores jovens vão estar mais maduros, clube vai estar melhor financeiramente no ano que vem, mas não nos dá o direito de jogar expectativa do torcedor fora. Lembro como a torcida crescia ao ganhar títulos. Vejo ainda alguns times à frente do São Paulo, com mais elenco, mais jogadores, com reposições, mais investimento. Mas vamos tentar fazer o melhor dentro que nos é oferecido.

Os reforços vão mudar o perfil calado do grupo?

Dos cinco, o que mais fala é o Rafinha, o que mais participa durante o jogo em orientações. Mas acho que é algo que a gente tem que desenvolver. Nikão é mais calado. Nesse período eles falam menos porque estão cansados porque a pré-temporada foi bem forte, com quase dois períodos todo dia.

Mas espero que a gente tenha uma comunicação melhor, que consigamos nos comunicar melhor dentro de campo para buscarmos os resultados.

Por que o Talles Costa não foi inscrito no Paulistão?

O Talles fez a pré-temporada toda com a gente e vai continuar. Ele está com covid e não pode jogar no momento. O Talles pode estar em uma lista B, quando ele voltar, nós temos um dia antes de cada partida para incluir cada jogador. Quando ele voltar, será incluso como os demais foram até agora.

Era um desejo seu tentar recuperar o Pablo? Ele tinha um gatilho de jogos no contrato.

Acho o Pablo um jogador interessante, se não fosse o São Paulo não teria adquirido seu passe. Talvez ele não tenha perfomado aqui, não comigo, mas durante o espaçamento de tempo que ele esteve aqui com outros treinadores.

Essa é uma decisão mais institucional. O Pablo tem um contrato com valores expressivos. Eu acho ainda que o Pablo tem tudo para jogar bem em outras equipes, acho que isso foi o momento, talvez não deu certo aqui.

Lembrando que o gatilho dispara por quem confecciona o contrato, não por quem escala o jogador em uma partida. Porque outros treinadores passaram aqui e ele precisava de 40 jogos para o gatilho disparar. Usaram ele em 39. Então não sou eu que usei ele em uma partida que disparou o gatilho.

Quem dispara o gatilho é quem faz mal o contrato, quem redige mal um contrato. Não sei nem quem foi que redigiu esse contrato, mas quem redige o contrato é que dispara o gatilho. Não é o treinador que usa um jogador que dispara o gatilho salarial ou de tempo de contrato. Não é o treinador que usa ele em um jogo que é o culpado, e sim quem redige o contrato e escolhe a maneira como ele vai ser remunerado. E nem estou falando se ele merece ou não, isso não vem ao caso.

Acho que são bons jogadores que não perfomaram o esperado aqui. Mas sempre treinou de forma correta, sempre foi bom profissional ao menos comigo aqui.

Quão distante o São Paulo está dos rivais?

Eu vejo que, primeiro, a gente se reforçou. Incluo o Red Bull Bragantino entre os principais clubes. O Palmeiras acabou de ganhar a Libertadores, acho que está um passo à frente, não só da gente. O restante vamos ter que analisar o que produzir a cada jogo, a encontrar o melhor sistema, os melhores 11 para começar jogos. Do meio do campeonato em diante vamos ter noção melhor em que posição se encontra, se está equilibrado, à frente ou atrás.

Jandrei foi um pedido seu? Como acha que Patrick e Nikão podem jogar?

Todos os jogadores foram consultados por mim. Alguns eu escolhi, outros a direção apresentou as condições. Futebol está caro hoje. Vejo briga saudável no gol, Volpi experiente, Jandrei também rodado, tem bom jogo com os pés. Se eu falar como eu quero usar Patrick e Nikão vai ficar fácil aos rivais. Nikão vai ser muito próximo ao que ele fez no Athletico. O Patrick penso em usar mais por dentro, como ele jogou sua melhor forma no Inter. Pode ser que eu mude de ideia, mas eu gostava muito como ele jogava com o Coudet. Ele se sente à vontade, gosta da função.

O que pensa dos recentes casos de violência nos estádios?

Acho que é na sociedade como todo. A violência, a falta de respeito, vem crescendo. Uma faca num estádio de futebol... o ser-humano não deu muito certo, as pessoas estão perdendo cada vez mais os valores, as coisas passam a ser tachadas como normais. Mas é errado. Era torcida única. Infelizmente a gente vê em situações mais corriqueiras. São valores que vão se perdendo, pouco investimento em educação, e as pessoas vão se formando achando que podem fazer o que bem entender. Não é exclusivo do futebol. Se vê no dia a dia, na violência das ruas, doméstica, e também nos estádios.

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