Topo

Testemunhas indicam que Clayson não agrediu mulher em investigação em MT

Clayson, durante partida entre Cuiabá e Juventude - AssCom Dourado
Clayson, durante partida entre Cuiabá e Juventude Imagem: AssCom Dourado

Yago Rudá

Do UOL, em São Paulo

29/12/2021 04h00

A investigação da Polícia Civil de Mato Grosso na denúncia de lesão corporal cometida pelo atacante Clayson a uma jovem de 22 anos, na cidade de Cuiabá, aponta que o jogador não participou de agressões. Nos últimos dias, as autoridades colheram os depoimentos de todos os envolvidos no episódio ocorrido na madrugada de 6 de dezembro, e seis das sete versões apresentadas na Delegacia Especializada de Defesa da Mulher afirmam que o jogador não cometeu violência contra Danielle Sarti, autora das denúncias.

A presença de outro jogador no ocorrido, o meia Rafael Gava, foi descartada - um dos homens presentes teria se apresentado falsamente como o atleta do Cuiabá. Danielle foi internada no dia 7 de dezembro e passou quatro dias no hospital.

Além de Danielle, que acusa Clayson e outros dois homens de lesão corporal, a polícia colheu os relatos do ex-jogador do Corinthians e de Daniel Pio e Paulo Henrique — os dois amigos que o acompanhavam naquela noite. As versões das outras duas mulheres também contratadas pelo trio (Aline Lopes da Silva e Lylia de Lima) e do gerente da boate onde as garotas trabalhavam também foram ouvidas.

O que diz Danielle?

No Boletim de Ocorrência registrado no dia 6 de dezembro, Danielle informa que foi agredida por Clayson, Daniel Pio - a quem ela ela se refere como Rafael Gava — e Paulo Henrique após jogar o boné da cama e irritar um deles. A garota diz que foi imobilizada e teve o braço, pernas, peito e testa cortados com o vidro de uma garrafa quebrada e que não recebeu ajuda de nenhuma das garotas presentes no quarto do motel.

Danielle também afirma que ao sair do motel, voltou para o alojamento na boate onde trabalha, bebeu uma garrafa de cerveja e ingeriu duas caixas de rivotril. Em seguida, utilizou o vidro da garrafa para cortar o próprio pescoço.

O socorro foi acionado, Danielle foi encaminhada a um hospital de Cuiabá, recebeu os devidos cuidados e passa bem.

O que dizem os outros relatos?

Segundo inquérito policial ao qual o UOL Esporte teve acesso, Clayson e os amigos teriam contratado o serviço das três profissionais na Boate Crystal, mas Danielle insistia em receber o pagamento antecipado. Logo após breve entrevero, os seis seguiram para o motel, onde o programa ocorreu normalmente. No momento de receber o pagamento, Daniel Pio, um dos amigos de Clayson, estava resistente em realizar transferência bancária a Danielle, temendo ser descoberto pela namorada. O pagamento, então, realizado em dinheiro, foi conferido por ela, que percebeu a falta de R$ 100 e reclamou.

Quando o restante que faltava foi pago a Danielle, completando os R$ 600 combinados inicialmente, a discussão tomou novas proporções. Ela, reclamando da confusão, teria atirado o boné de Clayson, que estava em sua cabeça, em Daniel - que demonstrou impaciência com as reclamações da jovem.

A partir deste momento, as versões divergem. Enquanto Clayson, seus dois amigos e as outras duas mulheres contratadas dizem que Danielle partiu para cima de Daniel Pio e iniciou as agressões, Danielle acusa Daniel Pio, Clayson e Paulo Henrique de a atacarem com agressões físicas e verbais, inclusive utilizando pedaços de vidro de uma garrafa long neck quebrada que estava no quarto. As outras testemunhas presentes afirmam que o jogador e seus amigos apenas tentaram conter Danielle, alterada.

Procurada pela reportagem, a Polícia Civil de Mato Grosso não deu informações sobre o andamento do caso. Os depoimentos foram colhidos entre os dias 13 e 17 de dezembro e o ocorrido segue sob investigação.

Apontado como envolvido, Rafael Gava já provou não ter participado

O envolvimento do meia Rafael Gava, citado no boletim de ocorrência registrado no dia 6 de dezembro, não passa de uma grande confusão. O nome do jogador apareceu nos relatos porque, de acordo com Danielle, Daniel Pio teria se apresentado desta forma. O caso já foi esclarecido e, inclusive, o atleta apresentou provas à polícia de que, no momento da briga no motel, estava participando de uma partida de CS:GO (Counter-Strike: Global Offensive).