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Flamengo elege seu presidente com futebol em debate e técnico em pauta

Sede social do Flamengo, na Gávea, Zona Sul do Rio de Janeiro - Divulgação/Flamengo
Sede social do Flamengo, na Gávea, Zona Sul do Rio de Janeiro Imagem: Divulgação/Flamengo

Alexandre Araújo e Leo Burlá

Do UOL, no Rio de Janeiro

04/12/2021 04h00

Com quatro candidaturas no páreo, os sócios do Flamengo vão às urnas e elegem hoje (4) o presidente para o próximo triênio. Os postulantes são Marco Aurélio Asseff (Chapa Azul), Ricardo Hinrichsen (Chapa Branca), Rodolfo Landim (Chapa Roxa) e Walter Monteiro (Chapa Amarela). A votação ocorre na Gávea, sede social do clube, de 8h às 21h, e cerca de 6.000 associados estão aptos a votar.

Após uma temporada que ficou aquém das expectativas dentro do campo, o futebol, é claro, está no centro do debate eleitoral. Favorito no pleito, Landim é alvo dos ataques dos oponentes, que defendem profissionalização total do departamento de futebol e acusam o atual mandatário de lotear cargos a favor de apadrinhados. A seu favor, ele cita o protagonismo recuperado e a solidez das finanças.

Em meio ao debate sobre mudança de métodos, que inclui também muitos questionamentos em relação ao trabalho do departamento médico, o assunto que mobiliza a Gávea é a troca de comando. Com o processo eleitoral em curso, o atual presidente evita pisar fundo no acelerador até que as urnas apontem o vencedor. Fato é que este tema irá ganhar corpo a partir de amanhã e, seja lá quem for o vitorioso, é quase impossível imaginar que o novo técnico não venha de fora do país.

Fora das quatro linhas, o vencedor dessa eleição irá encontrar um clube em situação confortável sob o ponto de vista financeiro e já não terá de lidar com o caos econômico que assolava o clube antes do início da reestruturação, em 2013. A expectativa é que o ganhador assuma um clube que irá somar nada menos do que R$ 1 bilhão em receitas em 2022.

No cotidiano rubro-negro, um assunto que aquece a discussão na Gávea é a abertura do clube para sócios "off-Rio" e sócios-torcedores. Em 2018, o atual mandatário acenou com o sinal verde para o voto à distância e ampliação do colégio eleitoral, mas a questão ficou estagnada. O assunto gerou até uma ação judicial movida por Monteiro, porém a situação saiu vitoriosa e manteve o jogo da forma como já estava colocada.

Passada a eleição, o Fla já tem um compromisso para começar o o ano que vem. Na próxima terça-feira (7), O Conselho de Administração do Rubro-negro se reunirá de forma presencial e irá votar o orçamento proposto pelo Conselho Diretor do Fla, números que serão decisivos para a busca pelo técnico e também para desenhar como será o futebol rubro-negro na próxima temporada.

A ideia inicial é que não haja grandes gastos com a aquisição de jogadores, pois os cariocas ainda têm pendências referentes aos negócios de Pedro e Gabigol, por exemplo. O orçamento do futebol, que está sendo traçado, é único e prevê valores em salários e contratações para elenco e comissão técnica. Em 2021, o clube deve fechar o gasto do futebol entre R$ 550 milhões e R$ 600 milhões.

Ao UOL Esporte, os candidatos expuseram um pouco de suas ideias e traçaram planos em caso de triunfo nas urnas. Landim, da chapa "UniFla", e que tem como vice-presidente Rodrigo Dunshee de Abranches, optou por não se manifestar. Confira:

Chapa Azul "Sempre Flamengo"
Presidente do Conselho Diretor - Marco Aurélio Asseff
VP do Conselho Diretor - Juliane Musacchio
Marco Aurélio Asseff - Reprodução/Facebook - Reprodução/Facebook
Imagem: Reprodução/Facebook

"Eu nasci Flamengo, cresci no Flamengo e sempre me dediquei ao Flamengo. Não é por acaso que eu tenha sido eleito o Benemérito mais jovem da história. Ninguém questiona minha dedicação ao clube. É inegável que o Landim fez muita coisa boa, mas elitizou a arquibancada, afastou os "off-Rio", perseguiu adversários políticos e críticos. O que me motiva é saber que podemos continuar evoluindo, vencendo e crescendo sem afastar do clube, das arquibancadas ou de sua paixão aqueles que fizeram o Flamengo ser o que é hoje. O Flamengo é sinônimo de pluralidade. Seja de ideias ou de pessoas, e para ter essa diversidade, é necessário uma constante renovação. O próprio Landim, em 2018, se manifestou contra a reeleição, e afirmou que manter grupos no poder não é benéfico ao clube, pois trabalham em benefício próprio. Queremos mudar exatamente por concordar com ele. A nossa proposta é manter o que está sendo bem feito e continuar evoluindo naquilo que necessitamos melhorar. E tem muita coisa, mas que a gestão atual, por diversos acordos políticos e promessas de cargos, se nega enxergar ou escutar. Como rubro-negro, sei que o "outro patamar" não pode ser só de uma gestão. O Flamengo precisa ser maior".

Chapa Branca "Flamengo Sem Fronteiras"
Presidente do Conselho Diretor - Ricardo Hinrichsen
VP do Conselho Diretor - Bernardo Borges Marques
Ricardo - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

"A gente está vivendo um momento de muitas transformações no futebol, que já acontecem na Europa e vão chegar aqui. Não existe mais espaço para amadorismo na gestão do futebol, não existe espaço para um monte de coisas que ainda acontecem no Flamengo. O clube evoluiu em algumas áreas mas não teve coragem política de evoluir em outras. O mundo do futebol está passando por uma grande transformação, o tipo de adversário que vamos enfrentar daqui para frente são adversários que fazem uso de recursos de mecenato, de investidores estrangeiros. Ou a gente se prepara como clube mantendo a nossa posição cada vez mais forte como entidade associativa, mas com gestão profissional, ou nós vamos ficar para trás e perder tudo que a gente construiu ao longo dos anos desde 2013. A gente precisa entender o futuro e como é importante o clube se transformar para o clube se adaptar a esse futuro, quer a gente goste ou não. A gente precisa se reinventar como clube social, entra gestão e sai gestão e a gente continua no mesmo lugar. A forma é ter uma gestão completamente profissional em todos departamentos, ter diretores e vice voluntários como fiscalizadores e orientadores, mas nunca como gestores do dia a dia".

Chapa Ouro "Flamengo Maior"
Presidente do Conselho Diretor - Walter Monteiro
VP do Conselho Diretor - Cláudia Simas
Walter Monteiro - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

"O sucesso esportivo não é desculpa para retrocessos institucionais. O Flamengo campeão caminhou muito mal fora das quatro linhas. Foi frio, desumano, desprovido de empatia, distópico e incapaz de se enxergar como um ente nacional. Precisamos resistir aos querem transformar o clube em um playground de suas casas e fazer do Mais Querido uma instituição à altura da grandeza da Nação. O Fla do Landim é uma ação entre amigos e aliados, totalmente dominado por uma lógica de compadrio. Precisamos dar o salto definitivo para o profissionalismo, blindando de uma vez por todas o futebol das influências dos palpiteiros e dirigentes em busca de promoção pessoal. Acho lamentável que o maior clube do Brasil tenha seu presidente eleito por cerca de 1 mil votos. Precisamos ampliar o quadro social, dando voz e voto a quem quer apenas ser sócio sem frequentar a sede, pagando preços acessíveis. Precisamos do voto a distância, de um clube com mais diversidade e mais inclusivo. Precisamos preservar a matriz popular do Flamengo, honrar a memória dos Garotos do Ninho, investigando os fatos e responsabilizando culpados. Precisamos de um Flamengo que não olhe só para o quarteirão da sua sede, mas que seja capaz de dialogar e acolher sua Nação".