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Palmeiras começa a desenhar mudança de torcidas organizadas para o Gol Sul

Torcida do Palmeiras presente no Allianz Parque no clássico contra o São Paulo - Marcello Zambrana/AGIF
Torcida do Palmeiras presente no Allianz Parque no clássico contra o São Paulo Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

Diego Iwata Lima

Do UOL, em São Paulo

14/01/2022 04h00

Palmeiras e Allianz Parque fazem, hoje (14), a primeira reunião para tratar de uma promessa de campanha de Leila Pereira à torcida organizada Mancha Verde: tentar a transferência do setor das torcidas organizadas do Gol Norte (avenida Francisco Matarazzo) para o Gol Sul (rua Palestra Itália).

A reunião ocorre um dia depois de a presidente do Palmeiras receber uma comitiva da Mancha para uma primeira agenda oficial desde a eleição. Na conversa, que teve o presidente de honra e conselheiro do clube Paulo Serdan como um dos presentes, falou-se de contratações, conselho arbitral e até do estafe da presidência. E também, claro, da questão mudança de setor das organizadas.

Mudança quer aumentar a pressão sobre os adversários

A demanda da Mancha e das demais torcidas tem como objetivo aumentar o nível de pressão exercido sobre a equipe adversária. O setor Gol Sul fica mais próximo do gramado em comparação ao Gol Norte, cuja estrutura acompanha o formato de ferradura herdado do velho Parque Antarctica.

Mas a mudança envolve uma série de pequenos detalhes, dos logísticos aos financeiros. A entrada para o Gol Sul se dá pelo portão A, na Palestra Itália, uma via mais estreita que a Francisco Matarazzo, o que dificulta o escoamento dos torcedores organizados em caso de conflito e aumenta a propensão de travamento da rua.

Os ingressos para o setor Sul, nos dois patamares, são também mais caros que os do setor Norte. No Avanti, o programa alviverde de sócio-torcedor, o primeiro plano que concede gratuidade para os associados dá acesso justamente ao lado Norte, onde os ingressos são mais baratos por conta de os assentos serem mais distantes do campo.

Pelo lado Sul também fica o acesso das cadeiras Oeste, Superior e Inferior, os mais caros do Allianz Parque. O Passaporte Allianz, programa da concessionária do estádio, concede lugares para seus associados também neste lado. Se as organizadas entrarem por lá, a logística de quem está acostumado a chegar muitas vezes em cima do horário, por ter ingresso e assento garantidos e nominais, vai se complicar.

Dentro do estádio, existe a questão envolvendo as torcidas adversárias, que hoje ficam do lado Sul por conta de haver ali um portão de acesso mais isolado e facilitado, do ponto de vista logístico e de segurança, pela rua Padre Antônio Thomaz. Se a troca de lado acontecer, as torcidas adversárias vão ficar exatamente em cima das organizadas do Palmeiras, já que não há como proporcionar a entrada isolada dos visitantes pela rua Palestra Itália.

E ainda que tudo isso seja resolvido, pode ser que a mudança jamais ocorra. A opinião da Polícia Militar, no fim das contas, vai ter um peso muito grande para Palmeiras e Allianz Parque tomarem uma decisão. Se a corporação entender que há um aumento do risco, é improvável que clube e concessionária alterem o que vem funcionando com relativo sucesso desde 2014.

Setor Sul surgiu junto com o Allianz Parque

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Torcida do Palmeiras no Parque Antarctica em 1986
Imagem: Reprodução

O local pleiteado pelas organizadas não existia até 2014, quando o Allianz Parque foi inaugurado. No estádio com formato de ferradura, ali ficava, como era conhecido, o gol das piscinas do Parque Antarctica/ Palestra Itália.

Nas transmissões de TV, o trampolim da piscina de saltos ornamentais do clube era presença constante nos enquadramentos, com os toboáguas ao fundo, e fazia parte do folclore do velho estádio, juntamente com as luzes piscantes dos prédios localizados no entorno do clube.

No Parque Antarctica, a Mancha sempre ocupou a fatia central da parte lateral da arquibancada, onde fica hoje o setor Leste do Allianz Parque.

No fim dos anos 2000, o clube inaugurou naquele trecho um setor premium de cadeiras descobertas, o setor Visa. Assim, a Mancha teve de se deslocar para a curva da ferradura, onde permanece até hoje, embora em "outro estádio".

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