Topo

Mariano no Atlético: da justa causa e saída no camburão à redenção em 2021

Mariano com a medalha entregue pela conquista do Campeonato Brasileiro de 2021 - Pedro Souza/Atlético-MG
Mariano com a medalha entregue pela conquista do Campeonato Brasileiro de 2021 Imagem: Pedro Souza/Atlético-MG

Victor Martins

Colaboração para o UOL, em Belo Horizonte (MG)

21/12/2021 04h00

Aos 35 anos, Mariano viveu em 2021 a temporada mais vitoriosa da carreira. O lateral-direito foi titular do Atlético-MG nas conquistas do Campeonato Mineiro, da Copa do Brasil e do Campeonato Brasileiro. O camisa 25 do Galo é o dono da posição e goza de um prestígio incrível entre os torcedores. Mas até poucos meses atrás a relação com a torcida não era de idolatria. E a explicação está em 2008, quando Mariano vestiu a camisa alvinegra pela primeira vez.

O então jovem lateral de 22 era importante no time comandado por Marcelo Oliveira. O centenário do Atlético não era dos melhores, sem nenhum título conquistado e campanha de meio de tabela. Um período de vacas magras pelos lados da Cidade do Galo. Emprestado pelo Tombense, Mariano se destacava em meio à mediocridade do Atlético de 2008. Mas no início de outubro, tudo acabou.

Ao lado do lateral-esquerdo Calisto e do meia Lenílson, Mariano deixou o hotel que a delegação alvinegra estava concentrada para o duelo com o Palmeiras, pela 28ª rodada do Brasileirão, para curtir ao noite paulista. A escapulida do trio não passou despercebida. Os três foram afastados do jogo, em que o Galo acabou derrotado por 3 a 1, e, posteriormente, foram dispensados. Mariano e os outros dois jogadores levaram demitidos por justa causa.

Mariano em ação pelo Atlético-MG contra o Fluminense, pela Copa do Brasil - LUCAS MERÇON / FLUMINENSE F.C. - LUCAS MERÇON / FLUMINENSE F.C.
Mariano em ação pelo Atlético-MG contra o Fluminense, pela Copa do Brasil
Imagem: LUCAS MERÇON / FLUMINENSE F.C.

Como o momento do Atlético já não era dos melhores, alguns torcedores estavam na porta da sede do clube, em Lourdes, na região Centro-Sul de Belo Horizonte. Por segurança, Mariano, Calisto e Lenílson deixaram o local dentro de um carro da polícia. Assim terminou a primeira passagem do lateral-direito pela Cidade do Galo. Na época, o jogador temeu pelo fim da carreira.

Aos 22 anos, dispensado por um grande clube brasileiro, Mariano não sabia como seria seu futuro. Mas aquele episódio foi, na verdade, um recomeço para ele. "Foi importante para abrir meus olhos e voltar ao caminho certo. Por uma besteira eu poderia ter acabado com a minha carreira", disse Mariano, alguns anos depois, já com o titulo brasileiro pelo Fluminense no currículo e vendido ao Bordeaux, da França.

Felizmente, a carreira de Mariano não acabou em 2008. Ele deu a volta por cima. Além de Fluminense e Bordeaux, o lateral-direito também jogou por o Sevilla, da Espanha, e Galatasaray, da Turquia, além de ser convocado para a seleção brasileira. O retorno ao Atlético só foi possível graças a Jorge Sampaoli, com quem trabalhou no futebol espanhol. Mas mesmo de volta ao Galo, Mariano demorou para conquistar a torcida, pois ficou um bom período como reserva, até ser escolhido por Cuca na disputa com Guga pela posição.

"Foi muita paciência e experiência. Quando eu cheguei, vim como uma contratação do Sampaoli, pois trabalhamos juntos no Sevilla, então tinha uma grande expectativa para que eu jogasse. Era um estilo de jogo diferente em relação ao que eu estava acostumado lá na Turquia, precisava de adaptação. Respeitei muito o Guga, que era o titular da época. Hoje sei esperar e ter paciência para que as coisas aconteçam naturalmente. Quando o Cuca chegou, também havia trabalhado com ele, em 2009, no Fluminense, quando nos livramos do rebaixamento. Era um outro estilo, mas comecei a ter sequência, aí facilita, porque você ganha confiança. Tudo isso colabora para o meu momento no Atlético", explicou o experiente lateral de 35 anos, após a conquista do Brasileirão.

Com os três títulos conquistados em 2021, o Triplete Alvinegro, Mariano tem uma nova relação com o torcedor do Atlético. Aquela imagem do jogador que deixou a sede do clube dentro de um carro da polícia ficou no passado. Com vínculo até o fim de 2022, o lateral espera por mais uma temporada com títulos.